Lucro Social : Trabalho “Home Office” ou Presencial no radar das oficinas

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Crédito da Imagem Inmetro

A crise provocada pela pandemia do coronavírus (COVID-19) jogou luz sobre a alternativa de uma novo modelo de trabalho, popularmente conhecido como o “home office” que, na balança, se apresentou como solução para uma série de questões e motivou profundos debates. Na mesma linha de pensamento, há que se jogar luz também sobre o formato de trabalho presencial, consagrado, que se mantém necessário, essencial, cruzando fronteiras do país e do mundo: estradas, portos, aeroportos, laboratórios, indústrias, mas praticamente invisível, pouco reconhecido e valorizado.

Em ambos os casos – “home office” e presencial – a pandemia aponta para a necessidade de ligarmos o alerta, à importância de se analisar de que forma devemos aplicar a metodologia do “Lucro Social” nas duas formas de trabalho. Agora, mais do que nunca, não se pode perder de vista o sentido básico do “Lucro Social”, nesse novo cenário em que vivemos há cerca de um ano, quando a pandemia mudou tudo em todos os continentes.

Apesar das medidas restritivas, das limitações e entraves impostos pela pandemia, como a suspensão e até paralisação das mais diversas atividades, o INMETRO manteve todas as suas portas abertas para atender às demandas do Brasil e exterior. Nenhuma atividade essencial do INMETRO foi prejudicada ou interrompida. Pelo contrário, o Instituto acolheu com responsabilidade as necessidades que se fizeram imperativas diante de quadro social dramático que atingiu a nação e o mundo.     

Portanto, valorizar e reconhecer o trabalho responsável do servidor público, nessa difícil conjuntura, é o nosso ponto de partida na aplicação do método do “Lucro Social”, tema de nossas oficinas. Vamos relembrar, então, que baseado no modelo Embrapa de Lucro Social, desde 2009, o ASMETRO-SN vem desenvolvendo a sua própria metodologia. Desde 2014, o Sindicato já realizou dezenas de oficinas, reunindo representantes de ministérios, sindicatos e do setor público, de todas as regiões do país.

Vamos relembrar também que na definição do ASMETRO-SN, Lucro Social é a “quantificação do retorno e/ou economia, em prol da sociedade, dos investimentos feitos em função da ação de um órgão governamental, quer seja diretamente, através das ações de fiscalização, regulação e controle, ou indiretamente, através de desdobramentos de suas ações”.

SERVIDORES NO “FRONT”

Agora, sobretudo, em momento que exige de todos imensos chamados à consciência, à preservação da vida, de respeito ao trabalho de fato, sem maquiagens, os profissionais do “front”, que se arriscam, arriscando consequentemente a saúde de suas famílias, seus coletivos, precisam se tornar mais visíveis e reconhecidos.

São eles que compõem a mais importante engrenagem para o êxito das atividades econômica, científica, tecnológica, médica, por exemplo, visando o bem estar de toda a sociedade, o patrão de todos. O trabalho do servidor público, está diretamente ligado aos resultados do Produto Interno Bruto (PIB) do país. Isso é lucro social? Vamos debater.  

Para se ter ideia sobre a importância das múltiplas atividades dos servidores públicos, na terça-feira (15/3), funcionários do Inmetro participaram ativamente da força tarefa para fiscalizar o mercado de combustíveis, em 16 estados, nas cinco regiões do país. Ao todo, foram 45 postos revendedores de combustíveis e quatro revendas de GLP fiscalizados em 24 cidades. Com a Agência Nacional de Petróleo (ANP) e o Procom, foram realizadas 12 autuações, trabalho de grande importância para o consumidor.  

É fundamental relembrar que, em 2020, um ano marcado pela pandemia, o INMETRO fiscalizou cerca de 320 mil bombas de combustível em todo o país. Nesse período, foram verificadas 318.689 bombas, sendo que desse total, 296.808 foram aprovadas (93,13%); e 21.881 (6,87%), reprovadas, por mal funcionamento ou adulteração dos componentes de medição. A fiscalização, é sem dúvida, um dos maiores benefícios para gerar confiabilidade na relação da sociedade com o serviço público. É lucro social!

É lucro social também e temos que enfatizar o trabalho dedicado dos servidores que atuam nos laboratórios, tanto da DIMCI e DIMAV, como da DIMEL.  Não se pode deixar de enaltecer o trabalho realizado no Campus do Inmetro/Xerem Dr. Armênio Lobo da Cunha Filho, as calibrações metrológicas, por exemplo são fundamentais para garantir o fornecimento de energia, segurança dos importantes equipamentos de saúde, sem os quais nada seria possível de ser realizado para salvar vidas. E salvar vidas é o que mais importa.

Nesse contexto, dentro do mais amplo esforço nacional, as pesquisas para o combate do coronavírus, da maior importância, passam pelos laboratórios do INMETRO. Destacamos o trabalho fundamental dos servidores nos testes dos termômetros infravermelhos, a colaboração no desenvolvimento de respiradores e de tecidos para máscara cirúrgica, identificação do vírus, entre outros de suma relevância. Na conjugação servidor público e lucro social, há uma perfeita sintonia em prol da sociedade brasileira.      

