Brasil
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Pra gente ficar assim
Brasil
Qual é o teu negócio?
O nome do teu sócio?
Confia em mim – (Cazuza/George Israel/Nilo Roméro)
- PSDB e DEM dão fôlego a Temer até a decisão do STF.
- “Fui vítima de armação de bandidos que saquearam o País e querem sair impunes”.
- FHC liga para Temer para oferecer apoio.
- Aécio Neves pedirá ao Supremo para voltar ao mandato.
- Lula me pediu para atender líder do MST, diz Joesley em conversa gravada.
PSDB e DEM dão fôlego a Temer até a decisão do STF.
Líderes dos partidos, pilares da base aliada do atual governo, devem esperar julgamento sobre inquérito para decidir se mantêm ou retiram apoio
As cúpulas do PSDB e do DEM resolveram dar mais um prazo para Michel Temer e agora aguardam o julgamento do Supremo Tribunal Federal (STF) sobre o pedido de suspensão do inquérito contra o presidente, na quarta-feira, para decidir se mantêm ou retiram o apoio ao governo. Nos bastidores, os dois partidos já avaliam uma saída alternativa para a crise política, com a construção de um nome de consenso para substituir Temer, caso a situação fique insustentável e haja eleição indireta.O
O problema é que ainda não há acordo sobre quem seria o “salvador” da Pátria. O presidente do PSDB, senador Tasso Jereissati (CE), havia marcado uma reunião para este domingo, 21, em Brasília, com dirigentes e líderes de seu partido e também do DEM e do PPS para discutir a agonia de Temer após a delação da JBS. Ministros entraram em campo, porém, para pedir que o encontro fosse adiado.
O receio do Palácio do Planalto era de que o encontro passasse a ideia de desembarque do PSDB e do DEM, hoje os pilares da coalizão governista, depois do PMDB. Dirigentes tucanos asseguraram a Temer que não tomarão decisão precipitada, mas admitiram que a pressão de suas bases, principalmente da ala jovem, para o desembarque é muito forte.
A direção do PSDB do Rio divulgou nota no domingo pedindo a renúncia ou o impeachment de Temer e a saída dos quatro ministros tucanos do governo. A seção fluminense do partido, porém, só tem um deputado federal – Otávio Leite, presidente da legenda no Estado – e nenhum senador.
“Qualquer solução fora da Constituição não seria solução, e sim um problema. O Brasil pede que todos os fatos sejam apurados com rigor”, disse o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin – um dos pré-candidatos do PSDB ao Planalto, em vídeo postado nas redes sociais. “O PSDB está ouvindo as bases e a decisão sobre permanecer ou não no governo será tomada pela Executiva Nacional, em conjunto com as bancadas e os governadores”, emendou o deputado Sílvio Torres (PSDB-SP), secretário-geral da legenda.
Cereja do bolo
Ao Estado, o ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha, disse não ter informações sobre ameaça de debandada no PSDB e no DEM. “Os dois partidos estão firmes e fortes na base do governo”, afirmou ele. “Nós conclamamos os aliados para que a gente continue acelerando as reformas. A cereja do bolo é a Previdência e tem de ser perseguida, mas, se não chegar, paciência. Ficará para a próxima gestão”, resumiu o líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR), que no domingo foi atrás de vários aliados para pedir apoio ao presidente.
O PSB e o PPS aprovaram a saída da equipe de Temer, mas nem todos os cargos foram devolvidos. Roberto Freire (PPS), por exemplo, deixou o Ministério da Cultura, mas o titular da Defesa, Raul Jungmann, que também é filiado ao partido, continua no posto. No PSB, o ministro de Minas e Energia, Fernando Filho, é outro que permanece.
As conversas sobre a possível substituição de Temer estão sendo feitas com muita cautela. Se Temer renunciar, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), assume por 30 dias. Depois desse prazo é realizada uma eleição indireta.
Dirigentes do DEM dizem que, se esse quadro se concretizar, os parlamentares não aprovarão nenhum nome fora do Congresso para disputar a vaga. “O maior eleitor, na eleição indireta, chama-se Rodrigo Maia”, disse um integrante da cúpula do partido. “Resta saber se terá condições de ser”, emendou, numa referência às investigações da Lava Jato contra ele.
