Atritos públicos e ideologia marcam demissões no governo Bolsonaro

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Ao acenar com novas mudanças em cargos de comando no governo — a última, na quinta-feira, foi a possível troca do diretor-geral da Polícia Federal —, o presidente Jair Bolsonaro sugere mais capítulos da já extensa série de demissões nos primeiros escalões em oito meses de governo.

Desde janeiro, foram 34 os exonerados, conforme mostrou reportagem do “Estado de S.Paulo”, entre ministros, presidentes e diretores de órgãos federais. A média vem aumentando: o número de demissões já chega a seis em agosto.

Três principais formas de demissão se destacam e englobam quase todos os casos: foram 16 demitidos por interferência direta de Bolsonaro, se sobrepondo ao ministro da área do funcionário exonerado; outros 12 de responsabilidade do ministro do setor; e três que caíram por influência do vereador Carlos Bolsonaro, filho do presidente.

Quando se olham as causas, em 14 casos o motivo alegado passou por atritos de cunho ideológico com o presidente ou com o governo. Em 28 vezes, a queda aconteceu após atritos públicos entre o presidente ou um ministro com o exonerado, sugerindo que seu perfil não condizia com o do governo.

Após a promessa de “despetizar” a administração federal, Bolsonaro também pressionou pela exoneração de funcionários que considera alinhados com seus opositores. Em junho, por exemplo, Joaquim Levy pediu demissão da presidência do BNDES após ser cobrado publicamente por Bolsonaro pela nomeação do executivo Marcos Barbosa Pinto, egresso de governo do PT.

A incompatibilidade de perfis já atingiu até a ala militar. Ao explicar a exoneração do general Juarez de Paula Cunha da presidência dos Correios, Bolsonaro disse que o militar agia “como um sindicalista”. Outro general a deixar o governo foi Franklimberg Ribeiro de Freitas, que presidia a Funai, e saiu reclamando que o secretário especial de Assuntos Fundiários Nabhan Garcia “saliva ódio” contra as populações indígenas.

Demissões no governo

Demitidos após interferência direta de Bolsonaro:

José Paulo Ramos Fachada (Receita), Roberto Leonel (Coaf), Henrique Pires (Cultura), Delano Valentim (Banco do Brasil), Juarez de Paula Cunha (Correios), Joaquim Levy e Marcos Barbosa Pinto (BNDES), Claudio Crespo e José Santana Beviláqua (IBGE), Suely Araujo e José Olimpio Morelli (Ibama), Ricardo Galvão e Maria Inês Fini (Inep), Paulo Roberto Senise e Teté Bezerra (Embratur) Eugenia Gonzaga (Comissão de Mortos e Desaparecidos).

Exonerados por ministros:

Franklimberg Freitas (Funai), Adalberto Eberhard (ICMBio), Alfredo Sirkis (Fórum de Mudanças Climáticas), Marcus Vinicius Rodrigues e Elmer Vicenzi (Inep), Luiz Tozi, Ricardo Vieira e Marcia Amarilio Silva (MEC), M. A. Vieira (Esportes), Mario Vilalva e Marcio Coimbra (APEX) e Sebastião Barbosa (Embrapa)

Influência de Carlos Bolsonaro:

Gustavo Bebianno, Carlos Alberto Santos Cruz e Floriano Barbosa.

Outros:

Velez Rodriguez (Educação), Samantha Ribeiro (Itaipu) e Mariana Ribas (Ancine)

Crédito: Bernardo Mello/ O Globo – disponível na internet 23/08/2019

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