Luislinda Valois, negra, mulher e tucana.

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Luislinda Valois deveria ter sido demitida do cargo de ministra dos Direitos Humanos em fevereiro, quando se soube que ela anexara à sua biografia o título de “embaixadora da paz da ONU”, e o Palácio do Planalto engolira a lorota. O título não existe. Nessa linha, Dilma Rousseff, com seu doutorado da Unicamp, teria ido para casa anos antes.

A repórter Naira Trindade revelou que a senhora Valois requereu o direito de acumular sua aposentadoria de desembargadora com o salário de ministra, argumentando que sua situação “sem sombra de dúvida, se assemelha ao trabalho escravo”. Faturaria R$ 61,4 mil mensais.

A doutora deveria ter sido demitida mesmo antes de anunciar que desistira do pleito. Ela continuará ministra numa equipe onde já esteve Geddel Vieira Lima e estão Moreira Franco e Eliseu Padilha. Negra, mulher, tucana, Valois foi colocada lá porque é negra, mulher e tucana. Seu pleito ajudou a mostrar a empulhação que há nas nomeações de mulheres por serem mulheres e nas de negros por serem negros. (O fato de ela ser tucana é irrelevante, pois não se sabe o que é isso.)

SINAIS PARTICULARES. Ministra Luislinda Valois, dos Direitos Humanos

A doutora deveria ser demitida pela péssima qualidade de sua argumentação, mas ela tem direito a acumular a aposentadoria com o salário. Há hipocrisia na barulhenta condenação da ministra. O que ela queria é feio, mas é legal. Como desembargadora aposentada pelo Tribunal de Justiça da Bahia, ela faz parte de uma casta intocada pela onda moralizante da Lava-Jato.

As acumulações são legais, já os penduricalhos pecuniários que enfeitam as togas são constitucionalmente discutíveis. A ministra Cármen Lúcia, presidente do Supremo Tribunal Federal, nunca tomou providência para reprimir essa situação que condena em manifestações literárias. Em São Paulo, há casos de desembargadores que já receberam mais de R$ 100 mil mensais. Em março passado, de cada dez magistrados paulistas, sete haviam recebido contracheques com quantias superiores ao teto constitucional de R$ 33,7 mil.

Artigo publicado dia 05/11/2017 no jornal Folha de São Paulo – disponível na internet 06/11/2017 

Nota: O presente artigo não traduz necessariamente a opinião do ASMETRO-SN. Sua publicação tem o propósito de estimular o debate dos problemas brasileiros e de refletir as diversas tendências do pensamento contemporâneo.

 

1 Comentário

  1. é legal, é amoral, é nojento, e mais que tudo é assistir um povo irreconhecível, abaixar a cabeça, dizer amém e se preocupar com o novo assunto vindo do Planalto, fazendo a acomodada massa brasileira pouco se ater a qualquer notícia de desmando, salvo quando se repetem – ainda assim só enquanto são aparente “novidade”
    O brasil não muda porque nós, os brasileiros não mudamos. Não queremos “esquentar a cabeça”; tá de saco cheio, afinal eles continuam aprontando. Caramba, nossa arma é o voto. Ok que a dita cuja mulher, negra e tucana nada tem a ver com nosso voto mas quem a colocou lá sim. Acoordaaa. Podem escrever esse acorda em todas as redes sociais que infelizmente, ainda assim, no próximo 2018, basta que um deles ou novos que seja, apresentem um fictício plano de melhoria para uma pequena rua ou mesmo uma cesta básica (ainda mais agora com a crise) ou faça cara de santinho ou ainda que seja bunitin e bumm, é eleito.
    Não queremos pensar, esquentar a mufa, analisar mesmo sob o risco de errar, para votar o mais consciente possível. Mulher, negra e tucana? Nós indiretamente a colocamos lá, assim como aos que colocamos diretamente e nada, nadica de nada fazemos, nem uma reaçãozinha.
    Eu? Não sei se sei votar mas que tento aprender, tento só que sinceramente? não fosse o engodo que são o voto em branco e o nulo, eu nunca mais colocaria os pés em zona eleitoral nenhuma

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