Queda da Bastilha
Uma ala do PSDB prega o nome do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e outra, a do próprio Tasso. Fiador das reformas da Previdência e da lei trabalhista, o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, também é citado para o posto, mas enfrenta resistências na própria base aliada. A presidente do Supremo, Cármen Lúcia, e o ex-ministro da Defesa Nelson Jobim são outros mencionados para a cadeira de Temer.
Em conversas reservadas, dirigentes do PSDB e também do DEM dizem que todas as articulações têm sido feitas com muito cuidado para não melindrar o PMDB. “Queremos evitar que a queda da Bastilha tenha a identidade de A ou B”, afirmou um dirigente tucano. “O quadro é muito grave e estamos avaliando se Temer vai se sustentar. Se não for, precisamos definir as regras e deixar que o PMDB forme sua convicção. Não podemos atropelar o PMDB.”
A preocupação desses aliados é de que o líder do PMDB no Senado, Renan Calheiros (AL), se junte ao PT e ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva na pregação por novas eleições diretas. Renan é hoje o principal crítico de Temer dentro da base de sustentação do governo.
Crédito: Vera Rosa/ O Estado de S.Paulo – disponível na internet 22/05/2017
“Fui vítima de armação de bandidos que saquearam o País e querem sair impunes”.
Em entrevista exclusiva à colunista do Estadão Vera Magalhães, o presidente afirmou estranhar que delação da JBS tenha sido selada ‘no momento em que a economia começa a se recuperar’
– Minutos depois do pronunciamento que fez sobre a crise que atinge seu governo, Michel Temer reafirmou ao Estadão sua recusa a renunciar à Presidência, se disse vítima de “armação”, negou que tenha participado de um plano para comprar o silêncio do ex-deputado Eduardo Cunha e disse estranhar que a delação da JBS, que o atingiu, tenha sido selada “no momento em que a economia começa a se recuperar”.
Temer concedeu uma entrevista exclusiva ao Estadão por telefone. Disse estar convencido da capacidade de rearticulação política do governo, deu sua versão para o encontro que teve com Joesley Batista, da JBS, em março — que foi gravado e entregue ao Ministério Público Federal, o que desencadeou a delação do grupo, e criticou os termos da colaboração negociada com o empresário pela Lava Jato.
“Esse sujeito me ligou seguidamente, ao longo de vários dias, me pedindo para ser recebido”, afirmou o presidente. Segundo ele, a segurança da Presidência vive repreendendo-o por “atender o celular”. “Eu tenho o hábito, que a segurança do Planalto vive reclamando, de atender o celular, responder mensagem. É um mau hábito pela liturgia do cargo, mas que eu adquiri da experiência parlamentar”, disse Temer.
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Segundo ele, depois de muita insistência por parte de Joesley, ele concordou em recebê-lo no Palácio do Jaburu. Questionado sobre o horário tardio da conversa, Temer disse que a razão foi o fato de que, anteriormente, ele compareceu à festa de aniversário da carreira do jornalista Ricardo Noblat. “Disse a ele: estou na festa do Noblat. Se quiser, passa mais tarde no Jaburu. E ele concordou.”
Temer afirmou que já conhecia Joesley, e que tem o costume de receber empresários para conversas. “Já recebi dezenas de empresários. Em São Paulo, no Jaburu, no Planalto. Muitas dessas reuniões acontecem fora da agenda”, disse o peemedebista.
Questionado sobre os assuntos tratados na reunião, alguns deles a confissão de crimes como o suborno a um procurador e supostamente a dois juízes, Temer disse ter atribuído o teor da conversa ao fato de Joesley ser alguém acuado por investigações e contrariado por não obter acesso que tinha antes a altas autoridades do governo. “Logo de cara, vi que ele era um falastrão”, afirmou.
Ele afirmou ter achado “estranho” o teor da conversa, mas que não levou a sério as afirmações. “Mas você veja que comecei a ser cada vez mais monossilábico, quando a conversa dele começou a enveredar para o pedido de que precisaria ter acesso a esse ou aquele setor do governo.”
Temer afirmou que a divulgação do áudio da conversa demonstra que ele não deu aval à compra do silêncio do ex-deputado Eduardo Cunha, conforme se divulgou inicialmente. “Veja que ele diz que está mantendo uma boa relação com ele, e incentivo que deveria manter, apenas isso.”
Sobre o eventual interesse em evitar uma delação de Cunha, Temer evoca o fato de o ex-aliado tê-lo arrolado como testemunha: “Que silêncio do Cunha eu poderia comprar? Se ele me mandou 21 perguntas num processo e 17 em outro, todas claramente tentativas de me incriminar, e o próprio juiz Sergio Moro tratou de indeferir?”.
