Varíola dos macacos: quais os sintomas? Tem cura? Como é a transmissão?

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Varíola do macaco @ iStock

Com casos confirmados em dezenas de países — o Brasil já tem ao menos nove casos confirmados e tem suspeitas em outros estados —, a varíola dos macacos tem causado alerta na comunidade científica e gerado perguntas entre a população. Quais os sintomas da doença? Como é a transmissão? Ela pode matar?

A seguir, dois infectologistas tiram dúvidas sobre o assunto que tem gerado preocupação em médicos e cientistas pelo mundo com o surto de casos fora da África, algo raro para a doença que costumava se limitar ao continente.

Varíola dos macacos: sintomas, transmissão e mais

O que é a varíola dos macacos?

É uma zoonose viral, isto é, uma doença infecciosa que passa de animais para humanos, causada pelo vírus de mesmo nome (varíola dos macacos). Este vírus é membro da família de Orthopoxvirus, a mesma do vírus da varíola, doença já erradicada entre os seres humanos.

A varíola dos macacos foi identificada pela primeira vez em 1958 entre macacos de laboratório. O primeiro caso em humanos foi notificado em 1970, na República Democrática do Congo, e desde então a doença tem sido detectada em países nas regiões central e ocidental da África, sendo considerada endêmica lá, ou seja, com incidência relativamente constante ao longo dos anos.

Somente em 2003 a doença foi registrada fora daquele continente —naquele ano, ocorreu um surto nos Estados Unidos entre pessoas que tinham como animal de estimação cão-da-pradaria (um tipo de roedor) e que haviam tido contato próximo com um grupo de animais importados da África. Não se sabe se os macacos são a espécie onde este vírus surgiu precisamente.

Por que estão surgindo novos casos da varíola dos macacos?

Uma investigação epidemiológica está em andamento para tentar explicar o motivo do surgimento dos surtos atuais. Existem algumas hipóteses, entre elas:

  • Uma mutação viral de que promove uma transmissão entre pessoas mais eficiente;
  • A diminuição na proteção gerada pela vacina contra varíola desde que os programas de vacinação foram suspensos há cerca de 40 anos;
  • Um nicho populacional novo propício para a disseminação.

Quais os sintomas da varíola dos macacos?

A doença começa com febre, fadiga, dor de cabeça, dores musculares, ou seja, sintomas inespecíficos e semelhantes a um resfriado ou gripe. Em geral, de a 1 a 5 dias após o início da febre, aparecem as lesões cutâneas (na pele), que são chamadas de exantema ou rash cutâneo (manchas vermelhas). Essas lesões aparecem inicialmente na face, espalhando para outras partes do corpo.

Elas vêm acompanhadas de prurido (coceira) e aumento dos gânglios cervicais, inguinais e uma erupção formada por pápulas (calombos), que mudam e evoluem para diferentes estágios: vesículas, pústulas, úlcera, lesão madura com casca e lesão sem casca com pele, completando o processo de cicatrização. Vale ressaltar que uma pessoa é contagiosa até que todas as cascas caiam —as casquinhas contêm material viral infeccioso— e que a pele esteja completamente cicatrizada.

Os casos atuais têm apresentado alguns elementos atípicos, como a ausência dos sintomas de mal-estar iniciando o quadro clínico, e também a manifestação do exantema que começa na área genital e perianal e pode não se espalhar para outras partes do corpo.

Como é a transmissão da varíola dos macacos?

A varíola dos macacos não se espalha facilmente entre as pessoas —a proximidade é fator necessário para o contágio. Sendo assim, a doença ocorre quando o indivíduo tem contato muito próximo e direto com um animal infectado (acredita-se que os roedores sejam o principal reservatório animal para os humanos) ou com outros indivíduos infectados por meio das secreções das lesões de pele e mucosas ou gotículas do sistema respiratório.

A transmissão pode ocorrer também pelo contato com objetos contaminados com fluídos das lesões do paciente infectado —isso inclui contato a pele ou material que teve contato com a pele, por exemplo as toalhas ou lençóis usados por alguém doente.

Qual o tempo de incubação do vírus?

O tempo de incubação —intervalo entre o contato com uma pessoa infectada e o aparecimento do primeiro sintoma— é entre 5 e 21 dias.

Como é feito o diagnóstico da varíola dos macacos?

O diagnóstico clínico, baseado em sinais, sintomas e história, pode ser facilmente confundido com outras condições, como catapora ou molusco contagioso.

O diagnóstico definitivo requer teste de laboratório específico, o PCR que detecta o vírus nas lesões de pele, mas essa ferramenta não está disponível em laboratórios clínicos, somente em alguns laboratórios de referência fora do Brasil, e, ainda assim, em quantidade limitada.

