Governo não tem mais dinheiro e tenta sobreviver a este ano, diz Bolsonaro
Governo fez dois contingenciamentos neste ano para cumprir meta de déficit fiscal
Bolsonaro foi questionado sobre o corte de 4,5 mil bolsas do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) por falta de orçamento.
“O Brasil todo está sem dinheiro. Em casa que falta pão, todos brigam e ninguém tem razão. Os ministros estão apavorados, estamos aqui tentando sobreviver no corrente ano. Não tem dinheiro. Eu sabia disso, estamos fazendo milagre, conversando com a equipe econômica para ver o que a gente pode fazer”, disse o presidente. “Não é maldade da minha parte. Não tem dinheiro, só isso.”
O presidente disse ainda que os problemas de orçamento do Executivo Federal são graves e que a ausência de recursos terá como um dos impactos a redução da jornada de militares, que trabalhariam durante “meio expediente”.
Perguntado sobre o que se pode fazer para recuperar o Orçamento, Bolsonaro afirmou que o governo está trabalhando com privatizações, está cortando consultorias e “programas absurdos” para tentar economizar.
Desde o início do ano, o governo já bloqueou mais de R$ 30 bilhões. O primeiro contingenciamento foi de R$ 30 bilhões, em março, e afetou principalmente o setor de educação. Em julho, foi mais R$ 1,4 bilhão.
De acordo com o Ministério da Economia, falta dinheiro porque a economia brasileira em ritmo lento tem feito a arrecadação vir abaixo do esperado.
Os contingenciamentos são para cumprir a meta fiscal, que é já de um déficit de R$ 139 bilhões.
Em junho, o setor público consolidado brasileiro registrou um déficit primário de R$ 12,706 bilhões, queda de 5,8% sobre igual mês do ano passado, puxada por melhor desempenho do governo central.
O Brasil não tem superávit primário desde 2013. Durante a campanha presidencial de 2018, o ministro da Economia, Paulo Guedes, disse que pretendia zerar os R$ 139 bilhões negativos neste ano, com a venda de empresas estatais.
Para o secretário do Tesouro, só será possível voltar a ter superávit primário em 2023. Em evento da XP Investimentos, em julho, o secretário disse que o Brasil, como sociedade, tomou decisões erradas do ponto de vista fiscal e que, como resultado, a dívida pública, que foi de 51% do PIB em 2013, é de 69% atualmente e deve crescer “um pouco mais”.
“Mesmo com a reforma da Previdência e com o ajuste fiscal, não teremos espaço para investimento público ou para reduzir a carga tributária em três ou quatro anos”, disse.
Crédito: Redação da Exame com Reuters e Estadão Conteúdo – disponível na internet 17/08/2019