A respeito da sugestão para que Joesley procurasse o ex-assessor especial da Presidência e deputado afastado Rodrigo Rocha Loures, Temer disse que apenas confirmou uma sugestão do empresário. “Falei que poderia falar com o Rodrigo sobre assuntos do grupo, como poderia falar o Moreira, ou o Padilha”, justificou.
Temer disse acreditar que Rocha Loures “deve ter sido seduzido” pela promessa de receber R$ 500 mil ao longo de 20 anos. Questionado pelo Estadão se tomou conhecimento, em algum momento, da negociação de recursos por Rocha Loures, ou se autorizou a transação, o presidente negou.
Afirmou que o suborno ao deputado foi negociado pela obtenção de um acordo no Cade que foi negado. “O Cade resolveu? Não resolveu! Ele estava desesperado porque a Maria Silvia saneou o BNDES, ele teve de mudar a operação da empresa para outro país porque fechamos a torneira do BNDES”, afirmou o presidente.
Temer atacou os governos do PT e criticou os termos da delação oferecida ao grupo JBS. “Fui vítima de bandidos que saquearam o País nos governos passados e não obtiveram acesso ao nosso. E negociaram um acordo pelo qual querem sair impunes!”, afirmou o presidente, para em seguida dizer que tentará todos os recursos jurídicos para tentar anular o inquérito aberto contra ele no STF, que, segundo sua avaliação, se baseou em provas armadas.
Ele afirmou que não renunciará e que tentará recompor a base de sustentação do governo para aprovar as reformas. “Querem me tirar para continuar com as mesmas reformas que eu propus, com o meu programa. A quem interessa desestabilizar o governo?”, questionou o presidente.
Temer disse “estranhar” que a crise tenha sido “criada” justamente quando a economia começava a dar sinais de reação. E repetiu os dados que dissera no pronunciamento, de que a JBS lucrou com o câmbio e a venda de ações nos dias que antecederam a Operação Patmos.
Crédito: Vera Magalhães/O Estado de S.Paulo – disponível na internet 22/05/2017
FHC liga para Temer para oferecer apoio
PSDB aguarda o julgamento do Supremo sobre o pedido de suspensão do inquérito contra o presidente para decidir se rompe ou não com o governo
O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso telefonou neste sábado, 20, para o presidente Michel Temer para oferecer apoio e recomendar que se mantenha firme e resista aos ataques que vêm sofrendo. Fernando Henrique também negou a Temer que tenha sugerido a sua renúncia, como “andou sendo noticiado”. Segundo relato de um dos interlocutores de Temer, o ex-presidente afirmou que “em momento algum” disse que o peemedebista deveria renunciar.
Apesar de, nos bastidores, haver pressão no PSDB para que o partido deixe a base do governo, a conversa, segundo interlocutores do presidente, mostrou a “disposição” de Fernando Henrique em manter a legenda apoiando a gestão Temer.
A reunião entre DEM e PSDB que estava marcada para este domingo, 21, depois de articulações do governo e de líderes dos dois partidos, acabou cancelada. Caciques de vários partidos decidiram comparecer ao jantar que Temer promoveu no Palácio da Alvorada.
Parte inferior do formulário
O momento, de acordo com interlocutores do presidente, é de “compasso de espera”, aguardando a decisão do plenário do Supremo Tribunal Federal sobre o pedido para suspender o inquérito aberto para investigar Temer por obstrução à Justiça, corrupção passiva e organização criminosa. O julgamento está marcado para quarta-feira, 24.
Crédito: Tânia Monteiro/ O Estado de S.Paulo – disponível na internet 22/05/2017
Aécio Neves pedirá ao Supremo para voltar ao mandato.
Os advogados do senador afastado Aécio Neves (PSDB-MG) devem apresentar ao Supremo Tribunal Federal (STF) até a próxima terça-feira um pedido para que o parlamentar retorne ao mandato. Aécio foi afastado do cargo por determinação do ministro Edson Fachin, na última quinta-feira.
— O advogado José Eduardo Alckmin e eu deveremos entrar até terça-feira com uma petição no Supremo Tribunal Federal, pedindo a revogação das medidas cautelares impostas ao senador, notadamente a que o afastou da atividade legislativa. Essa é a questão central — disse o advogado Alberto Toron, que defende o senador.
