Depois da Invasão, Congresso confirma vitória de Joe Biden à Presidência dos EUA

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  • Congresso confirma vitória de Joe Biden à Presidência dos EUA
  • Polícia confirma 4 mortos e 52 presos nos arredores do Capitólio durante invasão
  • Um golpe sem precedentes ‘Made in America’
  • Após invasão, Bolsonaro diz ser ligado a Trump e reafirma, sem provas, que eleições foram fraudadas
  • Autoridades do Legislativo e do Judiciário brasileiros condenam invasão

Congresso confirma vitória de Joe Biden à Presidência dos EUA

O Congresso dos Estados Unidos certificou os votos do Colégio Eleitoral na madrugada desta quinta-feira (7) e confirmou a vitória de Joe Biden e Kamala Harris como presidente e vice-presidente dos Estados Unidos, respectivamente.

A sessão havia sido interrompida no meio da tarde após apoiadores de Donald Trump invadirem o Capitólio em protesto contra o resultado das eleições de 3 de novembro. 

Sob forte policiamento, os procedimentos foram retomados pelo vice-presidente dos EUA, Mike Pence, que também é o presidente do Senado.

Ao reiniciar a contagem, o vice de Trump condenou os ataques e afirmou que o Congresso “retorna no mesmo dia para defender a Constituição”

Objeções

A sessão do Congresso foi retomada na mesma altura em que havia parado por conta da invasão — na avaliação da contestação ao resultado no Arizona. Os senadores republicanos Paul Gosar e Ted Cruz contestaram a vitória de Biden no estado, mas a alegação foi rejeitada no Senado (por 93 a 6 votos) e na Câmara dos Reprensetantes (por 303 a 121 votos). 

Outra objeção esperada, a do estado da Geórgia, não foi adiante no Senado. A republicana Kelly Loeffler, senadora do estado derrotada na terça-feira ao tentar reeleição, declarou que não assinaria o pedido após os incidentes violentos da quarta-feira. Com a desistência de alguns senadores republicanos, Mike Pence não encaminhou a objeção para votação.

Mais tarde, uma objeção apresentada pelos senadores Scott Perry e Joshua Hawley foi analisada para contestar a votação na Pensilvânia. No Senado, foi rejeitada por 92 votos a 7. Na Câmara, a objeção foi derrubada por 282 votos a 138.

‘Dia sombrio’

Mais cedo, Pence se recusou a seguir as vontades de Donald Trump. O vice era a última esperança do presidente de impedir a certificação da vitória da chapa Biden-Harris.

Mike Pence disse que o Capitólio viveu um “dia sombrio” e afirmou que vai respeitar o rito, cumprindo as obrigações constitucionais.

Os protestos desta tarde foram estimulados por Trump e alguns aliados. O republicano não reconhece a derrota nas urnas e, sem apresentar provas, aponta uma suposta fraude eleitoral. 

Apesar das declarações e de dezenas de ações, nenhum dos pedidos dele para desacreditar os resultados das eleições foi aceito pela Justiça norte-americana.

‘Ataque às instituições’

A Organização dos Estados Americanos (OEA) divulgou nota nesta quarta condenando a invasão do Capitólio. A instituição chamou os atos de “ataque às instituições”.

A OEA frisou que o uso da força e do vandalismo configura atentado ao pleno funcionamento democrático e que é necessário recuperar a racionalidade para finalizar o processo democrático.

“Urge recuperar a racionalidade necessária e encerrar o processo eleitoral de acordo com a Constituição e os procedimentos institucionais correspondentes,” disse em nota.

“A democracia tem seu pilar fundamental na independência dos Poderes do Estado, que devem atuar totalmente livres de pressões.”

Apesar dos ataques, congressistas americanos querem continuar a sessão que pretende ratificar a vitória de Joe Biden no pleito presidencial de 2020.

Ainda não se sabe se depois dos acontecimentos, congressistas republicanos vão apresentar questionamentos aos votos de alguns estados, como foi feito no início da sessão.

Biden

Joe Biden classificou como “um ataque inédito à nossa democracia” a invasão.

“Neste momento, a nossa democracia sofre um ataque inédito. Um ataque à liberdade, à civilidade, ao Capitólio”, disse o presidente eleito, durante pronunciamento feito a partir do estado americano de Delaware.

“Um ataque aos representantes do povo e à polícia do Capitólio, que jurou protegê-los, um ataque aos servidores que trabalham no coração do nosso país, um ataque à lei como poucas vezes vimos”, prosseguiu Biden

O presidente eleito definiu os protestantes como “pequeno grupo de extremistas destinados à baderna”.

“Isso não é decente, é desordem, é caos e deve terminar agora”, prosseguiu Joe Biden.

Crédito: Diego Freire e Sinara Peixoto/CNN @internet 07/01/2021


Apoiadores de Donald Trump invadem Congresso
Foto: CNN (06.jan.2021)

Polícia confirma 4 mortos e 52 presos nos arredores do Capitólio durante invasão

Quatro pessoas morreram nos arredores do Capitólio, o Congresso dos Estados Unidos, nesta quarta-feira (6) – embora não esteja confirmado se todas eram manifestantes contra o resultado eleitoral. Outras 52 foram presas por incidentes violentos, segundo balanço divulgado pelo chefe do Departamento de Polícia Metropolitana de Washington, Robert J. Contee.

