Conselho de administração da Petrobras faz reunião no feriado e dá sinal verde para reajuste dos combustíveis

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Diretoria da Petrobras tem sinal verde de conselho para fazer reajuste dos combustíveis

O conselho de administração da Petrobras fez uma reunião de emergência na tarde desta quinta-feira, 16, para tentar resolver o impasse em torno do preço dos combustíveis.

O encontro pegou os dirigentes da estatal de surpresa, não apenas por ser feriado, mas porque o tema não é da competência do conselho.  

A reunião serviu para reafirmar que o reajuste dos combustíveis é de responsabilidade da diretoria executiva, que pode anunciar nesta sexta-feira um aumento nos preços.

O valor da alta, porém, não foi informado aos conselheiros.

A gasolina está há quase cem dias com o preço congelado nas refinarias da Petrobras, enquanto o diesel teve o preço elevado pela última vez há 36 dias. Dados da Associação Brasileira dos Importadores e Combustíveis (Abicom) mostram que a defasagem chega a 18% no diesel e de 14% na gasolina frente às cotações dos produtos no mercado internacional.

Com os preços defasados em relação ao exterior, a Petrobras tem sofrido pressão do governo para manter a gasolina e o diesel congelados até as eleições, enquanto o mercado espera que a empresa prossiga com a sua política de preço de paridade de importação (PPI).

Convocada às pressas pelo presidente do conselho, Márcio Weber,  e realizada de modo virtual, a reunião demorou pelo menos uma hora para conseguir quórum necessário para começar. O encontro, segundo apurou o Estadão/Broadcast, foi pedido pelos ministros de Minas e Energia, Adolfo Sachsida, e da Casa Civil, Ciro Nogueira. 

Nos últimos dias, o governo já tinha se reunido duas vezes com a diretoria da Petrobras para tentar evitar aumento dos combustíveis. Segundo fontes, o governo teria pedido para a companhia segurar os preços até que as novas regras sobre ICMS surtam algum efeito para o consumidor na hora de abastecer nos postos. Assim, o reajuste seria neutralizado pelo benefício da queda imposto aprovado pelo Congresso. 

O presidente Jair Bolsonaro já trocou três presidentes da Petrobras nos três anos e meio de mandato por conta da alta de preços. O atual presidente, José Mauro Coelho, foi a demissão mais recente, e está sendo pressionado a renunciar ao cargo para apressar a troca pelo indicado de Bolsonaro, o secretário de Desburocratização do Ministério da Economia, Caio Paes de Andrade. Com a renúncia, Paes de Andrade não teria que esperar a realização de uma assembleia de acionistas, mas Coelho já afirmou algumas vezes que não vai renunciar.

A decisão do reajuste dos combustíveis é tomada por três membros da diretoria: o presidente da empresa, o diretor de Comercialização (Claudio Mastella), e o diretor Financeiro e de Relações com os Investidores (Rodrigo Araújo). Segundo fontes, os dois diretores também serão demitidos depois que Paes de Andrade tomar posse. Apesar da pressão do governo, os executivos têm comentado a pessoas próximas, que não há mais como segurar o reajuste. 

Paridade de preços internacionais

Desde 2016, a empresa pratica a política de preços de paridade de importação (PPI), que significa manter os preços alinhados ao mercado internacional. O PPI leva em conta o preço do petróleo e o câmbio – que dispararam esta semana –, somado aos custos de importação, também elevados na esteira da alta do setor. 

Se a empresa não seguir essa política, outros importadores não conseguem concorrer com os preços mais baixos da Petrobras no mercado interno.

O Brasil produz entre 70% e 80% do diesel que consome e 97% da gasolina.  Sem as importações complementares, o abastecimento pode correr risco no segundo semestre do ano, quando é previsto aumento da demanda interna, devido ao transporte da safra, combinado com aperto da oferta por conta da guerra entre a Rússia e a Ucrânia.

Crédito: Monica Ciarelli e Denise Luna, O Estado de S.Paulo – @disponível na internet 17/06/2022


Bolsonaro diz esperar que Petrobras não reajuste preço de combustíveis

No dia em que foi convocada uma reunião do Conselho de Administração da Petrobras para discutir “aumento de preços”, o presidente Jair Bolsonaro (PL) disse, em transmissão ao vivo nas redes sociais, esperar que a estatal não reajuste os valores dos combustíveis, uma das principais preocupações de seu comitê de campanha à reeleição. “A gente espera que a Petrobras não faça maldade com o povo brasileiro”, afirmou nesta quinta-feira, 16.

