Instituto Nacional de Tecnologia, no Porto, funciona sem certificado dos bombeiros. Sede da prefeitura do Rio também não tem certificado.

0
764

Funcionários denunciam ‘risco iminente’ no INT onde são feitos experimentos químicos em 19 laboratórios; direção diz que tem adotado medidas para obter aval

É na movimentada Avenida Venezuela, na Região Portuária, que mais um caso de falta de fiscalização preocupa centenas de trabalhadores. O prédio de oito andares, que abriga desde 1934 o Instituto Nacional de Tecnologia (INT), funciona a pleno vapor, mesmo sem ter o atestado de cumprimento das exigências do Corpo de Bombeiros. Esse, porém, não é qualquer edifício. Ali há 19 laboratórios, onde muitos experimentos — inclusive para a área do pré-sal — são feitos com agentes químicos e diferentes gases.

Na última segunda-feira, os cerca de 300 funcionários foram dispensados antes do horário devido a um forte cheiro de gás. O prédio, vizinho à Alfândega, ao Instituto Estadual do Ambiente (Inea) e à Superintendência da Polícia Federal, não tem, segundo o Corpo de Bombeiros, o Certificado de Aprovação, necessário para seu funcionamento.

O “risco iminente” e o “altíssimo grau de periculosidade” foram destacados num memorando enviado pela Divisão de Gestão de Pessoas do INT ao diretor do órgão no último dia 5. O documento solicita “providências urgentes” ao mencionar problemas como má distribuição de tomadas, fios desencapados, falta de tampa do quadro de disjuntores e uso de extensões. Também há menção a um laudo de periculosidade e insalubridade, entregue em dezembro do ano passado, que recomendou a transferência dos laboratórios para uma área fora do INT. “Rogamos que providências sejam tomadas, de maneira urgentíssima, para que não presenciemos, caso não façamos parte das vítimas, uma tragédia, humana ou patrimonial”, diz o texto.

Medidas adotadas

Em nota, o INT informou que, por orientação do Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações, tem adotado as medidas para atender às exigências legais. Destacou ainda que uma empresa contratada elaborou um projeto de segurança já enviado ao Corpo de Bombeiros. A recarga dos extintores, a adequação da sinalização de emergência, a instalação de fita antiderrapante nas escadas e de lâmpadas de emergência e o descarte correto de produtos químicos são medidas já adotadas, afirma o órgão federal. Também está sendo feita uma licitação para a aquisição de armários antiexplosão e a contratação de brigadistas. O INT ressaltou que segue as normas de segurança e que realiza treinamento de seus técnicos e pesquisadores.

Crédito: Giselle Ouchana /O Globo – disponível na internet 16/02/2019

Responsável por fiscalizar irregularidades, prefeitura do Rio não tem certificado dos bombeiros em sua sede

Município, que não cumpriu exigências do órgão para sua sede, na Cidade Nova, alegou estar em tratativas para se regularizar.
 

Apesar de se tratar de um prédio público, a assessoria de imprensa do Corpo de Bombeiros se negou a informar ao GLOBO quais os requisitos que a prefeitura deixou de cumprir, alegando se tratar de um documento “não acessível para fins de divulgação”.

Fontes, porém, disseram que as irregularidades variam. Vão desde a falta de escada na parte externa do edifício até a instalação de portas duplas que seriam capazes de impedir o alastramento de chamas em caso de incêndio. A última vistoria feita pelo Corpo de Bombeiros ocorreu no ano passado.

De acordo com os bombeiros, apesar do descumprimento do projeto de segurança pela prefeitura, não há necessidade de interditar o Centro Administrativo São Sebastião.

Em nota, a assessoria de imprensa da prefeitura informou que não há risco de uma eventual interdição dos bombeiros por conta da falta do Certificado de Aprovação e que vistorias anteriores já constataram que não há risco “flagrante e iminente”.

Sigilo: bombeiros não revelaram exigências feitas, mas funcionários disseram que não há, por exemplo, portas duplas para conter chamas em caso de incêndio Foto: Guito Moreto / Agência O GLOBO
Sigilo: bombeiros não revelaram exigências feitas, mas funcionários disseram que não há, por exemplo, portas duplas para conter chamas em caso de incêndio Foto: Guito Moreto / Agência O GLOBO
Ainda de acordo com a assessoria do município, a prefeitura não fez intervenções no Centro Administrativo porque não tem poder de polícia nem para “interditar a si mesma”. Também afirmou que a prefeitura está seguindo todas as orientações do Corpo de Bombeiros, que não apresentou laudo de interdição. Portanto, segundo o município, não há restrição para o funcionamento do prédio, que está de acordo com a legislação. A prefeitura mantém tratativas com o órgão para a obtenção do certificado de aprovação.

Brigadistas de plantão

Outra alegação da prefeitura é que o Centro Administrativo São Sebastião “mantém brigadas de incêndio permanentes, no interior e no entorno dos dois edifícios, composta por 36 brigadistas e mais um coordenador, trabalhando 24 horas por dia, em turnos de 13 por 36 horas, inclusive sábados, domingos e feriados”.

Crédito: Paulo Cappelli /O Globo – disponível na internet 16/02/2019

DEIXE SEU COMENTÁRIO

Por favor, insira seu comentário!
Por favor, digite seu nome!