Marcos Aurélio Lima de Oliveira, fala sobre a participação do Inmetro na “Expo 2021-Dubai”

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“Queremos fazer com que o sistema de Infraestrutura da Qualidade brasileiro esteja totalmente aderente à Indústria 4.0”

A Associação Brasileira de Avaliação da Conformidade (Abrac) entrevistou o gerente de Projetos do Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia (Inmetro), Marcos Aurélio Lima de Oliveira, sobre a participação do órgão no Dubai Expo 2021, evento realizado nos Emirados Árabes, entre os dias 29 e 30 de março.

Considerada a maior feira de negócios e tecnologia do mundo, a Dubai Expo reuniu empreendedores, empresários e outras lideranças para discutir soluções sustentáveis para o futuro do planeta. Entre os principais temas apresentados pelo Inmetro, a ABRAC e outras entidades brasileiras presentes no evento, estão a Infraestrutura da Qualidade e a construção de uma Política Nacional de Infraestrutura da Qualidade.

Além disso, também foi apresentado o primeiro Laboratório de Infraestrutura da Qualidade do Brasil, localizado em Foz do Iguaçu, no Paraná – uma parceria da Abrac, Inmetro com a Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) e do Parque Tecnológico de Itaipu.

Leia a entrevista na íntegra:

Abrac – Como avalia a importância do segmento de avaliação da conformidade participar do Dubai Expo 2021?

Marcos Aurélio – Diria que superou as expectativas de toda a delegação brasileira. Nós queremos fazer com que o sistema de Infraestrutura da Qualidade brasileiro esteja totalmente aderente ao mundo que a gente chama de Indústria 4.0 e quando a gente fala de estar aderente ao mundo da indústria 4.0 grandes mudanças devem ser feitas em todo o sistema. Nós estamos, nesses dois anos, na gestão do nosso presidente Marcos Heleno, iniciando todo um projeto de transformação combinado com várias ações, combinado com a questão do modelo regulatório, a questão da Política Nacional de Infraestrutura da Qualidade, a retomada do nosso planejamento estratégico mudando radicalmente a nossa missão e visão de futuro.

Pretendemos viabilizar uma Infraestrutura da Qualidade robusta para que possamos ter cada vez mais produtos e serviços confiáveis no nosso País e no nosso mercado, fazendo com que a gente venha a ser um provedor de soluções para iniciativa privada e possamos incrementar uma política industrial. Na verdade, tenhamos um agente com ferramentas e instrumentos que possamos disponibilizar para o mercado brasileiro a nossa Infraestrutura da Qualidade robusta através de laboratórios, organismos de certificação, organismo de inspeção, normas totalmente adequadas às boas práticas internacionais para que possamos ter um modelo regulatório flexível. E que seja ele perene para que possamos trazer a questão de vigilância de mercado com o pós-mercado sendo muito fortalecido, trazendo o setor privado para dentro desse conceito.

Lá em Dubai, tivemos a oportunidade de estar numa feira mundial, a maior feira do mundo, expondo esse nosso projeto que teve uma repercussão muito grande. Participaram desse evento brasileiros, alemães, americanos, mexicanos, coreanos e pessoas de países dos emirados árabes. Nas discussões tivemos uma grande oportunidade de fazer a divulgação desse nosso sistema. Coisa ímpar!

Pelo menos nesses 48 anos de Sinmetro e Inmetro nunca houve uma oportunidade dessa. Estamos exatamente alinhados ao planejamento que adotamos. Culminou, também, à nossa estada em Dubai, a assinatura de uma carta de intenções com um laboratório coreano muito forte na área da mobilidade elétrica que vai, através deste memorando de entendimento, poder ter trocas de experiência, não só na questão da infraestrutura da qualidade, mas com foco na área da mobilidade elétrica que é o grande projeto em parceria privada que o Inmetro está desenvolvendo com dois associados da Abrac, que é a PCN e o Labelo.

Abrac – Como foi a participação do Inmetro no evento?

Marcos Aurélio – Nós tivemos a oportunidade de estar na feira, tivemos uma capilaridade muito grande. Para ter uma ideia, nós participamos de um evento no pavilhão do Brasil, onde foi celebrado 150 anos da imigração dos árabes no Brasil. Então, comemoramos lá em Dubai.

Nós tivemos a oportunidade de falar um pouco mais sobre o Inmetro. Tivemos a oportunidade de conversar com várias empresas brasileiras e empresas do mundo árabe, onde pudemos falar sobre esse nosso grande sistema de Infraestrutura da Qualidade no Brasil e o que estamos fazendo de transformação. Na verdade, estamos criando um grande ecossistema.

O que a gente desenvolveu lá em Dubai foi um grande networking. Criamos um ambiente de conhecimento por parte do sistema brasileiro de Infraestrutura da qualidade em que os países começaram a entender um pouco mais sobre qual é a proposta do Brasil. Queremos exportar todo esse novo momento de estar alinhado à indústria 4.0, ter uma Infraestrutura da Qualidade compatível com esse novo mercado. Tivemos uma oportunidade muito rica e muito importante de disseminar esse novo momento de transformação que o Brasil está passando no nosso sistema de Infraestrutura da Qualidade.

