Vacinação contra a Covid-19 no Brasil

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Em cenário otimista, governo avalia ‘dia D’ de vacinação em 23 de janeiro.

Indústria acerta com Saúde produção de 30 milhões de seringas até final do mês.

Ex-presidente da Anvisa: ‘É imoral vacinação antecipada para quem tem dinheiro’

Risco de veto da Índia faz governo acionar Itamaraty para importar vacina de Oxford

Fiocruz ainda vai receber insumos para produzir vacina no Brasil


Em cenário otimista, governo avalia ‘dia D’ de vacinação em 23 de janeiro

O governo passou a avaliar a possibilidade de realizar um “dia D” de vacinação contra a Covid-19 em todo o país em 23 de janeiro.

Segundo relatos feitos à CNN, esse cenário otimista leva em conta a possibilidade de 2 milhões de doses do imunizante desenvolvido pela farmacêutica britânica AstraZeneca em parceria com a Universidade de Oxford chegarem à Fiocruz entre os dias 15 e 20 deste mês. Este primeiro lote viria do Serum Institute, da Índia, responsável pela fabricação do produto.

A CNN apurou que a ideia que vem sendo discutida no Ministério da Saúde é a de começar a vacinação por abrigos de idosos em todo o país no mesmo dia. 

A expectativa do governo é a de também receber os insumos da vacina de Oxford até o dia 15. Assim, a Fiocruz poderia começar a produção no país ainda neste mês.

De acordo com as projeções que têm chegado à Saúde, o laboratório brasileiro tem capacidade para produzir 15 milhões de doses por mês. A ideia é começar com 1 milhão por semana e aumentar gradativamente até atingir o nível máximo de produção.

Nesta segunda-feira (4), a Fiocruz e a Anvisa (Agência Nacional de Saúde) se reuniram para tratar do pedido de uso emergencial da vacina no Brasil.

Durante o encontro, a Fiocruz apresentou dados sobre o imunizante de Oxford, mas a agência disse em nota aguardar informações que mostrem que o produto da Índia é semelhante ao fabricado no Reino Unido. 

“Em termos mais técnicos, o objetivo desta avaliação é garantir a equivalência quanto à resposta da imunogenicidade, ou seja, a habilidade de a vacina ativar resposta ou reação imune, tais como o desenvolvimento de anticorpos específicos, respostas de células T, reações alérgicas ou anafiláticas”, disse a Anvisa.  

Ainda de acordo com a agência, caso haja diferenças entre os produtos do Reino Unido e da Índia, “estudos de comparabilidade devem ser conduzidos” para mostrar que as vacinas são equivalentes. 

Crédito: Thais Arbex/CNN – @internet 05/01/2021


Indústria acerta com Saúde produção de 30 milhões de seringas até final do mês

As três maiores empresas da produção de insumos médicos no Brasil acertaram com o Ministério da Saúde a produção de 30 milhões de seringas até o final de janeiro, para permitir a vacinação contra a Covid-19 no país.

A informação foi confirmada pela Associação Brasileira da Indústria de Artigos e Equipamentos Médicos e Odontológicos (Abimo) à CNN.

Segundo a Abimo, as empresas SR, Injex e BD irão produzir 10 milhões de unidades cada.

O governo federal e os estados vêm enfrentando uma dificuldade crescente para comprar seringas e agulhas, provocando o temor de que o Brasil não pudesse iniciar uma imunização ampla contra a doença do novo coronavírus mesmo quando tiver uma vacina aprovada pela Anvisa.

No dia 31, o Ministério da Economia publicou uma portaria em que proibiu a exportação de seringas e agulhas. Dois dias antes, um pregão aberto pelo governo para comprar os insumos fracassou, com a aquisição de apenas 3% do que o Brasil buscava.

Crédito: Andre Rosa/CNN – @internet 05/01/2021


Ex-presidente da Anvisa: ‘É imoral vacinação antecipada para quem tem dinheiro’

A notícia de que clínicas privadas buscam uma maneira de importar vacinas para serem comercializadas no Brasil iniciou discussão sobre a possibilidade da iniciativa privada em iniciar a vacinação juntamente com o SUS. Em entrevista à CNN, o sanitarista e ex-presidente da Anvisa Gonzalo Vecina classificou a possibilidade como “imoral”.

“Quem deve fornecer é quem tem a vacina e quem tem que garantir que ela chegue ao povo é o estado brasileiro. Se a iniciativa privada quer ajudar o estado, deve fazer isso como subcontratado do estado,” disse Vecina.

“Você não pode querer entregar a vacina para uma fábrica para imunizar seus trabalhadores de forma diferente da população em geral, isso é imoral no meio de uma pandemia. É um risco inaceitável para a população ter uma fila de vacinação antecipada para quem tem dinheiro”.

Risco de veto da Índia faz governo acionar Itamaraty para importar vacina de Oxford

A Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) tenta reverter possível veto do governo indiano para a exportação de vacinas contra a covid-19 desenvolvidas pela farmacêutica AstraZeneca e a Universidade de Oxford. 
O laboratório brasileiro articula a importação de 2 milhões de doses prontas desse produto, fabricado em planta na Índia da AstraZeneca, o que permitiria antecipar para janeiro o calendário de imunização no Brasil.
O plano da Fiocruz é também produzir doses, mas o primeiro lote deve ficar pronto apenas em fevereiro. 