O governo vem tentando convencer o presidente demissionário da Petrobras a segurar os preços para que as novas regras sobre ICMS surtam algum efeito nas bombas dos postos de abastecimento. Se a empresa aumentar os preços, os possíveis benefícios do Projeto de Lei Complementar  18 que fixou teto para o ICMS cobrado sobre combustíveis, cuja votação se encerrou esta semana no Congresso Nacional, seriam praticamente neutralizados. “Espero que a Petrobras não queira aumentar combustíveis nesses dias que estamos negociando com Parlamento”, insistiu Bolsonaro, na transmissão ao vivo nas redes sociais.

O presidente voltou a afirmar que a política de preços da estatal, com paridade internacional, não determina reajustes automáticos. “Não precisa quando aumenta o petróleo lá fora, o Brent, e o dólar aumenta aqui, ela não precisa imediatamente reajustar seus preços. Ela tem um prazo de vários meses para reajustar. E isso aí quem diz é a decisão do conselho lá atrás, quando se criou a PPI, no início do governo Temer”, declarou Bolsonaro.

 

Bolsonaro disse que um reajuste de preços da Petrobras agora, logo após a aprovação do teto de ICMS no Congresso, teria “interesse político” para atingir o governo. “A Petrobras já foi do Brasil, atualmente é dos funcionários e minoritários”, afirmou o chefe do Executivo. “Eu só posso entender que um reajuste da Petrobras agora seria um interesse político para atingir o governo federal”, disse o chefe do Executivo.

“Até semana que vem a gente acerta diminuição do preço dos combustíveis”, declarou Bolsonaro, ao falar do pacote de energia negociado entre o Planalto e o Congresso. O presidente voltou a dizer que as medidas devem reduzir o preço da gasolina em R$ 2 o litro e o do diesel, em até R$ 1 o litro.

Os cálculos do chefe do Executivo diferem, contudo, dos que foram apresentados pelo relator do teto de ICMS no Senado, Fernando Bezerra Coelho (MDB-PE). O parlamentar estimou um impacto de R$ 1,65 no litro da gasolina e de R$ 0,76 no do diesel.

Com defasagem cada vez maior nos preços praticados nas refinarias da estatal, é grande a pressão do mercado para que a Petrobras alinhe a gasolina e o diesel aos preços internacionais. Ontem, a defasagem do diesel era de 18% em relação ao Golfo do México, após 36 dias sem reajuste, e a gasolina estava com uma diferença de 14% no seu 96º dia sem alteração, segundo dados da Associação Brasileira dos Importadores e Combustíveis (Abicom).

Desde 2016, a empresa pratica a política de preços de paridade de importação (PPI), que significa manter os preços alinhados ao mercado internacional. O PPI leva em conta o preço do petróleo e o câmbio, que dispararam esta semana, e os custos de importação, também elevados na esteira da alta de preços.

Se a empresa não seguir essa política, outros importadores deixam de trazer combustível para o Brasil, porque não conseguem concorrer com os preços mais baixos da Petrobras no mercado interno. Sem as importações complementares – o Brasil produz entre 70% e 80% do diesel que consome e 97% da gasolina -, o abastecimento pode correr risco no segundo semestre do ano, quando é previsto aumento da demanda e aperto da oferta por conta da guerra entre a Rússia e a Ucrânia.

Troca no comando da Petrobras

Bolsonaro voltou a dizer que o ministro de Minas e Energia, Adolfo Sachsida, tenta trocar o comando da estatal. Ele disse esperar que o encontro de hoje tenha sido para tomar essa decisão, ou seja, trocar o presidente da Petrobras, José Mauro Coelho, para facilitar assim a entrada de Caio Paes de Andrade, atual secretário de Desburocratização do Ministério da Economia, já indicado por Sachsida. 

O governo faz pressão para que Coelho renuncie. Reuniões com essa finalidade foram realizadas esta semana entre o ministro de Minas e Energia, Adolfo Sachsida; e da Casa Civil, Ciro Nogueira, com o presidente da Petrobras. Assim como Bolsonaro, os ministros também pediram ao comando da petroleira que segure os preços. A decisão do reajuste dos combustíveis na Petrobras é tomada por Coelho; pelo diretor de Comercialização, Claudio Mastella; e pelo diretor Financeiro e de Relações com os Investidores, Rodrigo Araújo.

Crédito: Iander Porcella e Eduardo Gayer / O Estado de S.Paulo – @disponível na internet 17/06/2022

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