Quando a máscara cai…

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O que ela revela? Qual a verdadeira face?

Gosto de falar de máscaras. Todos usamos. Tem gente que se diz sempre verdadeiro. Até faz disso uma espécie de marketing. Às vezes, é chato pra caramba, insuportável… e se justifica como “autêntico”. Bobagem. Até essa suposta autenticidade é uma identidade construída, uma máscara – que pode esconder alguém inseguro, frágil, medroso.

Entretanto, embora as máscaras sejam necessárias para mantermos os relacionamentos, algumas pessoas não apenas as usam para manter o convívio social. Usam-nas para sobreviverem. Mentem. Quando a máscara cai, revela-se o caráter. Ou a falta dele.

Muita gente, quando perde a máscara, simplesmente desintegra. Durante tanto tempo viveu uma farsa. Sem proteção, perde o rumo. E quem está por perto não apenas decepciona-se, surpreende-se. Sem contar as dores, mágoas e frustrações.

As mesmas máscaras que mantêm a socialidade, também podem esconder uma vida paralela, as ações escusas, os atos ilícitos. Nos relacionamentos, quando esse tipo de máscara está presente, geralmente o estrago é grande. Nem sempre sobra alguma coisa pra reconstruir, pra recomeçar.

Na obra “Retrato de Dorian Gray”, Oscar Wilde não fala de uma máscara. Mas conta a história de um rapaz que ganha um retrato, uma pintura belíssima. O trabalho fica tão perfeito que o rapaz reclama que o quadro nunca envelhecerá. E deseja que a situação fosse inversa: ele permanecesse jovem, não a pintura.

No romance, a vontade se materializa. O tempo passa e Dorian não envelhece. Nem seus comportamentos mentirosos, criminosos se traduzem em marcas em seu rosto. Ele segue jovem, dono de um ar leve, de certa forma… inocente. Porém, enquanto isso, o quadro envelhece, o quadro mostra amargura, o quadro revela toda a maldade de sua alma. Por isso, ele o esconde.

Na vida, não temos um quadro que revela nossas mentiras. Elas estão conosco. Alguns mais, outros menos, conseguem se esconder. Recorrem às máscaras. O problema é que, semelhante ao quadro de Dorian que acabou por ser descoberto e todos os crimes revelados, nossas máscara pode cair. Quando isso ocorre, o que ela revela?

Artigo escrito por Ronaldo Nezo que é jornalista, especialista em psicopedagogia, professor em Maringá/Paraná.

Crédito: Artigo publicado dia 02/12/2012 no Blog do Ronaldo  – disponível na web 18/01/2017  

Nota: O presente artigo não traduz a opinião do ASMETRO-SN. Sua publicação tem o propósito de estimular o debate dos problemas brasileiros e de refletir as diversas tendências do pensamento contemporâneo. 

 

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