Em pouco mais de quatro meses de governo, o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep) já teve o segundo presidente demitido. Nesta quinta-feira, Elmer Vicenzi deixou a instituição. Na opinião do educador Chico Soares, que já ocupou a presidência do órgão entre 2014 e 2016, a instabilidade pode resvalar no Exame Nacional do Ensino Médio ( Enem ). De acordo com ele, no entanto, o corpo técnico da instituição será responsável por garantir que o Enem fique imune ao vai e vem na autarquia.
— O Inep tem um corpo técnico muito qualificado e esse é o dado que me dá esperança. O lado negativo é que algo tão delicado como o Enem precisa de voz de comando, tem que ter a pessoa que toma a iniciativa. Esse é mais um ponto preocupante que se soma à falência da gráfica que imprimia a prova. Sem comando, os riscos ficam maiores — afirmou Soares, que atualmente é membro do Conselho Nacional de Educação (CNE).
Vicenzi estava há menos de 20 dias na autarquia e, segundo o Ministério da Educação (MEC) foi demitido porque pediu. Ele havia assumido o posto para substituir Marcus Vinicius Rodrigues, que foi demitido pelo ex-ministro da Educação Ricardo Vélez Rodríguez após uma crise devido à suspensão da avaliação da alfabetização .
Interlocutores, no entanto, afirmam que Vicenzi acabou responsabilizado pelo número errado, de R$ 500 mil e não o valor correto, de R$ 500 milhões, do custo da avaliação do ensino básico anunciado em coletiva de imprensa por Weintraub . Recente rixa com a Consultoria Jurídica do Inep também pesou na demissão.
Para Chico Soares, o troca-troca na pasta demonstra que não há rumo definido pelo governo, o que pode acabar trazendo prejuízos .
— Essa instabilidade indica falta de uma política na área. É uma mudança constante, está faltando coesão. O exemplo da guerra é bom nesse caso. Se houve uma guerra no Brasil, o Inep chefiaria a estratégia logística. Para que as coisas acontençam tem que haver decisão, processo e execução, o Enem é isso. O governo não vai conseguir colocar uma prova em milhares de cidades sem isso — disse.
Crédito: Paula Ferreira e Renata Mariz/Correio Braziliense – disponível na internet 17/05/2019
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