PDV deve ter adesão de 6 mil servidores

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Governo estima que 1% dos 640 mil funcionários federais vão deixar o serviço público. Até o fim do mês, serão editadas MPs com normas sobre redução do salário inicial e reestruturação das carreiras para que a União consiga atingir a meta de economia de R$ 1 bilhão em 2018

A expectativa do governo é de que entre 5 mil e 6 mil servidores participem do Programa de Desligamento Voluntário (PDV) e que 1.184 peçam redução de jornada ou licença incentivada. De acordo com o ministro do Planejamento, Dyogo Oliveira, “a adesão não precisa ser muito grande”. “Se for de 1% dos cerca de 640 mil servidores ativos, já são 6 mil pessoas”. É difícil, disse, avaliar o tamanho da demanda porque essa é uma iniciativa sem parâmetro histórico. Experiência semelhante foi feita apenas na gestão do ex-presidente FHC, com participação de 5 mil funcionários. Até o fim do mês, outras medidas provisórias (MPs) serão editadas, para que, em conjunto com essas já regulamentadas por portaria, a União consiga atingir a meta de cortar R$ 1,1 bilhão nas despesas do Poder Executivo em 2018.

As próximas MPs vão incluir normas sobre a redução do salário inicial no serviço público — R$ 2,8 mil para nível médio e R$ 5,1 mil para nível superior — e sobre a reestruturação das carreiras em pelo menos 30 níveis, para alongar o tempo de progressão entre a maior e a menor remuneração, que atualmente está em torno de 15 anos. “As MPs já estão prontas, só dependem da mensagem modificativa do Orçamento do ano que vem”, afirmou. Isso porque, como 39% da atual força de trabalho deve se aposentar até 2027, segundo Oliveira, a modernização no serviço público é fundamental para baixar o peso da folha de pagamento.

A mudança salarial só não se aplica aos professores universitários, já com ganhos iniciais próximos à R$ 5 mil. “Trabalhadores com renda de R$ 5 mil estão entre os 10% mais ricos da população e os que ganham R$ 27,4 mil, entre os 1% mais ricos”, apontou o ministro. Ele voltou a reforçar que não há como alcançar o equilíbrio das contas públicas sem a reforma da Previdência, responsável por 57% da despesa total. Por sua vez, o gasto com pessoal é a segunda maior despesa obrigatória, com peso de 12,6% do gasto.

Oliveira frisou ainda que a intenção não é responsabilizar os servidores pelo ajuste fiscal, mas alinhar a gestão às práticas do setor privado. Como exemplo, citou a redução da jornada de trabalho com remuneração proporcional. Atualmente, apenas 0,5% dos servidores reduziram a jornada, contra 6,1% do setor privado. Somente com a reestruturação das carreiras, o ministro estimou economia acumulada de R$ 70 bilhões nos próximos 10 anos, “sem prejudicar o funcionamento do serviço público e sem retirar direitos”.

Os servidores, no entanto, garantem que os efeitos do PDV, da redução de jornada e da licença incentivada, juntos, devem ser ainda menores do que espera o governo. “No momento em que a população brasileira cobra melhor funcionamento das instituições, em vez de fortalecer o serviço público, o governo o enfraquece, incentivando as pessoas a abandonar as carreiras e fazer o serviço público de bico, com a possibilidade de redução de jornada”, criticou Carlos Eduardo Sobral, presidente da Associação Nacional dos Delegados da Polícia Federal (ADPF). Apesar de poder aderir ao PDV, os servidores da PF não podem pedir redução de jornada.

Sobral lembrou que até as instituições de fiscalização e controle, que sofrem com severa escassez de recursos humanos, pode ficar em situação dramática. “Com certeza, esse decreto não atende ao interesse público e prejudica as ações de fiscalização e controle dos atos da gestão pública”, disse. A PF ficou de fora da redução de jornada. Afinal, isso não faz o menor sentido para uma instituição que sofre com a carência de servidores e que luta por concurso público para continuar combatendo o crime organizado e a corrupção”, assinalou Sobral.

Rudinei Marques, presidente do Sindicato Nacional dos Auditores e Técnicos Federais de Finanças e Controle (Unacon Sindical), disse que “vai pagar para ver” o futuro do PDV. “A previsão é de baixa adesão. Porém, os que deverão sair são exatamente aqueles que o governo deveria tentar manter, como servidores do Banco Central ou do Tesouro, altamente qualificados e com fácil inserção no mercado financeiro. Os que têm baixa qualificação sabem das dificuldades e não vão se arriscar”, destacou.

Crédito: Blog do Servidor/Vera Batista/Correio Braziliense – disponível na internet 15/09/2017

Acesse a cartilha da Fonasefe sobre o PDV dos servidores federais >>>

 PDV – CARTILHA FONASEFE FINAL

 

2 Comentários

  1. Tomando como exemplo, um servidor que tenha 34 anos de contribuição e 64 anos de idade, nas regras atuais não teria cumprido todos os requisitos legais para aposentadoria, então poderia aderir ao PDV, como previsto no Inc. II do Art. 4º da Portaria 291/2017 (s.m.j).
    Julgando que esse servidor ganhasse R$ 16.000,00 bruto. Conforme o Art. 12, Inc. I da Portaria 291/2017, para efeito de cálculo do PDV, esse valor seria multiplicado por 1,25 (25%), o que daria um total de R$ 20.000,00. Esse seria o valor bruto para cada ano trabalhado. Como trabalhou 34 anos x 20.000,00 = 680.00,00.
    Esse servidor, poderia continuar contribuindo com 11% sobre a base de R$ 16.000,00, por exemplo, o que daria uma contribuição mensal de R$ 1.760,00. Como ele tem 34 anos de contribuição e 64 anos de idade, só teria que contribuir por mais 12 meses (1 ano). Assim, “investiria” um total de R$ 21.120,00.
    Se eu não interpretei equivocamente a Portaria e, consequentemente, não estiver errado no meu raciocínio, parece-me que seria vantajoso para o servidor, mas para Administração Pública, qual seria a vantagem? Essa teria que desembolsar quase três anos de salários para o servidor, cujo tempo de trabalho na administração seria de no máximo de 6 anos, quando completaria 70 anos e teria que aposentar compulsivamente. Sem falar no prejuízo que a Administração poderia ter ocasionada pela perda um profissional experiente e qualificado.
    “Trabalhadores com renda de R$ 5 mil estão entre os 10% mais ricos da população[…]”. Só pode ser piada…
    Esse Ministro poderia tentar viver com um salário de R$ 5 mil para experimentar se isso é ser rico. Reduz os salários do Legislativo, do Judiciário e daqueles que ganham acima do teto então.
    “Oliveira frisou ainda que a intenção não é responsabilizar os servidores pelo ajuste fiscal[…]”
    Não são os responsáveis, mas estão pagando o pato.
    Os trabalhadores não podem aceitar esses absurdos.

  2. Não acredito nessa notícia. Quem aceita PDV no momento atual de falta de empregos generalizada, sofre de insanidade grave ou está enfrentando algum processo de corrupção e quer fugir dele.

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