Em alta, desemprego tem que atingir os governantes.

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Na sexta-feira, 28 de abril, o IBGE divulgou novos números sobre o desemprego. São números que mostram que as demissões continuam. Para um diagnóstico da saúde da economia no mercado de trabalho o melhor número para ser analisado é a quantidade de trabalhadores com carteira assinada no setor privado.

Estudos já mostraram que tanto nas desacelerações quanto nas acelerações o tipo de ocupação que decresce mais rapidamente ou cresce mais velozmente é o trabalho com carteira assinada no setor privado.

No primeiro trimestre de 2016, eram 34,6 milhões de trabalhadores com carteira assinada no setor privado. No primeiro trimestre de 2017, esse número caiu para 33,4 milhões. Mais grave, dessa queda de 1,2 milhão (34,6 – 33,4 = 1,2), metade, ou seja, 600 mil demissões, ocorreu no primeiro trimestre de 2017. Portanto, parece vidência (não explicada cientificamente) dizer que a economia está em recuperação.

O mercado de trabalho apresentou outros números bastante preocupantes. O número de trabalhadores total, incluindo todas as formas de ocupação (formal, informal, público, privado e por conta própria) está diminuindo. Hoje, está em 88,9 milhões de trabalhadores. No início de 2016, tínhamos quase 2 milhões a mais de trabalhadores empregados. E o número de pessoas desempregadas cresceu porque houve demissões, mas houve também aumento do número de pessoas que passou a procurar emprego. São 14,2 milhões de desempregados. Ao final do ano passado eram 12,3 milhões.

O número de pessoas que está procurando trabalho está aumentando por dois motivos: (a) quando o desemprego atinge aquele que é chamado de chefe da família, filhos que apenas estudavam passam a procurar emprego e (b) o fim ou o definhamento de programas sociais (tais como, por exemplo, o Fies – financiamento estudantil) empurram jovens para o mercado de trabalho.

O governo está paralisado. Mas há uma saída. O governo teria que fazer um programa emergencial de recuperação do emprego. Há recursos públicos. A questão não é a falta de recursos, mas sim onde alocá-los. Em 2014, o pagamento de juros da dívida pública teve o tamanho de 91% do déficit público – em 2015, 82% e, em 2016, 72%.

Não devemos demonizar os déficits públicos, eles ocorrem devido a uma situação econômica específica. Déficits emergem quando a economia está estagnada (como em 2014) ou em recessão (como em 2015 e 2016) – o motivo inicial é a queda vertiginosa da arrecadação.

O ponto fundamental é que déficits em período de elevação do desemprego deveriam ocorrer também como resultado da aplicação de políticas fiscais de gastos primários para recuperar o emprego – por exemplo, gastos com obras públicas e transferências fiscais aos mais pobres. Os novos empregados nas obras públicas e os beneficiários de programas sociais gastariam tudo o que receberiam. Assim, dariam início à dinamização de toda a economia.

Isso não é novidade, faz mais de 80 anos que o economista inglês J.M.Keynes teorizou sobre essa problemática e que o presidente F.D.Roosevelt colocou a economia americana para girar com o seu conhecido New Deal em uma situação depressão, semelhante a que vivemos hoje.

Os governantes do Brasil estão muito longe da estatura de Roosevelt e muito distantes também dos ensinamentos econômicos de Keynes. Só há uma saída, desempregar Michel Temer, Henrique Meirelles e todos os seus comparsas. Só o povo pode impor a demissão dessa malta.

Artigo publicado na pagina da revista Carta Capital – disponível na internet 02/05/2017

Nota: O presente artigo não traduz a opinião do ASMETRO-SN. Sua publicação tem o propósito de estimular o debate dos problemas brasileiros e de refletir as diversas tendências do pensamento contemporâneo

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