Além de determinar o afastamento do cargo, Fachin proibiu o parlamentar de deixar o país e impediu Aécio de manter contato com outros investigados no mesmo inquérito. A Procuradoria-Geral da República pediu também a prisão do tucano, o que foi negado pelo ministro.
O STF abriu investigação contra o parlamentar com base na delação do dono da JBS, Joesley Batista. Aécio foi gravado pelo empresário pedindo R$ 2 milhões. Para a defesa do senador, o afastamento de Aécio do mandato não tem respaldo legal.
— Vamos sustentar a inexistência de respaldo legal para essa medida. Sobretudo porque o precedente aberto o afastamento do ex-deputado Eduardo Cunha não se aplica ao sen Aécio. Porque o ex-deputado, segundo o STF, se valeu da condição de presidente para impedir o processo. Aqui o processo é completamente diferente — disse Toron.
A defesa da irmã de Aécio, Andrea Neves, presa na última quinta-feira, também deve entrar amanhã com um pedido liberdade no STF.
Crédito: Manoel Ventura/O Globo – disponível na internet 22/05/2017
Lula me pediu para atender líder do MST, diz Joesley em conversa gravada.
Em uma de suas conversas gravadas com o deputado Rodrigo Rocha Loures(PMDB-PR) e entregues à Procuradoria-Geral da República, o empresário Joesley Batista afirmou que o ex-presidente Lula pediu para ele atender o líder do Movimento dos Sem-Terra (MST), João Pedro Stédile. A intermediação entre o dono da JBS e o MST foi feita por telefone nos primeiros meses deste ano, segundo Joesley relata na conversa com Rocha Loures.
“Ele (Lula) me ligou esses dias, para pedir para mim (sic) atender os sem-terra (risos). ‘Eu tô aqui com o Stédile, não sei o quê, ele precisa falar com você…’ ‘Tá bom, presidente, manda ele vir aqui. Eu atendo ele, tá bom?'”, diz o empresário.
Conforme consta da delação dos executivos da JBS, a conversa entre Joesley e Rocha Loures aconteceu no dia 13 de março, seis dias após o encontro de Joesley com Michel Temer no Palácio do Jaburu. Na ocasião, o presidente designou Rocha Loures como a pessoa que Joesley deveria procurar para tratar de assuntos relativos ao governo. Depois, a Polícia Federal filmou o deputado recebendo uma mala com R$ 500 mil de um emissário de Joesley.
Na conversa, o dono da JBS não chega a dizer se o contato com João Pedro Stédile, solicitado por Lula, chegou a ocorrer. Questionado por Rocha Loures, Joesley fala um pouco sobre sua relação com Lula durante a conversa, que ocorreu na casa do empresário, em São Paulo.
“Sobre o Lula… Primeiro que eu não tenho a amizade com ele que o povo acha que eu tenho. Conheci o Lula em fim de 2013. Eu acho que ele, a única coisa que resta a ele fazer é enfrentar (a Operação Lava-jato)… Não tem jeito…”, diz Joesley.
‘ESTAVAM DE SACO CHEIO’
Neste momento, é o deputado Rocha Loures que passa a falar sobre o petista. Ele faz um relato a Joesley do encontro entre Temer e Lula no hospital em que a ex-primeira-dama Marisa Letícia estava internada. Em vários pontos deste trecho a gravação é inaudível.
“Eu tenho boa relação com ele, sempre tive. Eu sempre fui não-ideológico, sempre fui um prático. Agora, me parece que muito desse movimento é para alcançá-lo, né? A ele e ao entorno”, diz Rocha Loures. “Então.. o presidente Temer esteve lá no hospital… (…) Ele tentou de alguma maneira dizer (a Lula) “olha, não tem nada pessoal…” (…) Com a presidente Dilma (…), mas ela, como toda mulher, era mais… Ele (Lula) não aguentava mais”
“Ele já não aguentava ela mais”, completa Joesley. “Todos os petistas já estavam de saco cheio dela. Ninguém aguentava mais. Já não… eu sempre dizia “olha, ela não é má pessoa. Me põe na cabine de um boeing. Se eu derrubar o boeing, não é porque eu sou burro, ou por nada, é só porque eu não sei. Ela não é burra, não é má pessoa. Ela não fazia, Rodrigo, a menor noção do que estava fazendo naquela cadeira. Não é maldade ou mau-caratismo”, conclui Joesley.
Crédito: O Globo – disponível na internet 22/05/2017