Cerca de 30 mil pessoas formaram grandes filas no Estádio Nilton Santos, o Engenhão, no Engenho de Dentro, Zona Norte, em busca de uma oportunidade de emprego, nesta terça-feira. Com calor e sem informação, candidatos chegaram à fila na noite de segunda-feira para conseguir uma vaga entre as 5 mil que serão cadastradas. O restante teria seu nome colocado numa espécie de cadastro de reserva. O evento aconteceu em homenagem ao Dia do Trabalhador.
“O problema é chegar aqui tão cedo, ficar na fila em pé por horas e não fazer ideia de quanto tempo vai precisar esperar para ser atendido”, reclamou o morador de Bonsucesso Elein Carlos, de 52 anos, há um ano desempregado. Após aguardarem na porta do local, candidatos foram orientados a esperar nas arquibancadas do estádio.
Ancelmo Luiz, de 55 anos, desempregado há dois anos, precisou chegar às 21h desta segunda-feira para conseguir atendimento. “Eu imaginei que viriam muitas pessoas e, por estar fora do mercado de trabalho há tanto tempo, resolvi me antecipar. Graças a Deus, o sacrifício da espera deu resultado. Saio daqui com uma entrevista marcada e uma nova esperança para a minha família”, afirma. Mesmo com a medida, Ancelmo só conseguiu ser o número 113 da fila.
No local, candidatos de diversas áreas eram separados em grupos de mil pessoas. Após isso, cada um recebia fichas e aguardava um novo chamado para entrar em uma área onde eram separados por vagas. Devido a quantidade de pessoas, muitos participantes reclamavam da falta de organização. Para o morador de Realengo André Gustavo, de 28 anos, se todos que estivessem aguardando fossem orientados da maneira correta, não teria tanto tumulto e demora. “É muita gente precisando de emprego e pouca gente orientando”, reclamou.
A expectativa do Instituto Fazer o Bem, organizador do evento ao lado da Comunidade Católica Gerando Vida, era de que mais de 10 mil pessoas comparecessem. Porém, segundo eles, cerca de 30 mil passaram pelo local ao longo do dia. Os portões de acesso foram abertos às 8h15 e seriam fechados às 18h.
Segundo Paulo Macedo, coordenador da Comunidade Católica Gerando Vidas, a parte de organização estrutural e de segurança não era sua responsabilidade.
“Trouxemos mais de mil voluntários para ajudar e oferecer uma festa para o trabalhador carioca. A nossa parte foi feita”, comenta o organizador.
Em nota, a Prefeitura do Rio afirmou que estava responsável apenas pelo apoio logístico ao evento. No local havia operação de trânsito com 100 homens, entre controladores da CET-Rio e guardas municipais, com viaturas e motocicletas, que trabalharam para manter a fluidez, coibir o estacionamento irregular, ordenar os cruzamentos e orientar os pedestres.
Foram oferecidas oportunidades em 51 áreas e em mais de 30 empresas. Havia vagas para os níveis Fundamental, Médio e Superior, bem como para estagiário e jovem aprendiz. Além da comemoração pelo Dia do Trabalhador, o evento contou com espaços de comidas de rua, shows de samba e pagode, entretenimento para crianças, oficinas de artesanato e postos de vacinação contra a febre amarela e gripe.