Sindicato dos Funcionários do Banco Central afirmou que a lista de serviços que não podem ser interrompidos durante a greve ainda está em negociação; eles não aceitam que as atividades preparatórias para o Copom estejam entre elas.
O mercado financeiro está no escuro com o “apagão de dados” do Banco Central, que deixou de publicar indicadores e projeções por causa da greve dos servidores. A próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), no começo de maio, também pode ter sua preparação afetada pelo movimento dos funcionários do órgão, que pedem um reajuste salarial de 26,6%. Em média, um analista do BC ganha R$ 26,3 mil mensais.
As decisões do Copom são embasadas em um conjunto de apresentações técnicas do corpo funcional do BC, que tratam da evolução e de perspectivas das economias brasileira e mundial, das condições de liquidez e do comportamento dos mercados.
“O mercado está no escuro. Isso é verdade. Por outro lado, o BC já telegrafou a alta para 12,75% em maio (aumento de 1 ponto porcentual), o que fica mais incerto são os próximos passos”, disse o economista Alexandre Schwartsman, que já esteve em uma das cadeiras do Copom.
O economista-chefe do Banco Alfa, Luis Otavio Souza Leal, disse que o mercado acompanha a greve de “soslaio”, dado que ainda falta tempo para a reunião. “Mas não é uma situação confortável, além de ser inédita.”
Numa das maiores greves da categoria, no governo Lula, em 2007, ocorreram atrasos no Boletim Focus, mas a realização do Copom foi preservada.
Copom
O Sindicato dos Funcionários do BC (Sinal) afirmou que a lista de serviços essenciais (que não podem ser interrompidos durante a greve) ainda está em negociação e que a categoria não aceita que as atividades preparatórias para o Copom estejam entre elas. Como a mobilização dos servidores tem sido forte, com a entrega de 725 cargos comissionados, segundo o Sinal, incluindo chefes adjuntos de departamentos, é possível que faltem subsídios para análise do Copom, segundo um técnico do BC.
A greve foi iniciada no dia 1.º de abril e tem prazo indeterminado. Em nota, o BC afirmou que “a produção das apresentações de conjuntura para o Copom é atividade essencial e, portanto, será realizada durante a greve”.
Com o acirramento da greve, o presidente do BC, Roberto Campos Neto, receberá amanhã representantes dos funcionários do órgão. No dia seguinte, os servidores farão uma nova assembleia geral para reavaliar o movimento à luz do que “de concreto” Campos Neto trouxer para a mesa de negociação.
Outras categorias
Além dos funcionários do BC, outras oito categorias atuam na chamada operação-padrão, mas os efeitos da insatisfação dos servidores ainda não chegaram aos cidadãos comuns.
Estão reivindicando reajustes os servidores do Tesouro, da Receita Federal, da Secretaria do Orçamento Federal, da Controladoria-Geral da União (CGU), da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), da Superintendência de Seguros Privados (Susep), os analistas de comércio exterior e os auditores fiscais agropecuários.
No Tesouro Nacional, por exemplo, a operação-padrão dos servidores no dia 1.º de abril adiou até a hora limite o envio de repasses para Estados e municípios e chegou a atrasar o pagamento de salários para algumas categorias do serviço público. No entanto, ao contrário de movimentos anteriores do órgão, o atendimento aos cidadãos ainda não foi prejudicado.
A Secretaria de Gestão e Desempenho de Pessoal do Ministério da Economia realizou algumas reuniões com representantes dos sindicatos. Entretanto, a equipe econômica não fez qualquer proposta de reajuste ou reestruturação das carreiras.
O ministro da Economia, Paulo Guedes, é contra a concessão de reajustes para servidores. Entretanto, o movimento das diversas categorias começou após o governo reservar R$ 1,7 bilhão no Orçamento de 2022 para conceder aumentos apenas para as carreiras policiais.
Crédito: Eduardo Rodrigues e Thaís Barcellos, com a colaboração de Antônio Témoteo / O Estado de S.Paulo – @dispinivel na internet 11/04/2022
Servidores da Susep paralisam atividades na quarta-feira e podem entrar em greve a partir de maio
Categoria afirma que perdas salariais chegam perto de 30% e que há 12 anos não é realizado concurso público para contratações
Os servidores da Superintendência de Seguros Privados (Susep), decidiram realizar uma paralisação na próxima quarta-feira, 13. Eles reivindicam recomposição salarial, reposição de pessoal e valorização da carreira.
Com previsão de greve a partir de maio caso as demandas não sejam atendidas pelo governo, o sindicato que representa os servidores não descarta outras paralisações até o fim do mês.
O sindicato vai enviar um ofício com as reivindicações para o Secretário de Gestão e Desempenho de Pessoal, Leonardo Sultani, solicitando uma reunião para negociações. Caso não haja resposta até fim do mês, os servidores irão entrar em greve, informa a entidade.
A decisão foi tomada em assembleia realizada pelo Sindicato Nacional dos Servidores Federais da Superintendência de Seguros Privados (SindSusep), na noite de sexta-feira, 8.
Perdas salariais
A direção do Sindicato Nacional da Susep afirma que as perdas salariais para a categoria chegam a quase 30%, já que o último reajuste ocorreu em 2019. Além disso, aponta que há 12 anos não é realizado concurso público para a área, o que gerou encolhimento da categoria e sobrecarga para os servidores.
“Apesar de haver 800 postos previstos em lei, atualmente a Susep conta com pouco mais de 250 servidores”, informa, em nota, o sindicato.
A Susep é responsável pelo controle e fiscalização dos mercados de seguro, previdência complementar aberta, capitalização e resseguro, e está vinculada ao Ministério da Economia.
O sindicato vai enviar um ofício com as reivindicações para o Secretário de Gestão e Desempenho de Pessoal, Leonardo Sultani, solicitando uma reunião para negociações. Caso não haja resposta até fim do mês, os servidores irão entrar em greve, informa a entidade.
A decisão foi tomada em assembleia realizada pelo Sindicato Nacional dos Servidores Federais da Superintendência de Seguros Privados (SindSusep), na noite de sexta-feira, 8.
Crédito: Matheus de Souza, O Estado de S.Paulo – disponível na internet 11/04/2022