Pesquisadores da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) ouvidos, nesta quarta-feira (30), pela CNN repudiaram a prática de quem atua como “sommeliers de vacina”, como são chamadas as pessoas que vão aos postos de vacinação em busca de imunizantes específicos contra o novo coronavírus. As vacinas da Pfizer e a da Janssen, por exemplo, são as mais procuradas atualmente.
Para a pneumologista e pesquisadora da Fiocruz, Margareth Dalcolmo, a tentativa de escolher um determinado imunizante não tem base científica e, por muitas vezes, atrasa o calendário vacinal do país.
“Não há o menor sentido em fazer escolha de vacina. Ninguém deve fazer isso sem estar baseado em dados científicos. Todos devem tomar os imunizantes conforme a disponibilidade em cada região”, disse Dalcolmo.
Epidemiologista da Fiocruz, Diego Xavier, garantiu que todas as vacinas atualmente distribuídas são eficazes contra a Covid-19. De acordo com ele, os resultados positivos da vacinação já são “claros” no país.
“No momento em que precisamos acelerar o processo e imunizar o maior número de pessoas, essa atitude não é razoável. A gente precisa que as pessoas tomem a vacina que esteja disponível, independente de qual for. Todas as vacinas estão conseguindo cumprir uma eficácia na redução de casos graves e óbitos”, destacou.
Diego Xavier relatou também outra situação preocupante identificada durante o processo de imunização:
“Estamos observando agora algumas pessoas tentando se imunizar novamente, isso é prejudicial. Presenciamos casos de quem tomou a vacina Coronavac tentando se vacinar de novo com a Janssen ou a Pfizer”, finalizou o epidemiologista da Fiocruz.
Grupos nas redes sociais ajudam os “sommeliers de vacina”
Grupos criados em redes sociais se especializaram em ajudar os “sommeliers de vacina”. Tanto no Facebook como no WhatsApp, há dicas sobre onde encontrar as doses de uma vacina específica.
Uma engenheira da cidade do Rio de Janeiro, que não quis se identificar, admitiu que visitou pelo menos quatro postos de aplicação até conseguir se vacinar com o imunizante fabricado pela farmacêutica Janssen.
“A AstraZeneca costuma dar reação, então preferi não arriscar. Procurei a Janssen também em função de ser apenas uma dose, mais prático e agora já estou imunizada”, disse a moradora da capital fluminense.
No último sábado (25), cerca de 132 mil doses da vacina da Janssen destinadas ao Rio de Janeiro foram distribuídas para os 92 municípios fluminenses. O imunizante da Janssen é de dose única e utiliza a tecnologia de vetor viral, ou seja, um vírus enfraquecido que transporta os genes virais para dentro das células, estimulando a resposta imunológica do organismo.
Crédito: Lucas Janone / CNN – disponível na internet 01/07/2021
Liberdade individual nunca foi um valor respeitado e, agora, ainda mais. Não querem que cada um faça a sua escolha, prefereriam que eles ou o estado fizessem por cada um. É lógico que a escolha deve ser feitas, mesmo que seja baseada em critérios pessoais. Se há a possibilidade de escolha, deixe que seja exercida.