Cgcre: Três laboratórios têm selo Inmetro cancelado após descobertas da Operação Trapaça

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O Inmetro cancelou sua validação da ISO/IEC 17025 – que atesta qualidade técnica de resultados laboratoriais – de três unidades do grupo Mérieux, no Brasil, prestadoras de serviço para a BRF. A sanção executada na última semana foi consequência das descobertas da Polícia Federal na Operação Trapaça – terceira fase da Carne Fraca, de 2017 – que apurou fraudes na produção e burla às regras do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento.

Em três ofícios enviados ao gerente da Bioagri Ambiental Ltda., da Mérieux Nutriscience Corporation, o Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia informa a suspensão por três anos da “acreditação” das ISOs dessas três unidades, após conclusões de processos administrativos abertos no final de 2018, sobre as fraudes apontadas pela PF e pelo Ministério da Agricultura em testes de salmonella.

 

Os documentos informam que o exposto a partir da Operação Trapaça “compromete a confiança nos resultados de ensaios, ocasionando a perda da credibilidade da atividade de acreditação com prejuízos aos usuários dos serviços acreditados”. E que “pelo fato de que não foram acatadas pela Cgcre/Inmetro as considerações apresentadas, foram canceladas as acreditações” do laboratório a partir do último dia 7.

“Ressaltamos que com o cancelamento da acreditação, o laboratório Bioagri Analises de Alimentos Ltda. (CRL 0376 / CRL 0570 / CRL 0587) fica proibido de realizar serviços na condição de acreditado, assim como não pode utilizar o Símbolo de Acreditação nem fazer menção a acreditação nem ao Inmetro e deve também cessar imediatamente qualquer propaganda relacionada a acreditação em meio físico ou internet.”

Trapaça. Em relatório final do inquérito da Trapaça, a PF aponta um “cenário delituoso” e a comprovação por técnicos do Ministério da Agricultura de “não conformidades” que “configuram fraude na realização de ensaios laboratoriais, visando a produção artificial e sistemática de resultados negativos para o parâmetro Salmonella”.

PF indiciou em outubro de 2018 os alvos da Trapaça. Foram 43 indiciados, entre eles o empresário Abílio Diniz.

O Ministério da Agricultura colaborou com a PF e cedeu servidores especializados para analisar os dados técnicos descobertos nos laboratórios usados pela BRF. O Inmetro destacou trechos do material produzido pela PF e por auditores fiscais agropecuários federais do Ministério da Agricultura, que tratam da suposta “existência de fraude operada por funcionários do Grupo Mérieux, com a finalidade de alterar substancialmente os resultados de análises microbiológicas, quando positivados para a presença de patógenos”.

Um deles é o do Laudo n.º 1634/2018 INC/DITEC/PF. “A realidade detectada nos registros dos laboratórios do grupo Mérieux investigados é totalmente diferente do esperado, uma vez que a taxa de falso-positivos é sistematicamente muito elevada.”

A Mérieux, controlada pela francesa Institut Mérieux, foi alvo da Trapaça. Em outra ocasião, informou que os “sistemas internos de rastreabilidade” indicaram que “não há evidências que suportem declaração de alta incidência de falsos positivos em testes de Salmonella” nos laboratórios de alimentos no Brasil.

A BRF, maior exportadora de frango do mundo e dona das marcas Sadia e Perdigão, tem negociado um acordo com os investigadores. O novo presidente do grupo, Pedro Parente, tenta recuperar a imagem da empresa e reorganizar procedimentos internos. A defesa da BRF tem mantido contato com Ministério Público Federal e Procuradoria-Geral da República, além do Ministério de Transparência e Advocacia-Geral da Unida (AGU).

Crédito: Ricardo Brandt, Fausto Macedo e Luiz Vassallo/O Estado de São Paulo – disponível na internet 17/01/2019

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