O Brasil que não queremos.

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O Brasil que não queremos para o futuro é o da intolerância crescente e do ódio político, que abala a democracia e afasta amigos e familiares. No momento, pouco importa saber como surgiu essa agressividade exacerbada na política, mas sim, como isso irá parar. As acusações de ambos os lados só colocam mais litros de álcool nessa fogueira.

Apesar dessas rivalidades e da decepção generalizada com a classe política, a sociedade tem se mobilizado de forma construtiva e criado mecanismos para auxiliar o eleitor a valorizar o seu voto.

O fato de existirem 28.596 candidatos em todo o país dificulta as escolhas. Assim sendo, surgiram recentemente diversos aplicativos que o eleitor poderá consultar antes de decidir em quem votar. Alguns são restritos a candidatos a determinados cargos, outros monitoram a atividade dos que já estão no poder. Faltando 20 dias para o primeiro turno, vale a pena navegar em alguns sites e baixar alguns aplicativos úteis.

No site www.unidoscontraacorrupcao.org.br/, por exemplo, estão fotos dos candidatos que têm passado limpo, compromisso com a democracia e apoiam as novas 70 medidas contra a corrupção.

O Detector de Ficha de Político (www.vigieaqui.com.br/detectordefichadepolitico) é um aplicativo no qual você tira uma foto do político (pode ser ao vivo, pela TV, num cartaz etc.) e, em instantes, acessa todas as informações consolidadas a partir de dados oficiais de diversos tribunais, com a finalidade de examinar a ficha corrida do candidato à reeleição. O VigieAQUI complementa o aplicativo, visto que destaca, em qualquer site, os nomes de políticos com pendências na Justiça. Basta navegar normalmente e sempre que o nome de um político condenado, processado ou investigado aparecer, o plugin o grifará de roxo. Depois, é só passar o mouse por cima do nome para conferir a sua ficha judicial.

No Capital dos Candidatos (http://capitaldoscandidatos.info/), o eleitor verá em quanto aumentou o patrimônio dos políticos entre eleição e reeleições.

Já o Ranking dos Políticos (www.politicos.org.br/) elenca, em ordem do melhor para o pior, os deputados federais e senadores por presença nas sessões, gastos com a cota parlamentar, processos e como atuou em votações e proposição de projetos. Esse ponto pode ser controverso porque a classificação, feita pelo conselho do site, estabelece se os posicionamentos foram bons ou ruins, segundo o seu critério. Mas, quem quiser, pode realizar uma avaliação de forma personalizada, respondendo como teria votado em questões importantes para o país e verificar com quais políticos possui afinidades.

No Poder do Voto (https://www.poderdovoto.org/) é possível escolher um deputado federal, três senadores e acompanhar como eles votam durante o mandato, deixando a sua opinião sobre as posições que assumiram. Dessa forma, irá verificar se o seu representante vota de acordo com os seus posicionamentos. Os políticos também recebem relatórios.

A Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji), por sua vez, lançou ontem o projeto Publique-se (http://publique-se.org.br/), plataforma que reúne documentos de mais de 30 mil processos judiciais cujos textos citam cerca de nove mil políticos brasileiros. A ideia é facilitar o acesso a provas, relatórios, comprovantes e documentos anexados a esses processos para ajudar repórteres em investigações jornalísticas relativas candidatos a cargos públicos.

A cada eleição, a expressão voto consciente é exaustivamente repetida, mas não tem ecoado nas urnas. Essas ferramentas podem ajudar. Infelizmente, muitos ainda escolhem os candidatos na fila da seção eleitoral porque acharam no chão um santinho do seu agrado. Precisamos mudar…

Do mais simples servidor público ao presidente da República, estejam eles no Executivo, Legislativo ou no Judiciário, sejam concursados, comissionados ou eleitos, na prática são apenas os nossos representantes. No bom português, são nossos empregados. Quando todos nós tivermos essa consciência, o país terá mudado.

Artigo publicado no Jornal O Globo   – disponível na internet 11/09/2018

Nota: O presente artigo não traduz a opinião do ASMETRO-SN. Sua publicação tem o propósito de estimular o debate dos problemas brasileiros e de refletir as diversas tendências do pensamento contemporâneo.

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