Dança das Cadeiras: Governo confirma troca de comando em ministérios

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Bolsonaro altera o comando de seis ministérios; veja lista

Demissão de ministro da Defesa é vista como pressão de Bolsonaro por maior influência nos quartéis

Com Guedes cada vez mais fraco, Ministério da Economia poderá ser fatiado

 

Bolsonaro altera o comando de seis ministérios; veja lista

O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) anunciou nesta segunda-feira (29) seis mudanças no alto escalão do governo. Casa Civil, Secretaria de Governo, Advocacia-Geral da União (AGU), Ministério da Defesa, Ministério da Justiça e Segurança Pública e Ministério das Relações Exteriores terão novos ministros.

A informação foi antecipada pela repórter da CNN Rachel Vargas.

No saldo final, três ministros saem e três ministros entram no governo. O general Fernando Azevedo, exonerado da Defesa; Ernesto Araújo, que pediu demissão das Relações Exteriores; e José Levi Mello do Amaral Júnior, que pediu demissão da AGU, não integram mais o primeiro escalão.

Tabela com a mudança nos ministérios do presidente Jair Bolsonaro
Tabela com a mudança nos ministérios do presidente Jair Bolsonaro no dia 29 de março de 2021
Foto: CNN

Três ministros mudaram de pasta. O general Walter Braga Netto deixou a Casa Civil e assumiu a Defesa. O general Luiz Eduardo Ramos deixou a Secretaria de Governo e vai assumir a Casa Civil. E André Mendonça deixou a Justiça para voltar a ser advogado-geral da União, função que já exerceu entre janeiro de 2019 e abril de 2020.

Outro que chega ao governo é Anderson Torres, delegado da Polícia Federal que vinha exercendo o cargo de secretário de Segurança Pública do Distrito Federal. Torres deixa o posto na gestão do governador Ibaneis Rocha (MDB) para ser o novo ministro da Justiça e Segurança Pública.

Por fim, o embaixador Carlos Alberto Franco França foi promovido a ministro das Relações Exteriores. França, que é diplomata de carreira, já atuava no governo Bolsonaro, como chefe do cerimonial da Presidência da República.

Mudanças ao longo do dia

A segunda-feira começou com as repercussões do aumento de pressão sobre o então ministro da Relações Exteriores, Ernesto Araújo, que vinha sendo alvo do Congresso Nacional e até de ministros do Supremo Tribunal Federal (STF).

No domingo, Araújo foi ao Twitter para dizer que a senadora Kátia Abreu (PP-TO), presidente da Comissão de Relações Exteriores do Senado, havia trabalhado em prol de empresas chinesas quando do leilão para instalação do 5G no País. A parlamentar reagiu por meio de nota, na qual argumentava que “o Brasil não pode mais continuar tendo, perante o mundo, a face de um marginal”. 

Em entrevista à CNN, Kátia Abreu disse que Ernesto Araújo é um dos responsáveis pela falta de vacinas no Brasil e que já sabia, desde a reunião em que abordou leilão do 5G, que o ministro seria demitido. 

No começo da tarde, veio a notícia que Ernesto Araújo havia pedido demissão do cargo durante um encontro com o presidente Jair Bolsonaro. 

Mais adiante, foi a vez de Fernando Azevedo e Silva, então ministro da Defesa, divulgar comunicado anunciando que estava deixando o comando da pasta. No texto, o general da reserva disse que tentou “preservar as Forças Armadas como instituições de Estado” enquanto ministro. 

A essa altura, já se sabia que o presidente Jair Bolsonaro estava tocando uma inesperada reforma ministerial. A confirmação final veio às 19h05, quando o presidente tuitou que havia “alterado a titularidade” dos seis ministérios. 

Para a colunista da CNN Daniela Lima, as saídas de Fernando Azevedo e Silva e de José Levi deve ter como efeito colateral um prejuízo à interlocução do governo com o STF, uma vez estes dois nomes faziam pontes importantes entre o Executivo e o Judiciário. Agora, caberá ao ministro das Comunicações, Fábio Faria, o papel de principal interlocutor do governo junto aos tribunais. 

Crédito: Guilherme Venaglia / CNN- @internet 30/03/2021


Demissão de ministro da Defesa é vista como pressão de Bolsonaro por maior influência nos quartéis

A saída do general Fernando Azevedo e Silva do comando do Ministério da Defesa foi recebida com preocupação por integrantes da ativa e da reserva das Forças Armadas e como algo além de uma troca para acomodação de espaços no primeiro escalão do governo.

Ao Blog, um general da reserva enxergou o movimento que levou à demissão de Azevedo e Silva como um sinal do presidente Jair Bolsonaro de que deseja ter maior influência política nos quartéis.

No Exército, os nomes mais fortes para assumir o Ministério da Defesa ao longo da tarde eram os dos ministros Braga Netto Braga Netto (Casa Civil) e Luiz Eduardo Ramos (Secretaria de Governo). No fim do dia, o Planalto confirmou Braga Netto na Defesa e Ramos na Casa Civil.

Nas palavras de um interlocutor próximo do general Fernando Azevedo e Silva, Bolsonaro pressionava por um engajamento maior das Forças Armadas no governo.

