Governo: Ministério dos interinos

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Candidatos às eleições de outubro serão substituídos por técnicos ou políticos de pouca expressão

O calendário eleitoral de 2018 já está correndo e o prazo de desincompatibilização determina que membros do Executivo que vão disputar as eleições deixem os cargos até 7 de abril. Diante dessa exigência, o presidente Michel Temer será obrigado a fazer um difícil rearranjo em seu governo. A expectativa é que a Esplanada dos Ministérios seja ocupada em sua maioria por ministros interinos ou políticos de pouca expressão. Hoje, já são quatro os interinos nos ministérios do Trabalho, da Indústria, Comércio Exterior, de Direitos Humanos e da Defesa, sendo que, neste último, o presidente Michel Temer pretende nos próximos dias empossar um civil, em função das críticas que recebeu pelo fato de um militar comandar as Forças Armadas.

Dos 29 ministros, pelo menos 11 deverão deixar os cargos para concorrer à Câmara dos Deputados, ao Senado e governos estaduais. Isso, sem contar com o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, que tenta se lançar à Presidência da República com apoio do Palácio do Planalto. Dos ministros políticos, apenas três se propuseram a abrir mão da campanha eleitoral para caminhar com Temer até o fim de seu mandato. São eles, Raul Jungmann (PPS-PE), do Ministério Extraordinário da Segurança Pública, que esta semana anunciou que irá deixar a vida pública, Blairo Maggi (PP-MT), da Agricultura, e o ministro-chefe da Secretaria de Governo, Carlos Marun (PMDB-MS), que se colocou à disposição do governo, caso essa seja a vontade de Temer.

A maioria deles deve tentar renovar seus mandatos na Câmara
A maioria deles deve tentar renovar seus mandatos na Câmara

Não só a dificuldade em encontrar nomes de peso para compor a Esplanada em um momento de campanha e fim de governo pode complicar a vida do Planalto. Em muitas pastas, os atuais chefes pretendem deixar seus secretários executivos ou fazer sucessores de confiança para que a agenda de ações em andamento seja mantida e, com isso, garantir a influência política na máquina e a cota dos partidos da base aliada de Temer na Esplanada. A pretensão da maioria é inclusive ficar à frente da pasta até a data limite permitida pela legislação eleitoral para aproveitar as entregas e inaugurações de ações.

Na lista de ministros políticos que devem deixar o cargo estão Ricardo Barros (PP-PR), da Saúde; Mendonça Filho (DEM-PE), da Educação; Osmar Terra (MDB-RS), do Desenvolvimento Social; Fernando Coelho Filho (PSB-PE), de Minas e Energia,; Leonardo Picciani (MDB-RJ), do Esporte; Alexandre Baldy (sem partido-GO), das Cidades; Aloysio Nunes Ferreira (PSDB-SP), de Relações Exteriores; Helder Barbalho (MDB-PA), da Integração Nacional; Maurício Quintella (PR-AL), dos Transportes, Portos e Aviação Civil; e Gilberto Kassab, da Ciência e Tecnologia. A maioria deles deve tentar renovar seus mandatos na Câmara. O filho do senador Jader Barbalho (MDB-PA) vai concorrer ao governo de seu estado e já desponta em primeiro lugar nas pesquisas. Kassab, por sua vez, negocia a posição de vice na chapa de Geraldo Alckmin.

O presidente ainda pretende conversar separadamente com cada um desses ministros e a previsão do Planalto é que, em um primeiro momento, a substituição interina pelos secretários executivos seja automática. As avaliações serão caso a caso. O certo é que cada um quer preservar seus projetos e dar continuidade ao que foi colocado em prática. Nas últimas semanas, inclusive, tem havido uma troca de figurinhas entre os ministros em relação a suas agendas de viagens. Basta consultar as agendas para verificar a intensidades das entregas.

Um exemplo disso é o Ministério da Integração, que conta com uma forte agenda na área da Defesa Civil, tanto para socorrer as áreas alagadas em função das fortes chuvas, quanto nas regiões áridas, onde a seca é persistente e a necessidade abastecimento de água é urgente. Mesmo que os substitutos sejam técnicos e anônimos para a grande maioria da população, é imperativo para o Planalto que todos estejam afinados com o programa e os interesses do governo. E a ordem de Michel Temer é que os novos ocupantes da Esplanadas estejam dedicados a fazer a defesa de seu legado, assim como os ministros candidatos farão durante a campanha eleitoral. Como é o presidente quem dá as cartas das nomeações, as escolhas dos substitutos ficarão a cargo de Temer, que deverá dedicar uma grande parte de sua agenda nos próximos meses a acertar como ficará cada um de seus ministérios.

 Crédito: Kátia Guimarães/JB Online – disponível na internet 05/03/2018

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