Reajuste salarial e concursos públicos devem ficar congelados até a reforma da previdência

1
764

Novos concursos públicos federais não devem ser abertos até a aprovação da reforma da Previdência, segundo o secretário de Gestão e Desempenho de Pessoal, Wagner Lenhart. Os reajustes salariais para servidores também só devem voltar a ser discutidos após a tramitação das novas regras da aposentadoria.

Em entrevista a VEJA, ele afirmou que o governo está apenas autorizando a nomeação dos aprovados em concursos já realizados.

“No primeiro momento, não [vai ter concurso em 2019]. Apenas em um caso muito excepcional. A princípio, o que estamos tratando como situação atual é que não vai, de fato, ocorrer concurso público.”

Segundo Lenhart, a situação orçamentária do país não permite a abertura de novos editais. A ideia é esperar o desenrolar da reforma da Previdência para só então discutir uma nova posição do governo sobre o assunto.

No entanto, especialistas em concursos públicos ouvidos por VEJA no começo do ano afirmaram que órgãos como o Instituto Nacional de Seguridade Social (INSS) e a Receita Federal estão com déficits de servidores.

Com esse impasse entre necessidade de contratações e problemas orçamentários impedindo a abertura de editais, o governo aposta na movimentação de pessoal entre diferentes órgãos.

Medidas como essa foram facilitadas pela portaria 193, publicada em junho de 2018. Segundo o texto, a movimentação pode ocorrer “em caso de necessidade ou interesse público ou por motivos de ordem técnica ou operacional”. A transferência também é irrecusável e não depende de aprovação prévia do órgão ao qual o servidor está vinculado.

Segundo o secretário, essa não é a única frente de atuação do governo. “Estamos estimulando os órgãos a adotarem algumas ferramentas e mecanismos para ganho de eficiência, como processos eletrônicos, serviços em formato digital, reestruturação das unidades administrativas”, exemplifica ele.

Órgãos de segurança pública, pauta de grande importância para o atual governo, também possuem necessidade de pessoal, segundo especialistas. Nesses casos, a transferência entre órgãos é mais complexa, porque algumas funções necessitam de habilidades específicas, principalmente aquelas com atuação de campo.

A solução, segundo ele, é verificar se existe pessoal com capacidade de atuação em campo exercendo cargos administrativos. “É evidente que para policial fica mais difícil [a transferência].”

“É uma atividade para ser feita com cada um dos órgãos, na conversa e diálogo, para identificar como podemos suprir, se não na integralidade, em parte as demandas, sem a necessidade de realizar concursos públicos”, afirma Lenhart.

Reajuste salarial

Além dos concursos, a tendência é que os reajustes salariais de servidores também só sejam discutidos após a tramitação da reforma da Previdência. “Hoje, a realidade atual não nos permite pensar em qualquer tipo de reajuste”, afirma Lenhart.

Segundo o secretário, a situação em 2020, 2021 e 2022 vai depender se e em quais termos a PEC for aprovada no Congresso.

O último reajuste para os servidores ocorreu em 2015, com o pagamento sendo dividido em duas ou quatro parcelas, de 2016 a 2019, com valores fixos. As negociações ao longo dos anos foram complicadas, sendo que em 2017 e em 2018 o governo tentou adiar o pagamento para os anos seguintes.

“Em termos conceituais não sou contra os quatro anos [de pagamento]. Depende muito de como você constrói a negociação.” Para ele, a definição se futuros ajustes seriam atrelados ou não à inflação depende da situação econômica do país.

“Percentual fixo pode ser bom ou ruim, tanto para um lado como para o outro, dependendo de quanto a inflação prosseguir nos anos seguintes”, afirma.

Para além das contas, o problema para o governo também é de custo político. A classe dos servidores é uma das mais afetadas pela proposta de reforma da Previdência e pela crise nos estados.

Uma das principais novidades da reforma é alteração nas alíquotas de contribuição dos servidores privados e públicos, que serão unificadas. Elas partem de 7,5% para quem ganha o salário mínimo (hoje em 998 reais). Os servidores com benefícios acima do teto do Instituto Nacional do Seguro Social (atualmente em R$ 5.839,45) terão alíquotas de contribuição mais altas, chegando a 22%.

Além disso, diversos estados já passam por problemas financeiros principalmente com a folha de pagamentos. A situação fiscal no Mato Grosso, por exemplo, fez com que o governo parcelasse os pagamento de dezembro e janeiro. Em Goiás, ocorreram atrasos de mais de um mês. Além deles, outras cinco unidades federativas também estão em situação de calamidade financeira: Roraima, Rio Grande do Norte, Rio de Janeiro, Minas Gerais e Rio Grande do Sul.

Somando-se essas questões ao não reajuste salarial, as conversas com os servidores tendem a ser delicadas. “É evidente que temos de conversar com o servidor à respeito isso. E vamos fazer. Entendemos que boa parte dos servidores também já compreendeu a gravidade da situação e a necessidade de se fazer ajustes. Vamos, com certeza, estabelecer canais de diálogo e comunicação para que os servidores entendam o que está sendo feito, o motivo disso, em que termos e qual sua importância”, completa Lenhart.

Crédito: BSPF com a fonte: da Revista VEJA – disponível na internet 09/03/2019

1 Comentário

  1. Coitados de nós, servidores públicos, que estaremos sempre pagando pelas más gestões dos governistas…. Isso é absurdo! Porque não cortar os absurdos privilégios dos políticos e juízes, procuradores etc? Também dos militares, seus dependentes e pensionistas vitalícios?
    Há que se fazer justiça verdadeira em todos os campos…
    Por favooooooor!
    Att, Rute camargo borges

DEIXE SEU COMENTÁRIO

Por favor, insira seu comentário!
Por favor, digite seu nome!