COMPLEXIDADE DE AÇÕES

Convidamos, assim, para refletirem sobre a gigantesca complexidade de ações desenvolvidas presencialmente pelos servidores públicos do INMETRO nos mais longínquos centros urbanos. Levar para o debate as diversas formas de atuação do servidor é fundamental na compreensão do “Lucro Social”, na valorização de suas atividades.

Desde o mais distante IPEM (Instituto de pesos e Medidas), nos fundos da Avenida André Araújo, 242, em Manaus; até os IPEMs de Alagoas, Bahia, Espirito Santo, Maranhão, Minas Gerais, Paraíba, Ceará, Goiás, Mato Grosso do Sul, Pará, Paraná, Pernambuco, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Sergipe, Piauí, Rio Grande do Norte, Rondônia e São Paulo, há servidor público trabalhando todos os dias, sem a visibilidade merecida.  Braço direito do INMETRO, a RBMLQ-I também reúne profissionais incansáveis nesse período mais duro de pandemia.     

O trabalho presencial não parou em nenhum momento. Pelo contrário, exigiu mais envolvimento e cuidados por conta do contágio do coronavirus. Essas questões não podem sair do radar quando se debate o “Lucro Social” para medir o esforço, a dedicação, o afinco de trabalhadores do serviço público, do Norte ao Sul do País.

A sociedade exercendo seu poder como patrão, pode e deve exigir a qualidade de produtos, o aperfeiçoamento de serviços e o aprimoramento do trabalho nos dois modelos. Mas a sociedade conhece essa engrenagem? É de conhecimento de todos que a produção de produtos essenciais como máscaras, cilindros de oxigênio, demais aparelhos hospitalares, passam pelo crivo dos servidores públicos do Inmetro? O debate sobre “Lucro Social” precisa estar inserido nesse contexto. A máquina industrial não funciona sem o trabalho dos servidores do INMETRO.

Fiscalização, acreditação, certificação, calibração, não acontecem sem os profissionais que estão na linha de frente, mas pouco visíveis.

CONFIANÇA DA SOCIEDADE    

Sérgio Ballerini é Mestre em Sistema de Gestão; Analista Executivo em Metrologia e Qualidade; Servidor público federal aposentado. Presidente do ASMETRO-SN. Exerceu os cargos de Diretor de Metrologia Legal e Diretor de Normalização no Inmetro, Diretor da Administração e Finanças na Fundação de Tecnologia Industrial, Diretor e Presidente na Datamec SA.

As oficinas de “Lucro Social” promovidas pelo ASMETRO-SN têm sido fundamentais para ampliar esse debate, para democratizar as informações relevantes sobre o tema necessário, que deve estar na linha de frente de todo o serviço público.

A confiança da sociedade no trabalho em prol de todos é um dos fatores mais importantes, lembrando que o cenário de competitividade avança a passos largos na direção do desenvolvimento, da tecnologia, que envolve consumo e demandas mais exigentes. A qualificação, portanto, é ponto decisivo no serviço público.

Em plena pandemia, vale toda atenção à Proposta de Emenda à Constituição (PEC-32/20), do Poder Executivo, visando alterar dispositivos sobre servidores e empregados públicos, modificando a administração pública direta e indireta. Tema primordial para as próximas oficinas de Lucro Social. Não podemos deixar de direcionar as nossas atenções a temas fundamentais como o da PEC-32/20, mesmo vivendo hoje num cenário de dificuldades e de grandes desafios.

Sem dúvida, as demandas da sociedade precisam ser atendidas, caminhando passo a passo com a capacidade de trabalho nos dois modelos. A quantas anda esse debate no país, entre os servidores públicos responsáveis e engajados na luta pela valorização do trabalho, conquistado com tanta dedicação?

FERRAMENTA PODEROSA

É preciso dar visibilidade aos dois modelos, ampliando o debate sobre a aplicação do “lucro social”. Afinal, o balanço social no setor público é, sem dúvida, ferramenta muito mais poderosa, assumindo que a sociedade é o patrão direto das ações decorrentes de empresas públicas. Essa ferramenta poderosa precisa ser debatida em toda a mesa de negociação: é o lucro social do trabalho do servidor público, incansável nas inúmeras atividades que realiza para a sociedade. 

Numa área de 1,7 milhão de metros quadrados, em Xerém, baixada fluminense, o Inmetro desponta com a sua importância tecnológica. E vai muito mais além. Com seus laboratórios e Institutos, a sua missão visa o fortalecimento das empresas nacionais, aumentando sua produtividade por meio da adoção de mecanismos destinados à melhoria da qualidade e da segurança de produtos e serviços.

Certamente, o servidor público é o principal protagonista dessa história, como tem sido demostrado em todas as oficinas. Agora, diante dos desafios impostos pela pandemia, debater “lucro social” é mais do que fundamental em nossa pauta.       

Sérgio Ballerini

ASMETRO-SN 18/03/2021    

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