Meta é, em um primeiro momento, tornar os produtos até 30% mais econômicos que os atuais; medida ocorre em meio à uma das piores crises hídricas da história do País
Após 15 anos em vigor, e tido como ultrapassado por órgãos de defesa do consumidor, o Programa Brasileiro de Etiquetagem (PBE) para refrigeradores vendidos no Brasil será atualizado e os novos produtos terão de ser, numa primeira fase, até 30% mais econômicos que os atuais e até 61% na última fase, a partir do fim de 2030. A medida ocorre num momento em que o País passa por uma crise hídrica que pode levar à adoção de medidas de racionamento de energia.
A portaria de n° 332/2021 com as novas normas foi publicada nesta quarta-feira, 4, no Diário Oficial da União. O Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia (Inmetro) calcula em R$ 32,2 bilhões a economia acumulada com energia até 2035. O processo de atualização ocorrerá em três fases, entre 1º de julho de 2022 e 31 de dezembro de 2030.
As fabricantes de geladeiras preveem R$ 300 milhões em investimentos nos próximos anos para adaptarem as linhas de produção para atender as novas normas, informa a Associação Nacional dos Fabricantes de Produtos Eletroeletrônicos (Eletros). Dependendo da adesão dos consumidores aos produtos mais eficientes, que deverão ficar mais caros, o montante pode ser maior.
O processo substitui a classificação, que hoje vai de A a D, para A+, A++ e A+++ para que o consumidor possa identificar as diferenças nos novos níveis de eficiência energética. Na primeira fase as geladeiras mais eficientes serão classificadas em A+++, o que representa eficiência de até 30% em relação a atual classe A.
Aquelas que receberem selo A++ indicam 20% a menos no consumo e as que ficarem com A+, 10% a menos.
De acordo com o Inmetro, uma geladeira A+++ de duas portas de degelo automático (frost-free) com 500 litros (ou volume interno útil de 350 litros), vai consumir cerca de 13 kWh a menos de energia por mês, o que representará para o consumidor uma economia de R$ 10,14 mensais, considerando tarifa média e impostos.
Segundo a Eletros, atualmente a maioria das geladeiras vendidas no País tem selo A. No ano passado foram comercializados 5,5 milhões de refrigeradores, a grande maioria de produção nacional.
“Como as geladeiras estão presentes em praticamente todos os lares brasileiros, sendo utilizadas 24 horas por dia, a atualização da etiqueta é relevante para promover a conservação de energia nas residências, com impacto positivo nas contas de luz, e reduzir a demanda energética do País”, afirma, em nota, Danielle Assafin, coordenadora do PBE para Refrigeradores e Assemelhados.
A segunda fase, a partir de 31 de dezembro de 2025, elimina as subclasses e os novos níveis passam a ser definidos com base nas recomendações das Nações Unidas. “Em média, geladeiras fabricadas no País, de duas portas, atualmente em nível A, terão de reduzir 40% do consumo anterior para permanecer em A em 2025”, explica Danielle.
Segundo ela, nessa fase também ocorrerá a introdução da nova versão da norma técnica usada para o cálculo do consumo de energia, o que vai requer adequação da infraestrutura laboratorial e da indústria. “As fabricantes terão de adequar as linhas de produção, adquirir novos moldes de injetores, entre outras alterações”, informa Renato Alves, diretor de Linha Branca da Eletros.
Referência para a escolha
A última fase estabelece a adoção de um nível de consumo para a classe A equivalente às recomendações do Guia daU4E (United for Energy), adotadas pela União Europeia neste ano, com a aplicação de fatores de correção à realidade nacional. Essas normas vão significar uma redução, em média, de 61% do consumo de energia das geladeiras atualmente em nível A.
“O consumidor, com o novo padrão de etiquetagem, passa a ter uma referência importante para escolher produtos que consomem menos energia, o que gera economia importante nas residências”, afirma, em nota, Jorge Nascimento, presidente executivo da Eletros.