Questionada, a Fiocruz informou que o Ministério das Relações Exteriores “está à frente das negociações relacionadas à importação das doses prontas das vacinas da Índia”. O laboratório brasileiro deve pedir nesta semana o aval para uso emergencial da vacina à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Até o dia 15, o plano é solicitar o registro definitivo.   

A Fiocruz e a agência tiveram reunião nesta segunda-feira, 4, para acertar detalhes sobre esses pedidos. Em nota, a Anvisa disse que ainda aguarda dados que mostrem que o produto indiano é semelhante ao fabricado no Reino Unido e que já teve dados clínicos aprovados. Em termos mais técnicos, o objetivo dessa avaliação é garantir a equivalência quanto à resposta da imunogenicidade, ou seja, a habilidade de a vacina ativar resposta ou reação imune, tais como o desenvolvimento de anticorpos específicos, respostas de células T, reações alérgicas ou anafiláticas”, diz a autoridade regulatória. Se houver diferença entre os produtos, estudos de “comparabilidade” devem ser conduzidos, para mostrar que ambos são ao menos equivalentes. 

Segundo integrantes do governo federal, o veto indiano não deve atrasar a discussão sobre uso emergencial. Parte das autoridades que acompanha o debate afirma acreditar que a liberação das doses deve ocorrer mesmo com um eventual veto indiano, pois as unidades estariam já reservadas para venda ao exterior. 

De acordo com declaração do CEO do Instituto Serum da Índia, que fabrica as doses da AstraZeneca, Adar Poonawalla, no domingo, 3, o país não permitirá a exportação. “Só podemos dar (as vacinas) ao governo da Índia no momento”, disse Poonawalla, acrescentando que a decisão também foi tomada para evitar o encarecimento do imunizante. Como resultado, de acordo com ele, a exportação de vacinas para a Covax (iniciativa da Organização Mundial de Saúde para garantir acesso equitativo aos imunizantes contra a covid-19) deve começar apenas em março ou abril.

Não será a primeira investida diplomática do Brasil para a liberação de produtos contra a covid-19 presos na Índia. Em abril de 2020, o presidente Jair Bolsonaro conversou com o primeiro-ministro Narendra Modi e pediu o desbloqueio da exportação de insumos farmacêuticos para a produção da hidroxicloroquina. Bolsonaro é entusiasta do medicamento, que não tem eficácia comprovada para tratamento da doença.

Crédito: Mateus Vargas/O Estado de S.Paulo – @internet 05/01/2021


Fiocruz ainda vai receber insumos para produzir vacina no Brasil

A importação de 2 milhões de doses prontas da AstraZeneca foi autorizada no dia 31 de dezembro pela Anvisa. Antes, a Fiocruz pretendia apenas receber o insumo farmacêutico neste mês e completar a fabricação das doses no Brasil, que só seriam liberadas em fevereiro, num primeiro lote de 30 milhões de unidades.

Como se trata de importação excepcional, a Anvisa exige que as vacinas fiquem sob a guarda da Fiocruz até que seja dado o registro ou aval de uso emergencial. Trata-se do mesmo processo autorizado ao Instituto Butantã, que afirma ter 10,8 milhões de doses de unidades da Coronavac estocadas, à espera da autorização para o uso.

A compra das doses prontas é a principal aposta do governo para começar a vacinação em 20 de janeiro, ainda que em público restrito. Além disso, a ideia é distribuir outras 210,4 milhões de doses em 2021 com insumo farmacêutico que chegará ao País. Estas unidades serviriam para imunizar mais de 105 milhões de pessoas.

O governo investiu cerca de R$ 2 bilhões para a compra de doses e transferência de tecnologia para a Fiocruz. No plano nacional de imunização, o governo prevê aplicar doses desta vacina em cerca de 50 milhões de brasileiros de grupos prioritários ainda no primeiro semestre.

A falta de transparência sobre os dados da vacina de Oxford e AstraZeneca gerou críticas na comunidade científica. Um erro de dosagem levou a dois resultados de eficácia do produto: 62% quando aplicada em um regime de duas doses completas e 90% com meia dose seguida de outra completa. Há ainda dúvidas sobre os resultados para pessoas acima de 55 anos.

Responsável por coordenar o estudo clínico da vacina no Brasil, a médica Lily Yin Weckx disse ao Estadão que a primeira dose da vacina já mostra eficácia de cerca de 70% contra a doença, mas em intervalo curto. “A gente ainda pode ficar com a média de eficácia de 70%. O estudo continua; teremos um ano de segmento para ver a persistência da proteção, dos anticorpos, de segurança, etc”.

Segundo Lily, “o que é importante é que temos uma vacina segura, eficaz e que pode fazer a diferença na pandemia. Esses número de 60%, 70%, 80% é de proteção contra a doença covid. Mas se considerarmos doenças graves e hospitalização, a vacina foi capaz de evitar quase 100%”. Ela diz que entre as pessoas que foram vacinadas, nenhuma teve uma doença grave ou ficou hospitalizada por covid. Todas as hospitalizações ocorreram no grupo controle.

Crédito: Mateus Vargas/O Estado de S.Paulo – @internet 05/01/2021

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