Essa vontade de mudança da ala política reforça a dificuldade do chefe da equipe econômica em manter uma interlocução com o Congresso
O desfecho para o impasse do Orçamento de 2021, resultado de um desgaste que durou meses, mostrou que a política pesou mais na balança do que as pretensões liberais do governo de Jair Bolsonaro. O desgaste para sanção da peça orçamentária, com um corte em áreas sociais e um ajuste na quantidade de recursos para emendas parlamentares, abalou as bases de apoio do presidente no Congresso. E tudo indica que o movimento tectônico estremeceu as estruturas do Ministério da Economia.
O Ministério da Economia foi criado com a fusão de cinco pastas: Fazenda, Planejamento, Trabalho e Emprego, Previdência Social e Desenvolvimento, Indústria e Comércio (MDIC). Essa vontade de mudança da ala política reforça a dificuldade do chefe da equipe econômica em manter uma interlocução com o Congresso. Na avaliação de parlamentares aliados a Bolsonaro, Guedes sofre desgastes porque não admite mudanças de rumos e “uma certa expansão nos gastos”.
Vários nomes estão sendo cotados para a volta do Ministério do Planejamento. Os senadores Eduardo Gomes (MDB-TO), Jorginho Melo (PL-SC) e Davi Alcolumbre (DEM-AP) figuram como possíveis ministeriáveis. Se concretizada a iniciativa, o Planejamento vai também aplacar as queixas de que não há um só senador aliado à frente de um ministério, somente deputados federais.
Assim, na gangorra política de Brasília, se por um lado o Posto Ipiranga perde protagonismo, por outro, espera-se o fortalecimento da base aliada de Bolsonaro no Senado. “Ao contrário do seu homônimo, que ainda é uma das maiores empresas varejistas brasileiras de distribuição de combustíveis, Paulo Guedes definha. Não se sabe porque ele ainda se submete a esse desgaste. A maioria que chegou com ele já abandonou o barco. Não se entende esse apego ao cargo. Principalmente agora que é certa a sua desidratação. O que será que ele vai perder em seguida?”, lamenta uma fonte próxima ao ministro.
No mercado financeiro, a derrota de Guedes representa um risco e é motivo para elevar a desconfiança dos investidores. “Por mais que se apele para o campo da técnica, certamente, o objetivo subjacente não é republicano”, afirma um economista ouvido pelo Correio.
Há também os descrentes em qualquer mudança radical após dois anos de gestão do polêmico ministro, mesmo com a pressão de senadores e os desgastes com os parlamentares do Centrão. “Esse governo é especialista em idas e voltas, em avançar e recuar, em dar um passo para frente e dois para trás. Todo esse boato é um balão de ensaio, para testar o mercado. Já reparou que sempre que Guedes está pressionado, surgem fofocas de que ele vai sair, de que perdeu a paciência ou vai perder poder? Creio que essa é mais uma”, ironiza um especialista em políticas públicas.
Crédito: Vera Batista/Correio Braziliense – @internet 26/04/2021
Precisamos de um Ministro que prestigie o Servidor Público, que, volta e meia está sendo colocado às margens de onde deve permanecer ! Deus abençoe essa saída do Ministério da Economia