VI Oficina de Lucro Social: “Aprendizado riquíssimo”. “A visão da População sobre o funcionalismo público” . “Sustentabilidade e os desafios para a transparência”

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Renata Carvalho Silva @OLS ASMETRO -SN 17/06/2021

VI Oficina de Lucro Social: “Aprendizado riquíssimo”, assegura Renata Carvalho Silva (DIMAV-INMETRO). Leia a entrevista

A visão da População sobre o funcionalismo público, por Vera Batista.

“Sustentabilidade e os desafios para a transparência”, tema de Alda Marina Campos – VI Oficina de Lucro Social.


VI Oficina de Lucro Social: “Aprendizado riquíssimo”, assegura Renata Carvalho Silva (DIMAV-INMETRO). Leia a entrevista:

 

Doutora de Metrologia Aplicada às Ciências da Vida (Dimav) do Inmetro, Renata Carvalho Silva tem no currículo experiências de sobra para respaldar a sua vida profissional e chegar ao topo, por mérito. Única mulher participando dos grupos da IV Oficina de Lucro Social – Ferramenta de Transparência no Setor Público – o cronotacógrafo, Renata concedeu esta entrevista ao Asmetro-SN, falando sobre o fato de ser mulher, as dificuldades que o “sexo nada frágil” enfrenta e faz um balanço sobre o que achou do evento: “O aprendizado foi riquíssimo”, disse ela. Leia mais:  

ASMETRO-SN: Qual a sua avaliação sobre a VI Oficina de Lucro Social?

RENATA: Superou as minhas expectativas, pois pela primeira vez, consegui enxergar uma forma de expressar, em números, o valor das atividades que realizamos, em especial no serviço público e que muitas vezes são despercebidas e/ou invisíveis aos olhos da sociedade, nosso principal cliente. Além disso, pela multiplicidade de visões e opiniões, o aprendizado foi riquíssimo e a troca de experiência entre os participantes, bem produtiva.

ASMETRO-SN: Está participando pela primeira vez? Conhecia o assunto? 

RENATA: Foi a minha primeira participação. Conhecia o assunto, porém muito superficialmente.

ASMETRO-SN: Como analisa a visão da sociedade em relação ao servidor público? Há preconceito?

RENATA: No geral, acho que a sociedade tem uma visão negativa do serviço público. Talvez isso tenha mudado um pouco durante a pandemia, já que de uma hora para outra, nomes, rostos, histórias e feitos de pessoas ligadas a instituições públicas cresceram nas publicações de sites, mídias sociais e outros veículos de comunicação.

ASMETRO: SN – A mudança vem ocorrendo?

RENATA: Sim. Acredito que seja fundamental a mudança de perspectiva do próprio servidor e dos usuários do serviço público no que se refere a sua importância social. E essa mudança só é possível por meio da educação e do conhecimento. Com isso, o serviço público tenderá a exercer sua excelência e passará a ser respeitado pela sociedade. Vale dizer que não somos feitos apenas de leis, regras e costumes, ou de profissionalização e tecnicismo, apesar de serem fatores importantes em nossa formação.

ASMETRO-SN: Investimentos são necessários?

RENATA: É necessário investimento na pessoa, na sua essência, naquilo que o faz ser. É necessário criar novas estratégias, permanentes e progressivas, para esclarecer a sociedade civil e ao próprio servidor, à importância a função pública, mostrando o porquê de sua existência, necessidade e valorização.

ASMETRO-SN:  Você é a única técnica mulher na Oficina. Como está se sentindo?

RENATA: Apesar de ter ficado lisonjeada com o convite feito pelo Rodrigo Ozanan e pelo Sérgio Ballerini para participar dessa oficina, confesso ter ficado extremamente triste com o fato de ser a única mulher no evento. Isso mostra que esse é ainda o retrato de nossa sociedade: cargos de liderança são ocupados majoritariamente por homens (e brancos).