Abrac – Um dos principais temas abordados pelo Brasil foi Infraestrutura da Qualidade. Como foi apresentar o tema internacionalmente?

Marcos Aurélio – Nós tivemos dois grandes momentos. Um deles é um projeto de parceria e fortalecimento para um segmento que é de Cidades Inteligentes para a área de sustentabilidade, em que participa o Inmetro, a Abrac, a ABNT e a Fundação Parque Tecnológica de Itaipu. Divulgamos e lançamos, do ponto de vista internacional, esse projeto inovador que é o Laboratório de Infraestrutura Qualidade com foco na área de sustentabilidade, especificamente nas cidades inteligentes.

O projeto culmina no desenvolvimento de metodologias e tecnologias empregadas em cidades inteligentes, onde através da metrologia, avaliação da conformidade e da normalização desenvolveremos soluções para todas as tecnologias que estão sendo instaladas e utilizadas nas cidades inteligentes. Nós estamos fazendo com que tenhamos confiança nos resultados que estão sendo aplicados através dessas novas tecnologias. Temos uma estimativa que hoje no mundo já temos mais de bilhões de sensores instalados nas cidades inteligentes.

A pergunta é o quanto é confiável as informações que estão sendo produzidas por esses sensores? E qual o impacto que essas informações ou o desdobramento desses sensores podem causar para a sociedade? Através desse laboratório que inauguramos recentemente é que pretendemos desenvolver todo um arcabouço de metodologias e soluções para que agregue cada vez mais valor e confiança a esses sistemas que estão sendo produzidos no mundo inteiro.

Ir para Dubai e falar de cidades inteligentes não faz o menor sentido, até porque Dubai hoje é uma das cidades ditas como as mais inteligentes do mundo. Nós não queremos falar sobre as cidades A, B, C ou D do Brasil. Nós queremos falar sobre uma inovação, de como podemos assegurar para as cidades inteligentes que todas aquelas tecnologias são confiáveis. E isso teve uma repercussão muito interessante. Várias pessoas em vários locais tiveram a oportunidade de conhecer um pouco mais esse nosso projeto, que é pioneiro e inovador não só no Brasil, mas também no mundo.

Outro ponto importante de destaque foi falar sobre mobilidade elétrica, que é um projeto de parceria público-privada entre o PCN, Labelo e o Inmetro. Estamos desenvolvendo um laboratório que será inaugurado, em novembro de 2022, nas instalações do Rio Grande do Sul. Um laboratório que vai poder fazer com que sejam asseguradas a conformidade das baterias que serão utilizadas em diversos carros elétricos e que estejam cumprindo com as normas internacionais.

Um outro ponto também dentro da mobilidade elétrica é a questão dos eletropostos. Estudo realizado recentemente aponta que daqui há dez anos teremos 62% dos carros fabricados no Brasil ou híbridos ou 100% elétricos. Nós temos que ter, o mais rápido possível, uma infraestrutura da qualidade na área de mobilidade elétrica tão robusta quanto às áreas que temos hoje no País. Isso foi também um grande destaque que fizemos lá em Dubai apresentando esses projetos.

Teve um desdobramento muito forte desses dois pontos que queremos trazer ao Brasil, que é o Laboratório de Infraestrutura da Qualidade e o projeto de mobilidade elétrica. Todos eles estão dentro desse conceito num projeto maior que é transformar o nosso sistema de Infraestrutura de Qualidade, aderindo ao uso de tecnologias da Indústria 4.0.

Abrac – Além do Inmetro, Abrac, ABNT e outras entidades brasileiras estiveram presentes no Dubai Expo 2021. Como avalia a participação de entidades brasileiras em um evento como esse?

Marcos Aurélio – O Inmetro, a Abrac e a ABNT são os três pilares superimportantes e fundamentais para todo esse projeto de transformação de Infraestrutura da Qualidade. São os três pilares que sustentam a credibilidade de uma Infraestrutura da Qualidade em um país. Eu não me lembro de uma oportunidade dessas três instituições importantes para esse cenário estarem juntas, estarem divulgando, estarem apresentando o que se pretende fazer, o que já está fazendo no Brasil.

Acho que isso já é um grande salto e uma grande oportunidade para o nosso País e nosso sistema. Essas três instituições fundamentais para a credibilidade desse sistema na atualidade.

Tivemos a participação do Parque Tecnológico de Itaipu – PTI, nosso grande parceiro que foi fundamental pela nossa participação de em Dubai na última semana da feira da Expo Dubai. Tivemos uma integração muito forte com toda a delegação brasileira.participação muito forte.

Fonte: Assessoria de Imprensa da Abrac 13/04/2022

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