O deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL) será indicado para ser embaixador do Brasil nos EUA

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Aceito a missão dada por meu pai, diz Eduardo Bolsonaro sobre embaixada nos EUA

O deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL) disse no começo da noite desta quinta-feira (11) que aceitará a indicação de seu pai, o presidente da República Jair Bolsonaro, para ser o embaixador brasileiro em Washington, nos Estados Unidos.

Mais cedo, o presidente disse que seu filho será o embaixador na capital americana, caso tenha interesse no cargo.

Caso a nomeação se confirme, Eduardo Bolsonaro terá de renunciar ao mandato de deputado federal.

Ele foi eleito para seu segundo mandato na Câmara nas eleições do ano passado – teve 1,8 milhão de votos em São Paulo. O parlamentar disse estar disposto a renunciar para cumprir “a missão” dada pelo pai.

“Se for da vontade do presidente, ele realmente, de maneira oficial, me entregar essa missão, eu aceitaria”, disse Eduardo em uma entrevista a jornalistas no escritório da Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional (CREDN) da Câmara. Eduardo é o atual presidente da Comissão.

“Se o presidente Jair Bolsonaro me confiar esta missão, eu estaria disposto a renunciar ao mandato”, disse ele.

Na entrevista, Eduardo Bolsonaro disse várias vezes que a indicação ainda depende de uma conversa formal dele com o presidente da República e com o ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo.

Se for realmente indicado, o parlamentar também precisará passar por uma sabatina no Senado.

Eduardo Bolsonaro e Jair Bolsonaro
O presidente Jair Bolsonaro afirmou que escolheu o filho Eduardo para o cargo de embaixador do Brasil nos Estados Unidos. Direito de imagem EPA/JOEDSON ALVES

Na diplomacia, é incomum que um novo embaixador seja anunciado antes que o governo do país onde ele trabalhará concorde com a nomeação. Essa aceitação do país estrangeiro é chamada no jargão da diplomacia de “agrément” (pronuncia-se “agremã”). Eduardo confirmou que o governo dos EUA ainda não foi consultado.

“Não, o governo dos Estados Unidos ainda não foi comunicado. Por isso que a gente está falando aqui na esfera da cogitação. Eu sei da agrément, é uma necessidade. E ainda tem a sabatina (no Senado)”, disse ele.

No começo da noite desta quinta, Jair Bolsonaro comentou o assunto com o ministro Ernesto Araújo, em uma transmissão de vídeo ao vivo no Facebook.

“Tem um papo aí de que o Eduardo Bolsonaro pode ser indicado para ser embaixador nos Estados Unidos, é isso mesmo?”, disse Bolsonaro. “É excelente nome, presidente. Seria ótimo”, diz Ernesto Araújo.

“O meu filho Eduardo, ele fala inglês, fala espanhol, há muito tempo roda o mundo todo. E goza da amizade dos filhos do presidente Donald Trump. Existe a possibilidade, mas depende do garoto. E depende do Senado aprovar também”, disse Bolsonaro.

Indicação no dia seguinte ao aniversário é ‘coincidência’

A indicação informal do presidente da República acontece no dia seguinte ao aniversário de 35 anos de Eduardo Bolsonaro, completos na quarta-feira (10). Ter pelo menos 35 anos de idade é um dos requisitos para ocupar o cargo de embaixador – o outro é ser brasileiro nato.

Jair Bolsonaro
A indicação do presidente Jair Bolsonaro ocorre um dia depois do filho completar 35 anos, idade mínima exigida para o cargo. Direito de imagem AFP/GETTY IMAGES

O cargo de embaixador do Brasil nos EUA está vago desde abril deste ano, quando o ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, removeu o diplomata Sérgio Amaral do posto.

Eduardo Bolsonaro foi irônico ao dizer que a indicação no dia seguinte ao seu aniversário é uma “coincidência”.

“É uma coincidência. Assim como também foi uma coincidência o fato do vereador Carlos Bolsonaro ter 17 anos quando foi eleito vereador no Rio de Janeiro. Completou 18 anos em dezembro, tomou posse em janeiro. Parece que papai do céu fez a gente no ano certinho para completar as idades mínimas no futuro”, disse.