ASMETRO-SN:  O fato de ser a única mulher pode responder à questão sobre as dificuldades de o mercado absorver essa questão do gênero feminino ou às dificuldades de uma luta maior feminina em relação ao mercado de trabalho?

RENATA: Apesar de muitos cargos, tidos como exclusivos para homens, hoje serem ocupados com maestria por mulheres (o que deve ser valorizado e comemorado), ainda encontramos muitas diferenças e barreiras, principalmente quando falamos de posições de maior destaque, como as de liderança. Além disso, há uma série de dificuldades e desafios a serem superados, cito alguns: mulheres precisam cuidar da casa, dos filhos, trabalhar e ainda estudar para se manterem competitivas no mercado. Exigência que os homens não sofrem com tanta veemência.

ASMETRO-SN: E a visão masculina sobre o sexo frágil?

RENATA: Sim. Muitos homens ainda enxergam as mulheres como frágeis e incapazes, como se não tivessem inteligência suficiente para lidar com questões mais complexas, exigidas por cargos mais altos, ou se não merecessem o mesmo tipo de tratamento. Isso se reflete na diferença salarial e na diferença de ocupação em cargos de liderança nas empresas. Muitas vezes, a família reverbera a ideia de que a mulher tem o dever de cuidar da casa, dos filhos e do marido apenas porque foi assim que aprenderam.

ASMETRO-SN: Resumindo…

RENATA: Em suma, a nossa luta é constante, é forte, é necessária, mas, infelizmente, o machismo evidente, estrutural, cultural, qualquer que seja a denominação, ainda é preponderante e dificultam o nosso reconhecimento e valorização no mercado de trabalho. E digo, naquele que quisermos nos inserir.

ASMETRO-SN:  Conte um pouco de sua história de vida.

RENATA: Nasci em Brasília, minha mãe é goiana e meu pai é mineiro, tenho um relacionamento estável. Não tenho filhos. Tenho 2 afilhados maravilhosos, uma mora aqui no Rio de Janeiro e se chama Marina e o outro mora em Brasília e se chama Benjamin.

ASMETRO-SN: E sua história profissional?

RENATA: Minha história profissional é repleta de reviravoltas. Já percorri diferentes caminhos, vou tentar resumi-los aqui. Sou graduada em Medicina Veterinária, mestre e doutora em Biologia Animal pela Universidade de Brasília. Desde a graduação eu utilizava técnicas como a Microscopia Eletrônica de Transmissão e de Varredura como ferramentas para análise de gametas masculinos e femininos de animal de alto valor zootécnico (eu trabalhava com Biotecnologias aplicadas a Reprodução Animal). Fui me especializando em Microscopia Eletrônica e por isso, em 2010 fui contratada por um laboratório de Nanobiotecnologia para atuar como Microscopista.

ASMETRO-SN: Como chegou ao Inmetro?

RENATA: Foi isso que me levou ao Inmetro. Em 2011 prestei o concurso público e desde 2012 pertenço ao quadro de servidores públicos do Inmetro no cargo de Pesquisadora-Tecnologista em Metrologia e Qualidade, área Microscopia Eletrônica. Trabalho no Laboratório de Microscopia Aplicada às Ciências da Vida (Lamav) da Diretoria de Metrologia Aplicada às Ciências da Vida (Dimav). Desde 2012 atuo em projetos relacionados a Nanobiotecnologia e morfologia celular. Porém, em 2014, fui convidada para assumir um projeto forense por causa da minha expertise em Microscopia Eletrônica (a Dimav, antiga Dipro, tinha desde 2008, um programa forense, demanda do Ministério da Justiça).

ASMETRO-SN: Como era o projeto:

RENATA: O projeto era oriundo de um Convênio FINEP 01.10.0715.00/Faurgs n.º 6666-4, denominado Metrofor: Uso da Microscopia Eletrônica e Química Analítica em Áreas Prioritárias com Aplicação em Segurança Pública e que tinha a participação de uma rede de 10 laboratórios de diversos estados brasileiros. A partir daí eu me encontrei, vi propósito nas minhas atividades e meu valor como servidora pública. A forense me abriu várias portas e vejo o impacto que meu trabalho tem para a sociedade.

