Hugo Motta (PMDB-PB), um deputado com a família em apuros.

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 A avó Francisca foi afastada do cargo de prefeita de Patos. A mãe Ilana e o padrasto René Caroca foram presos por suspeita de corrupção. E o pai Nabor teve a candidatura a prefeito da cidade impugnada por improbidade administrativa.

O deputado Hugo Motta (PMDB-PB) ficou nacionalmente conhecido quando foi nomeado pelo ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha (PMDB-RJ) para presidir a CPI da Petrobras. Ganhou o cargo por ser amigo de Cunha, que sonhava com proteção. Com apenas 27 anos e sem qualquer relevância política entre os pares, o parlamentar está no segundo mandato e é o rebento de uma família que, desde a década de 1950, detém o poder no sertão paraibano, principalmente em Patos.

Motta acordou nesta sexta-feira (09) com a família em apuros: a avó Francisca foi destituída do cargo de prefeita de Patos por suspeita de corrupção. A mãe, Ilana, está presa porque a polícia apontou indícios de participação em corrupção. Ela é filha de Francisca e exerce o cargo de chefe de gabinete da prefeitura, o que aponta para caso de nepotismo. As duas foram alcançadas pela Operação Veiculação, deflagrada hoje pela Polícia Federal com o apoio da Procuradoria-Geral da República e da Controladoria Geral da União (CGU) para apurar desvio que ultrapassa R$ 11 milhões em contratos para locação de veículos e execução dos programas de transporte escolar, Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação de Base (Fundeb), Pró-Jovem Trabalhador e na área de saúde.

Hugo Motta também precisa de ajuda para tentar tirar da cadeia o padrasto, René Trigueiro Caroca, prefeito de São José de Espinharas, casado com sua mãe Ilana. O casal, que domina as duas cidades, foi preso na Operação Veiculação por desvio de verba federal repassada aos municípios pobres para atendimento de estudantes e doentes.

O pai de Hugo Motta, o deputado estadual Nabor Wanderley (PMDB), também vai precisar de socorro. Ex-prefeito de Patos por dois mandatos, entre 2005 e 2012, ele quer concorrer novamente ao cargo em outubro, mas nesta quinta-feira (8) teve a candidatura impugnada pelo Tribunal Regional Eleitoral da Paraíba. A Justiça alegou que Nabor teve as contas da sua gestão rejeitadas pelo Tribunal de Contas dos Municípios paraibanos e, por isso, está inelegível com base na Lei da Ficha Limpa. Cabe recurso da decisão do TRE-PB, mas compromete a candidatura de Nabor, que fica proibido de fazer campanha enquanto o caso não for resolvido pelo TSE.

Dinastia

A família de Hugo Motta manda em Patos desde a década de 1950. Nabor Walderley, seu avô paterno, foi prefeito da cidade entre 1955 e 1959. O pai, Nabor Filho, exerceu o mesmo cargo entre 2005 e 2012.  A avó Francisca, agora afastada do posto, está no atual mandato desde 2012, mas já tinha sido vice-prefeita em 1992 e prefeita em 1993 e 1996. A matriarca também foi duas vezes deputada estadual com sua base eleitoral sempre em Patos. O tio avô de Hugo, Edmilson Fernandes Motta, dirigiu a prefeitura entre 1977 e 1983.

O dilema de Hugo Motta vai aumentar na próxima segunda-feira (12). Além de tentar livrar os parentes das garras da Justiça, ele ainda não confirmou presença na sessão da Câmara marcada para votar o pedido de cassação do ex-presidente da Casa Eduardo Cunha (PMDB-RJ), seu amigo, e terá que explicar a ausência ao eleitor paraibano.

Crédito: Matéria publicada dia 10/09/2016 na página do Congresso em Foco – disponível na web 12/09/2016

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