Olavo de Carvalho será ‘conselheiro’

No fim da entrevista, o deputado disse ainda que o professor de filosofia e guru de extrema-direita Olavo de Carvalho será “um conselheiro” caso ele assuma a embaixada. Carvalho vive atualmente em Richmond, no Estado americano da Virgínia – a cidade fica a cerca de duas horas de carro de Washington.

O próprio Olavo chegou a ser cogitado para ser o embaixador do Brasil nos EUA, no começo da gestão de Jair Bolsonaro.

“O Olavo de Carvalho certamente serve como um conselheiro. Eu não tenho um contato diário com ele. Nós não nos falamos por telefone diariamente. Mas certamente é uma referência, uma pessoa pela qual eu tenho carinho, e serve como conselheiro. Independente de estar dentro ou fora do governo, dentro ou fora de uma embaixada”.



Nome de Eduardo Bolsonaro para embaixada em Washington gera perplexidade entre diplomatas

A praticamente definida indicação do deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) para a embaixada do Brasil em Washington pegou de surpresa o Itamaraty, que esperava a indicação do embaixador Nestor Foster, promovido recentemente ao topo da carreira justamente para poder ocupar o cargo, disseram à Reuters fontes internas do órgão.

Foster, amigo pessoal do ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, foi quem aproximou o chanceler do escritor Olavo de Carvalho, guru dos irmãos Bolsonaro, do próprio Araújo e, mesmo à distância, uma das maiores influências no governo.

Apesar dos vários anos de carreira, Foster ainda não havia chegado ao cargo de ministro de primeira classe, necessário para ocupar o cargo de embaixador. Foi promovido no início deste ano para que pudesse ser indicado para o lugar do embaixador aposentado Sérgio Amaral, que ocupava a embaixada nos EUA até abril.

De acordo com uma das fontes ouvidas pela Reuters, Foster —e também o restante do Itamaraty, que dava sua nomeação como certa— estranhava a demora na sua indicação. O Brasil está há três meses sem embaixador em seu principal posto diplomático e, com a promoção do diplomata há quase dois meses, não haveria mais motivo para demora.

Até porque as sabatinas dos indicados para chefes de missão diplomática na Comissão de Relações Exteriores do Senado, passo obrigatório para a nomeação, estão todas andando lentamente. Alguns embaixadores esperam há mais de três meses por suas sabatinas. A demora na indicação poderia levar o Brasil a ficar por meio ano sem o chefe da missão norte-americana.

Na quarta-feira, Eduardo Bolsonaro completou 35 anos, idade mínima para ser indicado embaixador. Em entrevista no início da noite desta quinta, o deputado afirmou que isso era apenas uma coincidência.

Na agenda de Ernesto Araújo para essa sexta-feira, Eduardo é o primeiro nome, às 9h. No final da tarde, o chanceler recebe o senador Nelson Trad (PSD-MS), presidente da CRE no Senado.

No Itamaraty, diplomatas ouvidos pela Reuters se diziam perplexos e vários ainda questionavam se Bolsonaro levaria mesmo adiante a escolha do filho e se o caso não seria enquadrado como nepotismo, dentro da súmula do Supremo Tribunal Federal (STF) que proibiu a prática na administração pública.

A indicação de pessoas de fora da carreira para ocupar embaixadas não é uma novidade. O ex-presidente Itamar Franco foi embaixador em Roma, Lisboa e na representação do Brasil na Organização dos Estados Americanos durante o governo de Fernando Henrique Cardoso. O ex-deputado Paes de Andrade também ocupou o cargo em Lisboa.

O último caso recente foi o do petista Tilden Santiago, nomeado por Luiz Inácio Lula da Silva para Havana. Desde sua exoneração, no final de 2006, os embaixadores tem sido diplomatas de carreira —mesmo que aposentados, como o caso de Sérgio Amaral, em Washington.

Crédito: Lisandra Paraguassu/Reuters Brasil – disponível na internet 12/07/2019

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