ASMETRO-SN – Como está a carreira hoje?

RENATA: Atualmente sou interlocutora da Dimav do acordo de cooperação técnica com a Secretaria de Segurança Pública (nº 2/2019/GAB-SENASP/SENASP). Sou coordenadora pelo Inmetro do recém assinado acordo de cooperação técnica (nº3/2021) com a Secretaria de Polícia Civil (SEPOL) e participo de grupos de trabalhos com a Polícia Federal (está em trâmite a renovação do acordo com a PF).

ASMETRO-SN: Participa de pesquisas?

RENATA: Minha principal linha de pesquisa na área forense é a investigação sistemática e controlada das características morfológicas e composicionais de partículas de resíduo de disparo de arma de fogo (por microscopia eletrônica) com consequente criação de banco de dados para dar suporte às investigações criminais. Outra linha de pesquisa que também atuo é na incerteza de medição aplicada ao processamento de imagens de células e nanoestruturas. Além disso, sou docente permanente e Presidente da Comissão do Processo Seletivo do Programa de Pós-Graduação em Metrologia (PPGM) do Inmetro, coordenando a linha de pesquisa de Metrologia Forense e professora do curso técnico em Biotecnologia do Colégio Estadual do Círculo Operário. Tenho outras atividades institucionais (interlocução de RH, Governança digital, CTINF), mas as descritas acima são as principais. No Lamav somos cinco servidores pesquisadores, um técnico e um bolsista.  Dos pesquisadores, são 4 mulheres e 1 homem (o chefe).


A visão da População sobre o funcionalismo público, por Vera Batista

“O servidor público aos olhos da população” foi o tema da palestra da jornalista Vera Batista, do jornal Correio Braziliense, nesta terça-feira (15/6), primeiro dia da IV Oficina de Lucro Social – Ferramenta de Transparência do setor público. A jornalista mostrou como o tema interessa muito, informando que seu Blog do Servidor, passou de 295 mil acessos mensais em 2020, para 600 mil, no Brasil e exterior. Vera traçou um panorama sobre a questão, pontuando algumas dificuldades de entendimento entre a importância do trabalho o servidor público e a sociedade.

A jornalista lembrou que as pautas de interesse do funcionalismo, não raro, são focos de embate entre governo, sociedade, empresariado e mercado financeiro. “O século XXI trouxe inovações tecnológicas variadas e exigências singulares, enquanto a sociedade demanda agilidade e eficiência”, lembrou, na apresentação sobre a visão da população sobre o funcionalismo público.

A importância do servidor público pode ser realçada em momentos cruciais vividos pela sociedade, como em períodos de paralisações e greves. Mencionou a greve de 44 dias dos auditores fiscais de São Paulo, em 2006, que acarretou prejuízos da ordem de US$ 1,1 bilhão nas exportações e de US$ 587 milhões nas importações. Mencionou também a greve de 10 dias dos caminheiros em 2018, entre outros movimentos que dão expressiva visibilidade à importância dos servidores públicos, na cadeia produtiva do país.

“Setor público e setor privado, muitas vezes, não conversam. Chegou a hora de se encontrar uma forma de unir as duas pontas”, enfatizou a jornalista. Ela acredita que a metodologia do Lucro Social pode contribuir nesse sentido, com a maior comunicação entre todos os servidores públicos, essenciais no desenvolvimento do país, através de uma relação cada vez mais próxima à sociedade.

Vera Batista reconhece que o processo é longo, mas precisa ser iniciado para combater imagens desgastadas que nasceram no passado.

“A desvalorização do serviço público tem raízes profundas”, comentou ao relatar importância dos servidores, de pouca visibilidade, como durante toda a pandemia do coronavírus, na área da saúde, frente ao auxilio emergencial, por exemplo.

