A aliados, Bolsonaro põe em xeque manutenção de Guedes na Economia

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O presidente Jair Bolsonaro disse a interlocutores estar profundamente irritado e incomodado com o ministro da Economia, Paulo Guedes. O principal motivo foram as declarações de Guedes nesta semana em que chega a citar a possibilidade de impeachment de Bolsonaro caso o presidente opte por uma agenda econômica que amplie os gastos públicos.

A relação entre Bolsonaro e Guedes, assim, termina a semana péssima, de acordo com integrantes do governo. E já começam a aparecer no entorno presidencial as comparações com outros ministros considerados indemissíveis, como Luiz Henrique Mandetta e Sergio Moro. A leitura é de que, apesar das previsões de que o governo acabaria com a saída de ambos, Bolsonaro sobreviveu. E que Paulo Guedes não é o único nome com características de dar ao mercado e ao setor produtivo a confiança de que o país não entrará em nenhuma nova aventura fiscal. 

O nome do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, inclusive, voltou a circular como possível substituto de Guedes. Ele também é um liberal como o atual ministro. Mas não há previsão de qualquer substituição no curto prazo.

Segundo fontes do governo, Bolsonaro chegou a dizer estar com a paciência com Guedes “no limite”. A avaliação é que a forma como Guedes tem conduzido o debate sobre teto de gastos criou uma situação que não condiz com a realidade. Isso porque o debate, segundo interlocutores do presidente, é evitar que o teto seja furado em 2021, uma vez que neste ano, em razão do estado de calamidade, sequer há teto de gastos a ser respeitado.

Nesse sentido, Guedes teria forçado uma dicotomia dentro do governo entre uma ala que pretende gastar e outra que pretende economizar, quando na verdade o que o governo pretende é respeitar as regras fiscais mas aproveitar a brecha que o estado de calamidade dá em 2020 para investir em infraestrutura. 

Além disso, tem irritado o presidente o fato de alguns dos auxiliares de Guedes que deixaram o governo estarem migrando para o setor privado. A avaliação é a de que pode estar em curso movimento que ocorreu em governos e equipes econômicas anteriores: uma passagem pelo governo para incrementar o currículo e posterior saída com contracheques felpudos. O ex-secretário do tesouro, Mansueto Almeida, por exemplo, foi para o banco BTG. Já o ex-presidente do BNDES Joaquim Levy se deslocou para o Safra.

Crédito: Caio Junqueira, CNN  Brasil – disponível na internet 15/08/2020


Paciência de Bolsonaro com Paulo Guedes chegou ao “limite”. Saída do ministro será acelerada

Quem esteve com o presidente Jair Bolsonaro nos últimos dois dias ficou surpreso com a forma como ele se referiu ao ministro da Economia, Paulo Guedes. O presidente está irado com as declarações do ministro sobre os riscos de o governo furar o teto de gastos. Bolsonaro deixou claro que a paciência dele com Guedes chegou ao “limite”

Todos, sem exceção, no entorno do presidente, consideraram as falas de Guedes totalmente inapropriadas neste momento. Mas, mais do que o ministro ter admitido que estava havendo uma debandada na equipe econômica, o que realmente foi considerado avassalador por Bolsonaro foi o subordinado ter levantado a possibilidade de impeachment dele.

A ministros palacianos e a pelo menos dois interlocutores, Bolsonaro admitiu que pode acelerar a saída de Paulo Guedes do governo. A convivência entre os dois ficou muito complicada. Para Bolsonaro, o ministro passou dos limites ao levantar suspeitas de estouro do teto de gastos neste ano. Segundo Bolsonaro, como 2020 é excepcional e todos os limites fiscais foram estourados, o que se quer é usar sobras de recursos do Orçamento para obras, como forma de acelerar a economia, arrasada pela pandemia do novo coronavírus.

“Não se falou em descumprir o teto de gastos em 2021. Guedes sabe disso. O que está sendo pedido são verbas para este ano, nada demais”, diz uma fonte ao Blog. Ele ressalta que, pelos cálculos da própria equipe econômica, há uma sobra de pelo menos R$ 30 bilhões no Orçamento deste ano. “Se já destinarmos R$ 5 bilhões para tocar obras que estão paradas já será muito bom. É isso o que o presidente quer”, acrescenta.

Saída de Guedes provocará tumulto nos mercados

Bolsanaro reconhece que a saída de Guedes do governo causará tumultos no mercado financeiro, mas os efeitos, para ele, serão passageiros, pois o substituto do ministro terá a garantia de que os compromissos do governo com o ajuste fiscal serão mantidos. O nome mais citado no Palácio do Planalto como sucessor de Guedes é o do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto.

Para um ministro, os números mais recentes da pesquisa Datafolha, que mostram uma alta substancial na aprovação do governo, dão força para que Bolsonaro leve adiante mudanças no comando do Ministério da Economia. “A relação entre o presidente e Guedes esgarçou-se demais. Será muito difícil ele se reconciliar com o Posto Ipiranga”, ressalta.

Outro ponto que desgastou ainda mais Guedes foi o fato de ele ter dado declarações tão contundentes ao lado do presidente da Câmara, Rodrigo Maia, que não é bem-quisto no Planalto. Maia é o responsável por tirar da gaveta os mais de 50 pedidos de impeachment de Bolsonaro que estão parados na Câmara. “Foi pesado demais o que Guedes fez”, afirma outra fonte.

Crédito: Blog do Vicente / Correio Braziliense – disponível na internet 15/08/2020

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