Faltou trabalho para 26,5 milhões de brasileiros em 2017, diz IBGE

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Faltou trabalho para cerca de, 26,5 milhões de brasileiros no ano passado, segundo dados divulgados nesta sexta-feira pelo IBGE. O número é a soma de desempregados, pessoas que gostariam de trabalhar mais e aqueles que até queriam uma vaga, mas não procuravam — que formam a chamada subutilização da força de trabalho. O dado faz parte da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua Trimestral, que detalha as informações sobre o mercado de trabalho Em janeiro, versão resumida do mesmo levantamento já havia mostrado que o Brasil fechou o ano passado com desemprego médio de 12,7%, recorde histórico.

No ano passado, segundo o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), o saldo de vagas com carteira assinada ficou negativo em 20 mil.

O Rio de Janeiro tem a quarta maior taxa de desocupados entre os estados com 15,1% da população desempregada.

A maior taxa foi de Amapá com 18,8%, seguido de Pernambuco que ficou em 16,8%. E as menores eram de Santa Catarina com 6,3% e Mato Grosso do Sul e Mato Grosso ambos com 7,3%.

Apesar de ter a taxa mais baixa de desocupação ao longo da série da pesquisa, Santa Catarina apresentou o maior crescimento da taxa de variação entre 2014 e 2017 com 153,6%. Rio de Janeiro teve uma variação de 140,3% no período.

As regiões Norte, Nordeste e Sudeste tiveram uma redução de, em média, um ponto percentual em relação ao terceiro trimestre. O Nordeste ficou com a maior taxa de desocupação com 13,8%, seguido de Sudeste com 12,6% e Norte, 11,3%. As menores taxas ficaram no Sul, 7,7% e Centro-Oeste com 9,4%.

Crédito: Marcelo Correa /O Globo – disponível na internet 24/0/2018

Luiza Napoleão Rezende de Faria, desempregada. Foto Custodio Coimbra – Custódio Coimbra / Agência O Globo

ANÁLISE: Muito mais do que os 12,3 milhões de desempregados. Números do IBGE mostram retrato mais completo da crise

A taxa de desemprego recorde de 11,8% do fim do ano passado esconde números muito mais perversos. Além do contingente de 12,3 milhões de desempregados, há outros 14 milhões que trabalham menos do que gostariam. São, ao todo, 26,4 milhões de brasileiros que não conseguem ser aproveitados pelo mercado de trabalho.

E, pela primeira vez, o IBGE mediu o tamanho do desalento: 4,3 milhões de brasileiros simplesmente desistiram. Nem tentam procurar emprego. Ou porque já estavam buscando há muito tempo, sem sucesso. Ou porque são jovens demais, idosos demais ou moram longe demais e sabem que o empregador, com tanta gente concorrendo em condições mais vantajosas, dificilmente lhes dará uma chance.

O desemprego, todos os analistas não cansam de repetir, é o último indicador a reagir quando a economia volta a crescer. Na semana que vem, o IBGE divulgará o resultado do PIB em 2017, e a estimativa é de alta perto de 1%. E, mesmo quando o emprego volta a crescer, muitos dos que deixaram o mercado simplesmente não voltam. As primeiras vagas se abrem para quem é mais “competitivo”: está mais instruído, está disposto a receber menos, tem a idade certa, mora perto do trabalho.

Quanto mais longa uma crise — e a recessão brasileira durou 11 trimestres — mais difícil fica a reinserção de quem perdeu o emprego.

Outra pesquisa do IBGE, também divulgada nesta sexta-feira, reflete os efeitos dramáticos do desemprego. A inflação medida pelo IPCA-15 subiu só 0,38% em fevereiro — no menor resultado para o mês em 18 anos. Todas as famílias sabem: fevereiro é o mês das mensalidades escolares pesarem, e muito, no bolso. Mas, em 2018, pela primeira vez em sete anos, o reajuste das mensalidades ficou abaixo de 6%.

Ou seja, até a educação, que está entre as prioridades das famílias, sofreu com o aperto no orçamento. Muitos trocaram a escola particular pela pública. Ou o colégio caro pelo barato. E as instituições não tiveram outra opção a não ser segurar os reajustes.

O alento é que a educação é um dos itens centrais dos preços dos serviços, que tradicionalmente sobem acima da média da inflação. Este ano, porém, a previsão é que os serviços tenham alta menor, facilitando a manutenção de um patamar de juros baixos pelo Banco Central, o que trará alívio para o orçamento das famílias e, consequentemente, abrirá espaço para o consumo — mantendo, assim, a engrenagem do crescimento econômico que finalmente voltou a funcionar.

Crédito: Luciana Rodrigues /O Globo – disponível na internet 24/0/2018

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