Em quais países a varíola dos macacos já foi diagnosticada?

Já há mais de 200 casos confirmados no mundo em quase 20 países até o dia 25 de maio, em uma lista que segue aumentando: Alemanha, Austrália, Áustria, Bélgica, Canadá, Dinamarca, Eslovênia, Espanha, Estados Unidos, Emirados Árabes Unidos, França, Holanda, Israel, Itália, Portugal, Reino Unido, República Tcheca, Suécia e Suíça.

Até o momento, o Brasil não tem registro da doença, mas o vírus foi identificado em um brasileiro de 26 anos na Alemanha, que tinha viajado recentemente para Portugal e Espanha.

Qual o tratamento para a varíola dos macacos?

A varíola dos macacos tende a ser leve e, geralmente, os pacientes se recuperam em algumas semanas sem tratamento específico, apenas com repouso, muita hidratação oral, medicações para diminuir o prurido e controle de sintomas como febre ou dor.

Existem medicamentos antivirais, como o tecovirimat e o cidofovir, que podem ser usados em pessoas sob risco de complicações, mas que não são facilmente disponíveis comercialmente.

A varíola dos macacos tem cura?

Sim, como na maioria das viroses agudas, o próprio sistema imunológico é capaz de eliminar o vírus e o paciente ficar completamente curado, sem intervenção alguma. No entanto, é essencial controlar e quebrar as cadeias de transmissão por meio da identificação de casos, com orientação de isolamento, a fim de se reduzir o número total de infectados.

A vacina da varíola humana protege contra a varíola dos macacos?

Sim, estudos apontam que a vacinação prévia contra varíola pode ser eficaz contra a varíola de macacos em até 85% —isso ocorre porque ambos os vírus pertencem à mesma família e, portanto, existe um grau de proteção cruzada devido à homologia genética entre eles. Entretanto, como a varíola humana foi erradicada há mais de 40 anos, atualmente não há vacinas disponíveis para o público em geral.

Qual a diferença entre a varíola dos macacos e a varíola humana?

As duas doenças têm sintomas semelhantes, porém a varíola dos macacos parece ser mais leve e menos contagiosa do que a versão humana. A varíola humana foi um flagelo de grandes proporções, com mortalidade em 30% dos casos de infecção —ela foi erradicada em 1980.

Varíola dos macacos pode matar?

Ana Luíza Gibertoni Cruz, médica infectologista da UK Health Security Agency e pesquisadora no Departamento de Saúde Populacional da Universidade de Oxford, na Inglaterra; José David Urbaez Brito, médico infectologista, presidente da Sociedade de Infectologia do Distrito Federal, e consultor da Sociedade Brasileira de Infectologia

Pode, mas o risco é baixo. Existem dois grupos distintos do vírus da varíola de macacos circulando no mundo, agrupados com base em suas características genéticas: um predominantemente em países da África Central —com taxa de fatalidade de cerca de 10%—, e outro circulando na África Ocidental, com taxa bem menor, de 1%. A vigilância genômica ainda incipiente mostra que o vírus em circulação fora do continente africano é o menos letal.

Complicações podem ocorrer, principalmente infecções bacterianas secundárias da pele ou dos pulmões, que podem evoluir para sepse e morte ou disseminação do vírus para o sistema nervoso central, gerando um quadro de inflamação cerebral grave chamado encefalite, que pode ter sequelas sérias ou levar ao óbito.

Além disso, como toda doença viral aguda, a depender do estado imunológico do paciente e das condições e acesso à assistência médica adequada, alguns casos podem levar à morte.

Crédito: Bárbara Therrie / Viva Bem – UOL , com a fonte Ana Luíza Gibertoni Cruz @ disponível na internet 06/07/2022


Varíola de Macaco: Informações sobre medidas preventivas de saúde no Inmetro

 
Informamos que foi confirmado 1 caso de varíola de macaco com membro da força de trabalho do Inmetro do Campus de Xerém.
 
Até o presente momento a varíola de macaco não se trata de pandemia nem de epidemia, não havendo protocolo estabelecido pelo Ministério da Saúde, nem pela Organização Mundial de Saúde (OMS) para o caso de transmissão comunitária ou nos ambientes de trabalho.
 
Assim, visando resguardar a saúde da sua força de trabalho, o Inmetro está adotando medidas preventivas e de profilaxia com a finalidade de evitar a disseminação do vírus a partir do caso confirmado.
 
Importante destacar que a probabilidade de transmissão entre indivíduos sem contato próximo é considerada baixa.
 
Dessa forma, o Sesao está em contato com as pessoas que tiveram exposição próxima e prolongada sem proteção respiratória ou contato físico direto com o caso confirmado, para mapeamento e orientação.
 
