Renda da classe alta brasiliense é 6 vezes maior que a de famílias carentes

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A renda domiciliar per capita da classe alta brasiliense é pouco mais de seis vezes superior a de famílias mais carentes. Nas cidades mais ricas, 40,3% das crianças de até 3 anos têm acesso à educação, enquanto nas mais pobres, mais de 83% estão fora de creches

A desigualdade de renda na capital federal, medida pelo Índice de Gini, cresceu em 2017 e 2018 em comparação ao biênio anterior (2015-2016), conforme mostra a Pesquisa Distrital por Amostra de Domicílios (PDAD). O índice subiu de 0,53 para 0,58. Ele vai de 0 a 1, sendo 1 de diferença máxima e 0, mínima.

O estudo, divulgado ontem pela Companhia de Planejamento (Codeplan), indica que a renda familiar per capita da classe alta brasiliense é pouco mais de seis vezes superior a de componentes do círculo mais carente. O primeiro grupo tem um faturamento médio de R$ 15.662 e o segundo, de R$ 2.463.

O abismo social deve-se a um círculo vicioso, que começa na infância. Nas cidades de alta renda — Plano Piloto, Jardim Botânico, Lagos Norte e Sul, Park Way, Sudoeste e Octogonal —, 40,3% das crianças de até 3 anos têm acesso à educação. Na contramão, mais de 83% daquelas que vivem em regiões com baixos rendimentos — Fercal, Itapoã, Paranoá, Recanto das Emas, SCIA-Estrutural e Varjão — não ingressaram em creches. “Isso mostra a falta de vagas e estrutura para a população que não tem condições de pagar uma mensalidade”, comentou o presidente da Codeplan, Jean Lima.

A rede pública atende à 15.827 crianças de até 3 anos. De acordo com a Secretaria de Educação, cerca de 23 mil estão à espera de uma vaga, sem previsão de atendimento. “Hoje, há 52 Centros de Ensino de Primeira Infância (CEPIs) e mais 60 instituições conveniadas. Outros quatro CEPIs estão em construção no Distrito Federal — dois em Samambaia, um na Ceilândia e um no Lago Norte”, descreve a pasta, por meio de nota oficial. Ela projeta a abertura de 19 mil vagas até o fim de 2022.

Estudo 

A discrepância persiste em outros graus de ensino. Enquanto, na classe alta, 76,8% das pessoas com mais de 25 anos têm curso superior completo, nas regiões administrativas mais pobres, o percentual cai para 9,9%. Nos locais carentes, a maioria da população, cerca de 33,9%, detêm apenas ensino fundamental incompleto.

O nível de acesso à educação reflete-se na remuneração. Enquanto no Lago Sul 30,8% dos moradores recebem salário bruto entre R$ 4.470 e R$ 9.540, na Estrutural, cerca de 54,8% dos trabalhadores ganham de R$ 954 a R$ 1.908. Quanto ao rendimento domiciliar mensal, 29,7% dos residentes do Plano Piloto contam com a renda familiar de mais de 20 salários mínimos, equivalente a R$ 19.080. No Varjão, 40,7% das famílias da cidade dispõem do faturamento de R$ 1.908 a R$ 4.470.

O PDAD mostrou, ainda, uma baixa de quase R$ 200 na renda domiciliar dos brasilienses. O estudo relativo aos anos de 2015-2016 indicou o faturamento de R$ 6.441. No último biênio, o valor caiu para R$ 6.244. “Conforme constatamos, também com a Pesquisa de Emprego e Desemprego (PED), a situação deve-se ao decréscimo da renda do chefe ou da chefe do domicílio, que impacta o rendimento geral da residência”, explicou Jean Lima. Ao mesmo tempo, a renda média do trabalho principal de cada pessoa teve um leve crescimento — subiu de R$ 3.388 para 3.465.


Diferenças

A PDAD dividiu os 2.904.030 moradores da área urbana do DF em quatro grupos:

Alta Renda
População: 401.508
Média de idade: 38,7
Renda Média Domiciliar: R$ 15.662
Cidades: Plano Piloto, Jardim Botânico, Lago Norte, Lago Sul, Park Way, Sudoeste / Octogonal

Média-Alta Renda
População: 922.213
Média de idade: 34,5
Renda Média Domiciliar: R$ 7.299
Cidades: Águas Claras, Candangolândia, Cruzeiro, Gama, Guará, Núcleo Bandeirante, Sobradinho, Sobradinho II, Taguatinga, Vicente Pires

Média-Baixa Renda
População: 1.263.766
Média de idade: 31
Renda Média Domiciliar: R$ 3.087
Cidades: Brazlândia, Ceilândia, Planaltina, Riacho Fundo, Riacho Fundo II, SIA, Samambaia, Santa Maria, São Sebastião

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Baixa Renda
População: 307.466
Média de idade: 29,01
Renda Média 
Domiciliar: R$ 2.463
Cidades: Fercal, Itapoã, 
Paranoá, Recanto das Emas, SCIA–Estrutural, Varjão

 
Crédito:  Ana Viriato/Correio Braziliense – disponível na internet 21/03/2019

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