Rio de Janeiro: Ataque na UPP foi chefiado por traficante que teve indulto

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Preso nesta segunda-feira num trecho de mata no alto do morro Pavão-Pavãozinho, após comandar o ataque às UPPs da região, o traficante Samuel de Freitas e Silva, o Samuca, foi beneficiado por um indulto no Dia das Mães, no dia 14 de maio. Desde então, ele era procurado pela polícia. Ele é apontado como um dos chefes do morro.

Samuca, que foi preso em 12 de novembro de 2008, acusado de ser gerente do tráfico no Pavão-Pavãozinho, deixou o Instituto Penal Edgard Costa, em Niterói, e não voltou mais. Para policiais civis, que atuam na área de atuação do bandido, a violência recrudesceu na comunidade de Copacabana depois que o bandido retomou a gerência do comércio de drogas do local. Ele teria reunido um bando de pelo menos dez traficantes na favela, que recebeu uma Unidade de Polícia Pacificadora em 23 de dezembro de 2009, responsável pela segurança de uma população de cerca de 10 mil pessoas.

A prisão de Samuca só foi possível depois da localização da namorada de um dos bandidos de sua quadrilha. Ela negociou a rendição do grupo, que estava escondido na região conhecida como Vietnã, no alto do morro. Junto com eles, havia seis fuzis, uma pistola adaptada para funcionar como submetralhadora, além de drogas.

CRÍTICAS À AÇÃO POLICIAL

Especialistas criticaram, ontem, a atuação da polícia. O sociólogo Ignácio Cano, do Laboratório de Análise da Violência da Uerj, questionou os resultados, lembrando a repercussão negativa de uma ação que deixa mortos e feridos, além de todo terror imposto aos moradores, das comunidades e do asfalto.

— Não podemos festejar uma operação que termina com mortos e feridos. De uma forma geral, eu diria que as UPPs foram criadas e estruturadas para evitar exatamente esse tipo de cenário, de tiroteios com mortos e feridos — afirmou Cano. — É preocupante o que aconteceu em dois bairros (Ipanema e Copacabana) tradicionalmente com alta repercussão. Também é preciso verificar se é mais um reflexo da crise no estado e da deterioração da segurança pública. O fato é que não podemos comemorar um desfecho trágico para a cidade — afirmou Cano.

O antropólogo Roberto Kant, da UFF, lembrou que o enfraquecimento das UPPs nos últimos anos pode estar ligado à falta de financiamento.

— Mas a questão é mais profunda. Com o enfraquecimento das UPPs, os policiais voltam à antiga forma de policiamento, com operações e troca de tiros — afirmou Kant.

Samuca é gerente de Adauto do Nascimento Gonçalves, o Pit Bull, que teria voltado à chefia do tráfico no Pavão-Pavãozinho, depois de deixar a prisão beneficiado pelo regime semiaberto em 2013. O Disque-Denúncia oferece uma recompensa de R$ 1 mil por informações que levem à captura do criminoso.

Crédito: O Globo – disponível na web 11/10/2106

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