Nota sobre o Centro de Memória do CNPq – “crônica de uma morte anunciada”

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Existem muitas formas de se acabar com uma instituição ou uma organização … E uma delas, bastante sutil, passa por propor uma readequação para, aos poucos e sem alarde, ir subtraindo as suas funções, reduzindo seu espaço e diminuindo seu pessoal. Então ela desaparece, em silêncio.

Este parece ser o caminho do Centro de Memória do CNPq. Inaugurado em 2004, o Centro já vinha perdendo funções e atividades, como sua biblioteca, seu programa de história oral, etc…., para, finalmente em 2017, perder a maior parte de seu espaço de trabalho e de seu lugar na estrutura administrativa do CNPq.

Questionado pela Seção Sindical do SINDSEP-DF e pela Associação do Servidores do CNPq – ASCON, por uma Petição Pública que reúne mais de 1800 assinaturas e por duas notas emitidas por entidades representativas da comunidade cientifica brasileira – a Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência – SBPC e o  Fórum das Ciências Humanas, Sociais e Sociais Aplicadas – FCHSSA,  a direção do  CNPq optou por emitir uma nota evasiva em sua página web e em mensagem ao servidores.

Os servidores, usuários e apoiadores solicitavam à direção do CNPq a continuidade do Centro de Memória, a manutenção de suas atribuições originais, o apoio para desenvolver suas atividades e que volte a ser vinculado ao Gabinete da Presidência, recuperando seu papel de referência na preservação da memória da ciência e tecnologia, o prestígio e a importância que deve ter para o CNPq.

Em sua resposta a direção apenas afirma, de forma evasiva, que as mudanças realizadas não geraram “a extinção do Centro de Memória”, e que estas mudanças veem para lhe conferir maior organicidade e um novo layout.

Infelizmente o que vemos está muito distante disto. O Centro perdeu seu lugar na estrutura do órgão com a modificação do regimento interno (a extinção do Serviço de Documentação e Acervo – SEDOC), teve reduzido seu espaço físico (cedido para acomodar um escritório da FINEP – que poderia ser instalado em outro lugar, já que o edifício sede do CNPq conta com 4 torres de três andares e dois subsolos   – em 28.000 m2), seu acervo antes bem distribuído e acomodado agora encontra-se mesclado e depositado em espaço reduzido, sem um acompanhamento técnico (acervo fílmico e sonoro mesclado com acervo arquivístico em papel, etc.), a equipe não tem mais um gestor e os trabalhos e os projetos citados na nota vinham sendo realizados com muito custo e já poderiam ter sido postos à disposição do público se houve apoio devido.

Esperamos que a direção do CNPq aproveite a oportunidade de reafirmar que escuta e valoriza a opinião a comunidade científica, atendendo as reivindicações, revigorando e aprimorando as atividades do Centro de Memória.

O Centro de Memória, revitalizado, compondo a estrutura do Conselho junto ao Gabinete da Presidência, e dotado de ferramentas e pessoal para cumprir seu papel, bem poderia abraçar novas atribuições, complementares a sua missão, como por exemplo a divulgação dos impactos produzidos pelas pesquisas e projetos financiados pela agencia. O Centro já vinha contribuindo ativamente na preservação da memória passada e presente do órgão, assim como, na popularização da ciência e tecnologia produzida. Revitalizado, e não desconstruído como vem sendo feito, poderia muito bem cumprir, junto com a comunicação social (COCOM) e as diretorias, este importante e necessário papel. Desta forma a direção atenderia aos reclamos da comunidade e ainda daria um passo adiante prestando mais um serviço à sociedade brasileira.

Um projeto de revitalização do Centro de Memória já vem sendo discutido entre os servidores. Longe de ser uma proposta fechada, este projeto é o ponto de partida que os servidores do CNPq apresentam para o diálogo, do qual esperamos, a direção da agência participe ativa e democraticamente.

 

Isto posto, a Seção Sindical e a ASCON, voltam a solicitar à direção do CNPq que examine as reivindicações e propostas apresentadas e estabeleça um diálogo construtivo que tem como objetivo final o fortalecimento da ciência, a tecnologia e a inovação no Brasil.

Seção Sindical – SINDSEP-DF no CNPq

Associação dos Servidores do CNPq – ASCON

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