Como integrar? Qual a saída? indagou a jornalista. O presidente do Asmetro, Sérgio Ballerini, respondeu: “Nós estamos fazendo a nossa parte, o quanto é importante, a cadeia produtiva que está aqui e o lucro social é a resposta disso”.

acesse a íntegra da matéria >>> ASMETRO – 2021 – VERA BATISTA – VALENDO –


“Sustentabilidade e os desafios para a transparência”, tema de Alda Marina Campos – VI Oficina de Lucro Social

A consultora e empreendedora Alda Marina Campos, que participou da III Oficina Lucro Social, esteve na abertura da VI Oficina, de forma virtual, falando sobre “Sustentabilidade e os desafios para a transparência”. Ela acredita que nesse interim, entre a terceira a atual oficina, ocorreram muitas mudanças.

“Os últimos dois anos trouxeram mudanças ainda mais significativas nos papéis e responsabilidades das pessoas, das instituições e das empresas em relação aos desafios sociais e ambientais, sobretudo com a crise sanitária, que está ressignificando a relação com o trabalho”, comentou.

Segundo a especialista, as principais ou mais significativas mudanças podem ser claramente percebidas: “A régua subiu e a expectativa também. O tema central hoje no ecossistema de negócios é a responsabilidade ambiental, social e de governança por parte das empresas, representada hoje pela sigla ESG, ou ASG em português”.

Na avaliação de Alda Marina Campos, o setor de investimentos progressivamente passou a adotar lentes de mensuração de impacto em seus critérios de avaliação e priorização. O portifolio de produtos ASG nas carteiras de investimento mostra isso, disse.

“Acesso à informação continua crescente por parte do cidadão, a divulgação por parte das organizações também cresceu, a capacidade real de se comunicar com as partes interessada é que se tornou ainda mais estratégico e crítico”.

Além disso, aumentou a expectativa de um maior protagonismo por parte de todas as pessoas, independentemente do seu papel social. “Segundo a edição 2021 do Trust Barometer, série histórica da Edelman, espera-se ainda mais dos negócios, e que os consumidores e colaboradores honrem o seu lugar à mesa”, comentou. Mas o que isso significa? “Uma  expansão de consciência por parte das pessoas acerca do seu papel social, e acerca do papel social das diferentes organizações, sejam elas públicas, privadas, com ou sem fins lucrativos.”, respondeu.

Indagada sobre como analisar o setor público na questão da sustentabilidade hoje, a especialista também deixou bem clara a sua opinião: “Todos os setores precisam trabalhar a relação de confiança entre pessoas e instituições. Além de medir e reportar, abrir diálogos construtivos, para repactuar prioridades sociais e ambientais, responsabilidades e prazos”.

No balanço sobre a inserção do lucro social nesse contexto, ela acredita que no amadurecimento da pauta ASG. “Ela aumenta também a necessidade de olhar para a correlação entre transparência, confiança, expectativa e protagonismo em relação a todas todos os setores e esferas da sociedade”.

A especialista em sustentabilidade aposta no futuro: “Toda instituição, se já não faz, precisará em curto espaço de tempo, estar apta a dizer com transparência qual o valor que gera para a sociedade, com métricas e narrativas coerentes”.

Na palestra, para participantes bem interessados no tema, ela contou casos do passado, como a liberação de cigarro em aviões, por exemplo, e apostou: “Conversamos sobre o papel das organizações como protagonistas num mundo com tantos desafios.  E completou: “conhecendo o conceito do lucro social, ousaria afirmar que todo o trabalho que vinha sendo feito, de trazer transparência e métricas ao trabalho das instituições públicas, nunca teve tanta demanda”.

Alda Marina Campos tem experiência de sobra pra falar sobre o tema. Ela é sócia-fundadora da Pares Estratégia & Desenvolvimento, empresa B certificada, com foco em desenvolvimento e protagonismo humano e organizacional para transição e impacto, fundada em 2010. É também e cofundadora do Centro de Intraempreendedoríssimo da Fundação Dom Cabral e mestre em Administração de Empresas pela PUC-Rio.

OLS-ASMETRO-SN 19/06/2021

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