Boletim 11 do DIEESE: País segue mergulhado em crises política e econômica

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Remédio que o governo quer usar só aprofunda problemas do país

Pouco mais de um ano depois de assumir o poder central, o governo liderado por Michel Temer mostra-se incapaz de conduzir o país para a normalidade política e econômica. Envolto em sucessivas crises, com baixíssima aceitação popular, fragilizado politicamente e denunciado por corrupção pela Procuradoria Geral da República, o governo não reúne condições de liderar a retomada  de um novo ciclo de crescimento.

As tentativas de reativar a economia estão limitadas a reformas que aumentam o empobrecimento das parcelas mais carentes e necessitadas da população, que têm no sistema de Seguridade Social a única possibilidade de viver com certa dignidade. Além disso, seguindo o mesmo ideário, propõe uma reforma trabalhista que desregulamenta o mercado de trabalho, legaliza formas precárias de contratação, reduz os ganhos dos trabalhadores e enfraquece os sindicatos, diminuindo a capacidade de organização e resistência dos trabalhadores. Sob o pretexto de aumentar a eficiência e competitividade da economia, a reforma trabalhista irá suscitar, com os retrocessos nela contidos, tensões e confrontos desnecessários às relações já difíceis entre capital e trabalho.

Com o uso intensivo dos meios de comunicação de massa, especialmente a televisão, o governo tenta ‘vender’ os dois projetos como se fossem a salvação da lavoura. Chantageando a sociedade, insiste que, sem a aprovação das duas reformas, o Brasil não retornará ao crescimento e que, por isso mesmo, elas são imprescindíveis. Contribuem e reforçam essa lógica falaciosa importantes formadores de opinião, nos grandes veículos de comunicação e na academia.

A pretensa recuperação econômica, largamente propagandeada após a publicação, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), dos dados trimestrais do PIB, precisa ser interpretada com cuidado. Não há indicadores que deem garantias de que o ciclo recessivo chegou ao fim. Ao mesmo tempo, o ritmo de queda da taxa de juros está abaixo do que poderia e deveria ser, considerando o recuo da inflação. A desaceleração inflacionária deveu-se, num primeiro momento, ao esgotamento dos aumentos significativos dos preços controlados (tarifas), à regularização do regime de chuvas, que aliviou o custo da energia e dos alimentos e à desvalorização do dólar, inflado com a especulação contra o governo anterior. Nesse momento, devido à brutal taxa de desemprego e à queda na renda, as expectativas futuras sobre o comportamento dos preços são de redução acelerada, o que leva as taxas de juros reais, pagas aos detentores da dívida pública, a incríveis 6,5% ao ano. Um verdadeiro eldorado para os rentistas, que, na prática, inviabiliza qualquer possibilidade de retomada. Da mesma forma, o governo (e os comentaristas econômicos da grande imprensa) não tece muitas considerações em relação aos resultados das contas externas. Os saldos positivos da balança comercial (exportações maiores que importações) devem-se muito mais à queda das importações do que ao aumento das exportações. A redução das importações decorre da forte recessão e queda da renda interna, enquanto as dificuldades para as exportações vêm, principalmente, da taxa de câmbio sobrevalorizada.

Leia a íntegra do Boletim >>> BOLETIM DE CONJUNTURA 11

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