Inmetro e Sindicel se unem no combate às fraudes de fios e condutores elétricos no País
Instrumentos doados pelo Sindicel aos órgãos delegados ajudaram na apreensão de 120 mil rolos de cabos com resistência elétrica acima das especificações
Na maior apreensão já feita no estado, no início de outubro, a Superintendência do Inmetro no Rio Grande do Sul (Surrs) retirou do mercado, de apenas um distribuidor, cerca de 850 quilômetros de fios e condutores elétricos irregulares. É mais que a distância entre as cidades de Porto Alegre e Curitiba. Os produtos tinham resistência elétrica acima das especificações do Inmetro, colocando em risco a vida dos consumidores. Resistências elevadas ocorrem quando se utiliza quantidade de cobre insuficiente para garantir a condução correta da energia elétrica, aumentando o risco de curto-circuito e incêndio.
Este ano, a Surrs já realizou 25 operações de fiscalização desses produtos. “O Inmetro tem incentivado os órgãos integrantes da Rede (RBMLQ-I) a fazerem uso da fiscalização técnica, que objetiva verificar requisitos intrínsecos de um produto. A fiscalização técnica tem sido implementada de forma gradual, uma vez que depende de infraestrutura laboratorial, mas temos tido bons resultados”, pondera Joel Franceschini, coordenador de Gestão Técnica da Surrs.
A utilização de quantidade inferior de cobre na fabricação de fio e cabos elétricos é uma prática que se estende a todo o País e que está sendo fortemente combatida pelo Inmetro com o apoio do Sindicel, sindicato que representa os grandes fabricantes do setor elétrico.
O principal apoio dado pelo sindicato é a doação de micro-ohmimetro portátil aos órgãos delegados (Ipem) do Inmetro nos estados. O instrumento é fundamental para a realização da chamada fiscalização técnica, que é a medição da resistência dos produtos. Por serem leves, podem ser carregados nas operações de campo, aumentando a efetividade da fiscalização.
Os instrumentos começaram a ser distribuídos em 2019, mas a pandemia de Covid-19 interrompeu esse movimento, retomado no início de 2021. Até o momento, mais de 15 Ipem já receberam o equipamento para seus laboratórios. “Estamos diante de um problema muito sério. Sabemos da limitação orçamentária do Inmetro. Decidimos fazer esse trabalho conjunto que foi facilitado com a entrada do presidente Marcos Heleno Guerson”, enfatiza Ênio Rodrigues, presidente do sindicato.
Tamanho do problema
Rodrigues dimensionou o tamanho do problema. Até agosto deste ano, foram apreendidos mais de 120 mil rolos de fios e cabos em 15 estados brasileiros. Atualmente, nas instalações residenciais, chamadas de baixa tensão, 30% de fios e cabos estão inconformes, fora do padrão, e geram um gasto de energia 7% maior do que se estivessem regulares. Nacionalmente, isso representou em 2019 um gasto de R$ 9,2 bilhões para o País. “Além do desperdício de energia, esse tipo de irregularidade põe em xeque a segurança dos consumidores por causa de incêndio. Aliás, a utilização de produtos de baixa qualidade é a principal causa de incêndios residenciais”, completa Rodrigues. Em 2020, o sindicato contabilizou 583 incêndios, com 26 mortes.
Geralmente, as fraudes encontradas em fio e cabos são realizadas por meio da utilização de quantidade menor de cobre nos produtos. O metal representa 75% do custo de fabricação. Para economizar, fabricantes desonestos substituem o cobre por outro metal menos nobre que não conduz tão bem a energia, gerando sobrecarga no fio e desperdício de energia.
A medição
Para se realizar a medição, basta obter uma amostra do condutor com comprimento conhecido e conectar ao micro-ohmimetro. Após a obtenção do resultado, deve-se comparar o valor obtido com o valor estabelecido na Norma Técnica NBR NM 280 – Condutores de Cabos Isolados, devendo o valor medido ser igual ou inferior ao estabelecido para se considerar o condutor adequado. Em uma das ações da Surrs, foi encontrado um cabo flexível com seção nominal de 2,5mm², que deveria ter resistência de 7,98 miliohm (mΩ) por metro. O resultado da medição para a amostra do condutor, no entanto, foi de 14,83mΩ, ou seja, o cabo está irregular.
Desde 2019, a equipe de fiscalização tem realizado os ensaios de resistência elétrica no próprio estabelecimento fiscalizado, o que permite ao fiscal determinar a apreensão cautelar ou interdição do produto irregular durante a ação de fiscalização. “Outras práticas adotadas que têm dado resultados satisfatórios são a investigação prévia de estabelecimentos a fim de identificar potenciais alvos de fiscalização, a manutenção de contato próximo com associações e representantes setoriais”, destaca Joel Franceschini, acrescentando que a Superintendência também realiza operações conjuntas com outras instituições públicas, como Polícia Civil e Ministério Público.
Fonte: INMETRO – 05/11/2021
Saiba mais: Condutores Elétricos: Um perigo oculto à vista de todos
A fiscalização atuante e apoiada é fundamental para o bom funcionamento do SBAC, que não é só o Inmetro, e sim, organismos, laboratórios, ipems, regulamentadoras. Que não se invente a roda, somente reativem o sistema que já previam conselhos, comitês e comissões técnicas, que fizeram todo o sucesso do Inmetro nos últimos 30 anos.