Fiocruz destaca melhora na ocupação de leitos para Covid-19 em quase todo o país

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Pesquisadores da fundação alertam, no entanto, que o alto índice de casos positivos evidencia a intensa transmissão do vírus no Brasil

O Boletim Observatório Covid-19, publicado na noite desta quarta-feira (8) pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), ressalta que a melhora na taxa de ocupação de leitos de UTI se mantém em mais de 90% dos estados brasileiros.

O cenário das vagas intensivas para adultos no Sistema Único de Saúde (SUS) também se repete em cerca de 85% das capitais do país.

A edição, que analisa a semana entre os dias 29 de agosto a 4 de setembro, mostra que Roraima é o único estado na zona crítica, com ocupação acima de 80%. Contudo, a região é um caso específico, porque conta atualmente com apenas 50 leitos disponíveis.

Já o estado do Rio de Janeiro apresentou queda de 72% para 66%, sendo a única unidade federativa na zona de alerta intermediário.

Nas últimas cinco semanas, o território fluminense vinha preocupando os especialistas por estar na contramão dos outros locais, apresentando crescimento no indicador.

Os outros estados e o Distrito Federal estão fora da zona de alerta, com a maioria das taxas inferior a 50%.

Avanço da vacinação

De acordo com os pesquisadores da Fundação, a situação atual tem relação direta com o avanço da vacinação contra o novo coronavírus.

“A redução simultânea e proporcional desses indicadores demonstra que a campanha de vacinação está atingindo um dos seus principais objetivos, que é a redução do impacto da doença, reduzindo casos graves, internações e óbitos”, diz um trecho do boletim.

No período analisado, o número de mortes teve uma queda de 1,3% por dia, apresentando uma média diária de 680 óbitos. Já a média diária de casos confirmados está na faixa de 24,6 mil contaminados por dia, com ritmo de redução de 1,9% do número de infecções.

Transmissão intensa

Os especialistas que fazem parte do Observatório alertam, no entanto, que o alto índice de casos positivos para a doença evidencia que ainda há uma intensa transmissão do vírus em todo o país.

É destacado que diversos casos assintomáticos ou não confirmados podem estar ocorrendo, sem registro no sistema do Ministério da Saúde. Dessa forma, a pandemia ainda não está sob controle.

Tendo em vista que a transmissão segue em patamar elevado, o boletim reforça a importância das medidas de proteção, como uso de máscara, distanciamento social e álcool em gel.

Além disso, é orientado que seja concluído, o mais rápido possível, o esquema vacinal de todos os adultos, a imunização de crianças a partir de 12 anos e a aplicação das doses de reforço nos idosos.

“O país só estará protegido adequadamente se todos caminharem juntos, debatendo as alternativas e seguindo as orientações e o cronograma do PNI (Programa Nacional de Imunizações, do Ministério da Saúde)”, afirmam os pesquisadores.

Veja a variação na taxa de ocupação de leitos de UTI Covid-19 entre os meses: 

/ Fiocruz/Reprodução

Casos de Síndrome Respiratória Aguda Grave

Também nesta quarta-feira (8), a Fiocruz divulgou o Boletim InfoGripe, que aponta, pela segunda semana consecutiva, que os casos de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) no Brasil apresentam sinal de interrupção na queda.

No momento, a tendência é de estabilização dos casos, com patamar ainda elevado, similar a outubro de 2020.

Os dados têm como base os registros no Sistema de Informação da Vigilância Epidemiológica da Gripe (SivepGripe), do Ministério da Saúde.

Nesta atualização, a tendência de crescimento dos casos foi interrompida no estado e capital do Rio de Janeiro, epicentro da variante Delta no país.

À CNN, o pesquisador e coordenador do Infogripe, Marcelo Gomes, afirma que é difícil precisar um motivo para que o território fluminense tenha apresentado melhora.

“Podemos especular que essa interrupção esteja associada a uma combinação de fatores, como o fato de termos tido picos significativos há relativamente pouco tempo e a boa adesão à campanha de vacinação, principalmente nos grupos com maior risco de agravamento. Nesses grupos já temos uma cobertura vacinal muito expressiva”, afirmou o pesquisador.

“Além disso, o fato de termos tido alguns recuos como o retorno às aulas remotas na rede pública estadual e municipal em parte do estado, na primeira quinzena de agosto, também pode ter ajudado a segurar de alguma forma.”

O estudo mostra que Bahia, Espírito Santo, Pará, Pernambuco, Rio Grande do Norte e Rondônia são as seis das 27 unidades federativas que apresentaram sinal de crescimento.

Já em relação às capitais brasileiras, a alta foi observada em Brasília, Fortaleza, João Pessoa, Maceió, Porto Alegre, Recife, Salvador, São Luís e Vitória.

Transmissão comunitária

Todas as 27 unidades federativas têm ao menos uma macrorregião de saúde com nível de transmissão comunitária de vírus respiratórios alto ou mais elevado.

De acordo com o pesquisador Marcelo Gomes, essas macrorregiões representam os conjuntos de municípios que compartilham parte da infraestrutura do SUS, principalmente quando se refere à média e alta complexidade.

Apesar do cenário, a quantidade total de macrorregiões em nível de transmissão muito elevado ou extremamente elevado vem diminuindo de forma gradativa.

Em 2021, 890.182 casos de SRAG foram registrados no painel do Ministério da Saúde, sendo que 71,6% deles apresentaram resultado positivo para algum vírus respiratório. Entre eles, 96,6% eram por contaminação da Covid-19.

Crédito: Mylena Guedes, sob supervisão de Isabelle Resende/CNN – @internet 09/09/2021

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