Mais cedo, já havia sido divulgada a morte de uma mulher baleada. Ela chegou a ser levada para o hospital, mas não resistiu aos ferimentos e morreu no início da noite.

 

O chefe da Polícia de Washington divulgou três outras mortes durante a noite da quarta-feira, mas não especificou se essas pessoas eram manifestantes.

“Uma mulher adulta e dois homens adultos parecem ter sofrido de emergências médicas diferentes, que resultaram em suas mortes. Qualquer perda de vida no Distrito é trágica e nossos pensamentos estão com qualquer pessoa impactada por sua perda “, disse ele.

Os serviços de Bombeiros e Emergências Médicas do estado transportaram pessoas para hospitais da área com ferimentos que variavam de parada cardíaca a múltiplas fraturas após a queda de um andaime na frente oeste do edifício do Capitólio. No entanto, as autoridades municipais não disseram se alguma dessas pessoas morreu. 

Crédito: CNN com informações de Sarah N. Lynch e Heather Timmons, da Reuters @internet 07/01/2021


Um golpe sem precedentes ‘Made in America’ 

Em um ato sem precedentes na história dos Estados Unidos, o processo de formalização dos resultados da eleição de 2020 não pôde ser concluído dentro do cronograma previsto. Isso porque a sessão conjunta do Congresso, que validaria os votos do colégio eleitoral, teve de ser interrompida após a invasão do Capitólio por manifestantes trumpistas. A invasão ocorreu após um discurso insuflado do presidente em exercício e uma série de provocações publicadas por Donald Trump via Twitter. Uma delas conclamava seus apoiadores a “LUTAR”, em letras capitulares. Hora depois: confusão, violência e toque de recolher em Washington DC.

Se, no passado, estávamos convencionados a pensar na prisão de oposicionistas ou na instauração de regimes de exceção como sinais para qualificar um golpe de Estado, a experiência americana de 2021 reforça o argumento de que, nos tempos atuais, as ameaças podem vir com nova roupagem.

Crédito: Fernanda Magnotta/O Estado de S.Paulo – @internet 07/01/2021


Após invasão, Bolsonaro diz ser ligado a Trump e reafirma, sem provas, que eleições foram fraudadas 

“Eu acompanhei tudo hoje. Você sabe que sou ligado ao Trump. Então, você sabe qual a minha resposta aqui. Agora, muita denúncia de fraude, muita denúncia de fraude. Eu falei isso um tempo atrás e a imprensa falou: ‘sem provas, presidente Bolsonaro falou que foi fraudada as eleições americanas'”, disse.

Mais uma vez sem apresentar provas, Jair Bolsonaro voltou a alegar que as eleições de 2018, da qual saiu vencedor, registraram fraudes que lhe tiraram uma vitória em primeiro turno. “A minha foi fraudada. Eu tenho indício de fraude na minha eleição, era para ter ganho no primeiro turno”, declarou.

Durante visita aos Estados Unidos, em 9 de março do ano passado, Bolsonaro disse que entregaria provas de que as eleições de 2018 foram fraudadas, mas nunca as apresentou. 

Mais cedo, o vice-presidente Hamilton Mourão afirmou que a invasão do Congresso dos EUA por apoiadores de Trump que acreditam em fraude nas eleições vencidas por Joe Biden é uma “questão interna”.  “São questões internas dos EUA e que terão de ser solucionadas pelo novo governo e de acordo com a lei”, disse o vice ao Estadão.

Líderes de outros países democráticos, como os presidentes da França, Emmanuel Macron, e da Colômbia, Iván Duque, comentaram o episódio. No Brasil, a Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República disse que não comentaria o caso, e o Itamaraty não havia se posicionado até a conclusão desta reportagem.

Crpédito: Vinícius Valfré com a colaboração de  Tânia Monteiro e Felipe Frazão/ O Estado de S.Paulo – @internet 07/01/2021


Autoridades do Legislativo e do Judiciário brasileiros condenam invasão

Mais uma vez, autoridades dos poderes Legislativo e Judiciário brasileiros condenaram a invasão nos EUA. O presidente do Congresso, Davi Alcolumbre (DEM-AP), chamou o episódio de tentativa de insurreição e disse que o protesto é inaceitável.

“As imagens da invasão ao Congresso americano, em uma tentativa clara de insurreição e de desprezo ao resultado das eleições por parte de um grupo,são inaceitáveis em qualquer democracia e merecem o repúdio e a desaprovação de todos os líderes com espírito público e responsabilidade”, escreveu Alcolumbre.  

No mesmo tom, o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), chamou o caso de “desespero de uma corrente antidemocrática que perdeu as eleições”.

“No triste episódio nos EUA, apoiadores do fascismo mostraram sua verdadeira face: antidemocrática e truculenta. Pessoas de bem, independentemente de ideologia, não apóiam a barbárie. Espero que a sociedade e as instituições americanas reajam com vigor a essa ameaça à democracia”, disse o  ministro do Supremo Tribunal Federal e presidente do Tribunal Superior Eleitoral, Luís Roberto Barroso. 

Crédito: Vinícius Valfré com a colaboração de  Tânia Monteiro e Felipe Frazão/ O Estado de S.Paulo – @internet 07/01/2021

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