Seguem as orientações para a força de trabalho em geral, tendo-se por base as informações de saúde pública disponíveis:
 
– em caso de sintomas, procure atendimento médico para avaliação e indicação de conduta;
–  os sintomas incluem: febre, dor de cabeça, dor muscular, dor nas costas, calafrios, exaustão e inchaço dos linfonodos, que evolui para lesões/erupções na pele (pode incluir a região genital);
– caso confirmado, NÃO compareça ao local de trabalho e comunique as partes:
 
a – Servidor: comunique a chefia imediata e o Sesao via e-mail ([email protected]) e insira o Atestado médico no Sou Gov;
b – Empregado terceirizado: comunique a empresa e o Sesao via e-mail;
c – Estagiário: comunique o Secac e o Sesao via e-mail;
d – Bolsista: comunique o seu setor e o Sesao via e-mail;
e – Aluno: comunique o Cicma e o Sesao via e-mail.
 
– caso após o final da licença médica ainda apresente erupções cutâneas ou crosta, procure novamente atendimento médico para avaliação. 
Diraf/Cogep – 05/07/2022

Varíola dos macacos

A varíola dos macacos é transmitida pelo vírus monkeypox, que pertence ao gênero orthopoxvirus. É considerada uma zoonose viral (o vírus é transmitido aos seres humanos a partir de animais) com sintomas muito semelhantes aos observados em pacientes com varíola, embora seja clinicamente menos grave. O período de incubação da varíola dos macacos é geralmente de seis a 13 dias, mas pode variar de cinco a 21 dias, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS).

O nome monkeypox se origina da descoberta inicial do vírus em macacos em um laboratório dinamarquês em 1958. O primeiro caso humano foi identificado em uma criança na República Democrática do Congo em 1970. Atualmente, segundo a OMS esclareceu, a maioria dos animais suscetíveis a este tipo de varíola são roedores, como ratos e cão-da-pradaria.

A transmissão ocorre por contato próximo com lesões, fluidos corporais, gotículas respiratórias e materiais contaminados, como roupas de cama. E, segundo o órgão de saúde, a transmissão de humano para humano está ocorrendo entre pessoas com contato físico próximo com casos sintomáticos.

O contato próximo com pessoas infectadas ou materiais contaminados deve ser evitado. Luvas e outras roupas e equipamentos de proteção individual devem ser usados ​​ao cuidar dos doentes, seja em uma unidade de saúde ou em casa.

Sintomas:

A OMS descreve quadros diferentes de sintomas para casos suspeitos, prováveis e confirmados. Passa a ser considerado um caso suspeito qualquer pessoa, de qualquer idade, que apresente pústulas (bolhas) na pele de forma aguda e inexplicável e esteja em um país onde a varíola dos macacos não é endêmica. Se este quadro for acompanhado por dor de cabeça, início de febre acima de 38,5°C, linfonodos inchados, dores musculares e no corpo, dor nas costas e fraqueza profunda, é necessário fazer exame para confirmar ou descartar a doença.

Casos considerados “prováveis” incluem sintomas semelhantes aos dos casos suspeitos, como contato físico pele a pele ou com lesões na pele, contato sexual ou com materiais contaminados 21 dias antes do início dos sintomas. Soma-se a isso, histórico de viagens para um país endêmico ou ter tido contato próximo com possíveis infectados no mesmo período e/ou ter resultado positivo para um teste sorológico de orthopoxvirus na ausência de vacinação contra varíola ou outra exposição conhecida ao vírus.

Casos confirmados ocorrem quando há confirmação laboratorial para o vírus da varíola dos macacos por meio do exame PCR (Reação em Cadeia da Polimerase) em tempo real e/ou sequenciamento.

O surto de varíola dos macacos, que já foi confirmado em 16 países e várias regiões do mundo, ainda pode ser controlado e a OMS garantiu, na terça-feira (24/5/22), que o risco de transmissão é baixo.

Vacinas – A vacinação contra a varíola tradicional é eficaz também para a varíola dos macacos, mas a OMS explicou que pessoas com 50 anos ou menos podem estar mais suscetíveis já que as campanhas de vacinação contra a varíola foram interrompidas pelo mundo quando a doença foi erradicada em 1980.

A agência trabalha na verificação dos estoques atuais de vacina da varíola para ver se precisam ser atualizados.

A prevenção e o controle dependem da conscientização das comunidades e da educação dos profissionais de saúde para prevenir a infecção e interromper a transmissão.

Crédito: Biblioteca Virtual do Ministério da Saúde com fonte Instituto Butantan –  Organização das Nações Unidas (ONU) – Escritório Brasil e ONU News @ disponível na internet 05/07/2022

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