Para calcular a economia com as novas regras do PBE, o Inmetro utilizou três cenários de refrigeradores. No mais provável, com metade dos produtos vendidos na classe de topo ao fim da terceira fase, a economia acumulada na conta total de luz será de R$ 32,2 bilhões.
Em um cenário mais pessimista, com apenas um terço dos produtos na classificação de topo, será possível uma economia de R$ 21,5 bilhões. Já no melhor cenário, com todas as geladeiras classificadas em A, seriam poupados R$ 102,5 bilhões em gastos com energia.
“Trata-se de uma grande vantagem para o consumidor, sobretudo para as famílias de menor renda, gerando impactos positivos também para o meio ambiente. Os novos índices de eficiência são um avanço regulatório local, mérito do alinhamento entre indústria e governo federal”, afirma Nascimento.
Alves acrescenta que o espaçamento para intruduzir as novas normas foi pensado para que as empresas possam diluir os investimentos ao longo do tempo e evitar repasses que tornem o produto inacessível para parte dos consumidores, principalmente aqueles de baixa renda. “A ideia é que as pessoas possam continuar consumindo os produtos.”
Crédito: Cleide Silva, O Estado de S.Paulo – 05/08/2021
Atualização do programa de etiquetagem de refrigeradores poderá gerar economia superior a R$ 30 bilhões na conta de luz dos brasileiros
Uma economia de R$ 32,25 bilhões na conta de luz dos brasileiros até 2035 é estimada pelo Inmetro ao longo do processo de atualização do Programa Brasileiro de Etiquetagem (PBE) para refrigeradores comercializados no Brasil. A Portaria nº 332, de 2 de agosto de 2021, estabelecendo as novas regras para a classificação de produto, foi publicada hoje e prevê a adoção de subclasses para que o consumidor possa identificar as diferenças nos novos níveis de eficiência energética, a partir dos produtos de topo, classificados como A.
A partir de 1º de julho de 2022, as geladeiras mais eficientes, serão classificadas em A+++, mostrando uma eficiência de até 30% em relação ao atual A; A++, indicando 20% a menos no consumo; e A+, com economia de 10%. Assim, ao optar por uma geladeira A+++ de duas portas de degelo automático (frost-free) de volume ajustado de 500 litros (ou volume interno útil em torno de 350 litros), que corresponde a 80% do mercado nacional, o consumidor pode economizar cerca de 13 kWh por mês, o que representa, para ele, uma economia de R$ 10,14, considerando uma tarifa média, acrescida de impostos, de R$ 0,78 por kWh.
“Entre os objetivos dessa atualização está a ideia de reforçar o papel da Etiqueta Nacional de Conservação de Energia (ENCE) em indicar os produtos que consomem menos energia. Como as geladeiras estão presentes em praticamente todos os lares brasileiros, sendo utilizadas 24 horas por dia, a atualização da sua etiqueta é especialmente relevante para promover a conservação de energia nas residências, com impacto positivo nas contas de luz, e reduzir a demanda energética do País”, assinala Danielle Assafin, coordenadora do PBE para Refrigeradores e Assemelhados.
Já a segunda fase do aperfeiçoamento, que passa a vigorar em 31 de dezembro de 2025, elimina as subclasses e o novo A será ainda mais rigoroso. Os níveis das classes passam a ser definidos com base nas recomendações das Nações Unidas para regulamentação em eficiência energética para refrigeradores, expressas no Guia da U4E (United for Energy), com a aplicação de fatores de correção à realidade nacional. “Em média, geladeiras fabricadas no País, de duas portas, atualmente em A, terão que reduzir 40% do seu consumo para permanecer em A em 2025. Outro desafio importante para essa fase é a introdução da nova versão da norma técnica utilizada para o cálculo do consumo de energia, o que requer adequação da infraestrutura laboratorial e da indústria”, destaca Danielle.