A maior preocupação nos comandos das Forças Armadas é com o movimento de politização dos quartéis.

Desde o ano passado, o presidente deixou de esconder a insatisfação com a permanência do general Edson Pujol no comando do Exército.

Em novembro do ano passado, Pujol afirmou que os militares não querem “fazer parte da política, muito menos deixar a política entrar nos quartéis”.

Na ocasião, o vice-presidente Hamilton Morão, também um general quatro estrelas da reserva, reforçou essa posição de Pujol em conversa com o Blog.

Mourão ressaltou na ocasião que a política nos quartéis acaba com a disciplina e com a hierarquia.

“[Pujol] verbalizou o nosso modo de pensar. Não admitimos política nos quartéis, pois isso acaba com os pilares básicos da instituição — a disciplina e a hierarquia”, disse Mourão em novembro.

Integrantes do alto escalão das Forças Armadas avaliam como perigosas manifestações do presidente que possam estimular quebra de hierarquia, um dos pilares fundamentais da organização dos militares.

Manifestações constantes de Bolsonaro têm causado grande mal-estar entre militares.

Recentemente, o presidente afirmou: “O meu Exército não vai para a rua obrigar o povo a ficar em casa”. Ele deu a declaração em contraponto às medidas restritivas adotadas pelos estados.

Crédito: Gerson Camarotti/Blog do Camarotti / Portal do G1 – @internet 30/03/2021


Com Guedes cada vez mais fraco, Ministério da Economia poderá ser fatiado

Em meio à onda de renúncias de ministros do governo Jair Bolsonaro, encabeçada por Ernesto Araújo (Relações Exteriores) e Fernando Azevedo e Silva (Defesa), nesta segunda-feira (29/03), e que pode chegar a seis pastas, as apostas de um fatiamento do Ministério da Economia, na contramão do discurso de campanha em defesa do enxugamento da máquina pública, voltaram com tudo entre analistas do mercado. 

A possibilidade é cogitada se Bolsonaro também demitir o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, considerado um dos piores da Esplanada, por conta da má condução na preservação da Amazônia e na destruição da imagem internacional do país, afugentando investidores de grandes fundos que, cada vez mais, consideram o desenvolvimento sustentável na hora de aplicar os recursos. 

“Paulo Guedes foi afastado da articulação política do governo e está cada vez mais fraco. E, depois que o Centrão derrubar o Salles, o Ministério da Economia deverá ser fatiado”, apostou uma fonte do mercado financeiro. 

Vale lembrar que a confusão gerada em torno do Orçamento de 2021 é um reflexo da perda de poder e de influência de Guedes junto ao governo, que apoiou as mudanças propostas pelo relator, o senador Marcio Bittar (MDB-AC) que, ao cortar R$ 26,5 bilhões em despesas obrigatórias. Para analistas, Bittar pode ter criado um grupo de pedaladas que podem superar o volume que acabou derrubando a ex-presidente Dilma Rousseff. 

Somados aos R$ 17,6 bilhões apontados pela equipe econômica como rombo para o cumprimento da regra do teto, que foram ignorados pelos parlamentares durante a votação do Orçamento o  relator criou um buraco de R$ 43 bilhões, para ser coberto. 

Ao que tudo indica, o ministro da Economia, está tão fraco que analistas não poupam críticas em relação a Guedes sobre a responsabilidade de o Congresso ter aprovado o Orçamento de 2021 cheio de problemas e com riscos de pedaladas fiscais se o presidente Jair Bolsonaro sancionar a peça orçamentária do jeito que foi aprovada pelo Legislativo, como aponta ofício de parlamentares entregue nesta segunda-feira ao Tribunal de Contas da União (TCU). 

O consenso é que não houve articulação e Guedes errou ao não propor uma atualização dos parâmetros macroeconômicos mais clara, mostrando como as contas públicas estavam críticas realmente. Para eles, faltou mais empenho do ministro. 

Contudo, não é a primeira vez que rolam boatos de um fatiamento na Economia. Em outubro passado, o ministro Paulo Guedes chegou a dizer que era “conversa fiada” a hipótese de que a pasta pudesse ser dividida para atender a interesses políticos do Centrão, o bloco de partidos que passou a dar sustentação ao governo no Congresso e que agora está cobrando a fatura do apoio, exigindo a saída de vários ministros, como ocorreu com Ernesto Araújo. 

Resultado da fusão entre os ministérios da Fazenda, Planejamento, Previdência, Trabalho e Indústria e Comércio, o Ministério da Economia é hoje o maior orçamento da Esplanada. Na peça orçamentária aprovada pelo Congresso na semana passada, o volume de recursos previstos para a pasta soma R$ 559,5 bilhões, o equivalente a 4,1 vezes a previsão do Ministério da Saúde, de R$ 136,2 bilhões.

Crédito: Rosan Hessel/Blog do Vicente/Correio Btaziliense – @internet 30/03/2021

1 Comentário

  1. Interessante as notícias administrativas deste governo, que não troca de ministros e sim de comando de acordo com a ordem do dia. Quanto a mudança de cadeiras, podemos dizer desnecessária pois os ocupantes dos postos ficarão em posição de sentido aguardando o toque do Alvorada, até última forma……
    Quanto a missão, será cumprida enquanto Deus permitir…..

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