Inmetro: Com 2,5 milhões de m², área abrigará testes para tecnologias com cidades inteligentes.

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Empresas, entidades e governos se reunirão no início de setembro, em São Paulo, para discutir como os municípios brasileiros, sejam eles grandes ou pequenos, podem usar a tecnologia para ganhar eficiência e se tornar cidades inteligentes. Trata-se da quarta edição do congresso Connected Smart Cities, organizado pela Sator, empresa voltada à criação de plataformas de negócio. No evento, que conta com cerca de 90 painéis, Inmetro (Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia) e ABDI (Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial) vão apresentar detalhes de um projeto inédito no país: a construção do Ambiente de Demonstração de Tecnologias para Cidades Inteligentes.
A iniciativa vai funcionar no campus do Inmetro em Xerém (RJ) – uma área de 2,5 milhões de m², onde já funciona uma série de laboratórios para testes. Líder do projeto na ABDI, Carlos Frees contou para o Caminhos do Futuro o que motivou o governo a desenvolver essa proposta, de que forma ela está sendo estrutura e quais seus objetivos.

 

CAMINHOS PARA O FUTURO: Como esse projeto nasceu?
Carlos Frees: Ele surgiu a partir de uma reunião entre os presidentes da ABDI e do Inmetro, quando se discutiu como as duas agências poderiam trabalhar em conjunto para resolver a percepção do mercado acerca desse tema. O mercado brasileiro estava sendo pouco utilizado, e a qualidade técnica do que era oferecido não estava sendo avaliada. Vimos que as novas tecnologias chegavam aqui quando os prefeitos eram convidados para conhecer iniciativas fora do país e decidiam testá-las em seus municípios – eles não tinham conhecimento de nada que estava sendo desenvolvido aqui no Brasil. Então fizemos um levantamento e chegamos a 135 empresas que ofereciam soluções tecnológicas para cidades inteligentes no país. Um grupo formado por pequenas, médias e grandes empresas.

CPOF: Qual foi o passo seguinte?
Frees: Montamos um projeto para propor a validação da qualidade técnica dessas tecnologias – não com o intuito de penalizá-las, mas para ajuda-las a ter competitividade frente a outras opções nacionais e estrangeiras. Então estruturamos um modelo de validação, em que identificamos dez cenários possíveis (por exemplo, um município que deseje adotar a solução em um bairro ou um projeto de parceria público privada) e 35 modelos de soluções técnicas (drones, bueiros inteligentes etc.). Definidos os cenários e as soluções possíveis, identificamos que empresas teriam condições de atender essas demandas.

CPOF: Que critérios orientam essa avaliação das soluções tecnológicas?
Frees: São três. Um deles, a qualidade técnica. Precisamos saber: essa solução tem durabilidade, resistente a interferências naturais, como uma tempestade? Outro critério é a capacidade de essa solução conversar com outras. Percebemos que, muitas vezes, o município adquiria tecnologias que não se integravam… Por fim, tem o critério da cibersegurança. Isso é muito importante porque os riscos nessa área têm consequências enormes. É preciso que a solução seja resiliente a ataques cibernéticos e que, uma vez atacada, seja capaz de identifica-lo e de evitar que se propague para outras áreas. Com isso em mente, criamos um projeto executivo que traz por trás todos esses conceitos.

CPOF: Em que etapa esse projeto está hoje?
Frees: Estamos trabalhando na definição da tecnologia pré-operacional, que envolve estrutura de telecomunicações, data center, fibra ótica, a construção de um show room onde essas soluções poderão ser apresentadas aos prefeitos etc. Isso que estamos fazendo já é um conhecimento que vamos repassar aos municípios quando ele for se tornar uma cidade inteligente. É preciso um projeto arquitetônico, por exemplo, para definir onde os sensores serão instalados, onde os drones poderão ser recarregados, onde devem estar as paradas de ônibus com teto solar e assim por diante… Os processos licitatórios estão sendo elaborados e, a partir do momento em que essa parte pré-operacional estiver pronta, poderemos começar a testar as tecnologias inscritas. Se não houver contratempos, numa perspectiva otimista, talvez isso ocorra a partir do primeiro trimestre de 2019.

CPOF: Será proposto algum certificado, ou selo, para as tecnologias aprovadas?
Frees: A necessidade de ter ou não uma certificação vai ser definida no futuro. Por enquanto, o que a gente vai dizer é: essa tecnologia está preparada e você pode adquiri-la porque ela é confiável. As análises que faremos mostrarão se há alguma solução específica que precisa ter um selo de qualidade tecnológica.

CPOF: As empresas ou municípios terão de pagar para a realização desses testes?
Frees: Nessa primeira fase, ao longo dos dois primeiros anos, não. Vamos fazer uma chamada aberta a todas as empresas que queiram testar sua soluções numa área – por exemplo, iluminação inteligente. E, se uma prefeitura quiser que a gente avalie uma tecnologia específica, também podemos fazer. A gente sabe que tem um custo operacional envolvido nesses testes, mas ainda não dá para mensurar isso. Vamos analisar esse custo ao longo dos dois primeiros anos e, a partir daí, rediscutir quem vai pagar por ele. Para implantar esse projeto, estão sendo investidos R$ 13 milhões. Mas é um custo ínfimo perto dos resultados que pode trazer para o país, pois são soluções que podem tornar a gestão dos municípios mais eficientes e transparentes, permitindo que a população se engaje mais nas questões que afetam o dia a dia da cidade.

Serão de mais 2 milhões de metros quadrados, no Rio de Janeiro (Foto: Divulgação)
Serão de mais 2 milhões de metros quadrados, no Rio de Janeiro (Foto: Divulgação)

Crédito: G.LAB PARA GE/Revista Época Negócios – disponível na internet 17/08/2018

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