A terceira e última fase, com prazo de adequação para 31/12/2030, estabelece a adoção de um nível de consumo para a classe A equivalente às recomendações da U4E, na íntegra, ampliando ainda mais o rigor da etiqueta. Isso significa uma necessidade de redução, em média, de 61% do consumo de energia das geladeiras fabricadas no país, de duas portas, atualmente em A. “Assume-se que o prazo de 9 anos para a terceira fase é necessário para dar sustentabilidade aos investimentos que a indústria nacional precisará realizar em sua plataforma de produção para manter seu portifólio de produtos, ou parte dele, em A”, conclui Danielle Assafin.
Cenários
O Inmetro utilizou três cenários para calcular os benefícios do aperfeiçoamento do PBE de refrigeradores para o consumidor. No cenário provável, no qual metade dos produtos vendidos já estejam na classe de topo assim que os prazos para as fases tiverem terminado, haveria uma economia de 43,15 tera watts hora (TWh), o equivalente a 54% da geração de energia da Usina Hidrelétrica de Itaipu em 2020; 30 dias de consumo no Brasil todo ou R$ 32,25 bilhões economizados na conta de luz.
Em um cenário mais pessimista, de apenas um terço dos produtos estando na classificação de topo, seria possível uma economia de 27,57 TWh – 36% da geração de Itaipu no ano passado; 20 dias de consumo no País; e R$ 21,5 bilhões a menos na conta de energia.
No melhor cenário, onde todas as geladeiras estariam classificadas em A, a economia de energia seria de 138,57 TWh; 74% a mais da energia produzida pela usina hidrelétrica; 99 dias de consumo do Brasil, e R$ 102,52 bilhões economizados na conta de luz.
Consenso com a indústria
O aperfeiçoamento do Programa Brasileiro de Etiquetagem (PBE) para refrigeradores foi elaborado em parceria com a indústria nacional, ouvindo os fornecedores e buscando compreender as possibilidades e restrições para a implementação das melhorias. Não poderia ser diferente, considerando que os fabricantes brasileiros abastecem 97,2% do mercado brasileiro, representado por cerca de 80 milhões de residências.
Para se ter ideia da importância das empresas brasileiras nesse contexto, em 2020 foram vendidos 5,5 milhões de geladeiras, de acordo com a Eletros, associação dos fabricantes. “No processo de formulação da nova etiqueta, o Inmetro buscou articular as expectativas da sociedade para produtos mais eficientes com as possibilidades de a indústria incorporar as melhorias nos produtos e processos, conferindo sustentabilidade socioeconômica para a nova etiqueta”, justifica Danielle Assafin, acrescentando que outro aspecto importante é a previsibilidade, com a fixação de metas de curto, médio e longo prazos, tornando o ambiente de negócios mais favorável à realização de novos investimentos. “Na condição de grande fornecedora de refrigeradores para o País, é a indústria nacional que deve protagonizar a transformação de mercado que queremos, em prol de produtos mais eficientes. O consenso com a indústria aumenta radicalmente as chances de sucesso”, reforça Danielle.
Transparência, participação social e decisão baseada em fatos
Ao longo do processo de aperfeiçoamento, o Inmetro realizou profundo estudo sobre referências internacionais, o produto e o processo de produção, buscando compreender as informações trazidas pelas diferentes partes interessadas e conjugá-las para melhor acomodar as diferentes necessidades. Para conhecer na íntegra a resposta do Inmetro às contribuições trazidas pela sociedade, acesse a Nota Técnica de consolidação da consulta pública. O texto explica questões como a pertinência de se comparar os refrigeradores brasileiros com outros países, como México, EUA e Quênia, e a efetividade da etiqueta baseada nas subclasses A+, A++ e A+++.e A+++.
fonte: https://www.gov.br/inmetro/pt-br/centrais-de-conteudo/noticias/atualizacao-do-programa-de-etiquetagem-de-refrigeradores-podera-gerar-economia-superior-a-r-30-bilhoes-na-conta-de-luz-dos-brasileiros