A inovação do mercado de energia. Mercado livre e conta mais barata.

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ESG: Sustentável e lucrativo: a inovação do mercado de energia

Grandes empresas e startups se unem para encontrar caminhos mais ‘verdes’ tanto do ponto de vista ambiental quanto do financeiro

Enquanto a Europa queima carvão e corre contra o tempo para evitar que a crise energética se alastre e se transforme em uma crise financeira sistêmica, empresas brasileiras apostam em inovação para vencer barreiras e levar o Brasil ao posto de potência energética sustentável.

Uma dessas companhias é a Solfácil, uma empresa que conecta mais de 10 mil parceiros integradores em todos os estados brasileiros às pessoas que desejam gerar energia solar em suas casas, pequenas e médias empresas ou propriedades rurais. Fundada em 2018, a startup desenvolve soluções digitais que incluem um marketplace e financiamento para compra e instalação do kit gerador que faz com que o consumidor troque o uma parte do que pagaria na tarifa energética pelo financiamento de um sistema próprio de geração.

Para Fabio Carrara, fundador da empresa, o ecossistema energético ganha muito com a solução. Enquanto o consumidor final, consegue gastar menos dinheiro, a adoção de outras fontes ajuda a combater a crise energética nacional que faz com que o país tenha uma das mais caras tarifas energéticas do mundo. E mais: do ponto de vista ambiental, a empresa evita a emissão de 21 mil toneladas de CO² na atmosfera, o equivalente à quantidade que mais de 85 mil árvores fariam ao longo de 20 anos.

Desde a sua criação, a empresa cresceu a um ritmo alucinante: aumentou entre cinco e oito vezes de tamanho a cada ano, já financiou mais de R$ 1,5 bilhões em empréstimos solares e se consolidou como a segunda maior emissora de títulos verdes no país e a quarta na América Latina, de acordo com levantamento da consultoria Greener. Com números impressionantes, a empresa anunciou hoje (22) um follow-on de US$ 30 milhões (R$ 157 milhões, na conversão atual) que complementou a série C de US$ 100 milhões (R$ 517 milhões, na conversão atual), anunciada em maio.

Com o dinheiro no bolso, a startup espera ficar rentável até o final deste ano, mas parte desse valor deve se tornar mais investimentos em tecnologia. A companhia lançou, recentemente, a Ampera, um dispositivo de IoT que melhora a experiência de monitoramento do sistema fotovoltaico e emite notificações inteligentes e relatórios com o histórico de geração de energia e seu impacto na conta de luz dos consumidores. A tecnologia foi desenvolvida internamente, com investimento de R$ 20 milhões em pesquisa.

Para Carrara, o foco em soluções sustentáveis é mundial e, enquanto outros setores sofrem com falta de capital, o de energia tem conseguido levantar aportes. E o Brasil está no centro disso. “Pouca gente sabe, mas, neste ano, o Brasil vai se tornar o maior mercado de distribuição solar”, diz.

Uma parte desse aumento pode acontecer por causa do BNDES, que começou um projeto piloto com a SolFácil para levar energia solar para a região Norte. “Objetivo é ampliar uso da energia limpa e reduzir dependência de diesel”, diz Carrara. “Estamos passando por uma transição que vai mais que dobrar o consumo per capita de energia. O sistema tradicional de energia não vai dar conta do recado. É preciso diversificar a matriz energética”, afirma Carrara.

Outra companhia que pretende ajudar nisso é a Clarke, fundada em 2019, que tem, entre seus investidores, fundos como EDP Ventures, a primeira iniciativa de Corporate Venture Capital (CVC) do setor elétrico brasileiro, e CNS Inova Ventures, o braço da siderúrgica para investir em startups. A energytech levantou US$ 1,5 milhão (R$ 7,7 milhões, em conversão atual) em rodada liderada pelo Cannary.

A Clarke começou como uma consultoria tarifária, ajudando empresas a economizar na conta de luz. Em 2020, atendeu 1.2000 empresas e deu uma economia entre 5% e 20% no custo de energia delas. Mais recentemente, em maio de 2021, a empresa migrou para o Mercado Livre de Energia, um ambiente de contratação elétrica onde consumidores podem escolher seus fornecedores, para negociar condições comerciais das contratações, como quantidade, preço, fonte da energia, entre outras. O formato, explica Pedro Rio, fundador da Clarke, é uma alternativa em relação ao Mercado Regulado, que é padrão no país e obriga que a energia seja comprada das distribuidoras específicas.

“Conectamos os consumidores médios e grandes aos fornecedores e a diferença é que, com a negociação livre, uma empresa pode conseguir três ou quatro propostas diferentes, e escolher a melhor. O mercado inteiro vai brigar por você”, diz Rio.

Hoje, a solução ainda não está disponível para consumo residencial. “Só posso vender energia para locais que consomem cerca de 50 vezes mais energia que uma casa com chuveiro elétrico e ar condicionado. Mesmo assim, estamos falando de um mercado de 70 mil clientes que poderiam ter mais liberdade”, afirma Rio.

A solução já é usada por grandes empresas como Unimed, dr.consulta, Habib´s e, mais recentemente, a Mobly, e-commerce de móveis, que deve economizar mais de R$ 400 mil na sua conta de luz dos próximos cinco anos. “A migração para o Mercado Livre de Energia é mais um passo que a Mobly dá no sentido de honrar nossos compromissos inegociáveis com a produtividade e a sustentabilidade”, afirma Marcelo Marques, CFO e co-fundador da Mobly. Agora, a energia da Mobly é 100% proveniente de fonte eólica, solar, biomassa ou de PHC, as Pequenas Centrais Hidrelétricas. “O que fazemos é juntar a tecnologia com a sustentabilidade para conseguir economizar”, diz Rio.

Conta mais barata

A Diel Energia também desenvolveu uma solução para que as empresas melhorem sua gestão de energia. Fundada pelos irmãos Bruno e Victor Arcuri e Edson Rocha, a energytech desenvolveu uma plataforma de gestão de refrigeração para empresas e deve crescer 344% este ano, com um faturamento de R$ 20 milhões.

Impulsionada pela busca por redução de custos na conta de luz, a empresa cresceu mais de dez vezes no ano passado, com a oferta de reduzir entre 30% e 40% na conta de luz de varejistas e agências bancárias. Tudo isso, com um pequeno dispositivo que monitora o ar condicionado e controla o sistema de refrigeração de lojas. “O ar condicionado representa entre 60% e 80% do consumo de uma conta de energia de lojas. Nosso sensor monitora as máquinas e garante que elas não precisem esfriar mais que o necessário, por exemplo”, diz Bruno Arcuri, um dos fundadores.

A solução conquistou algumas agências do Santander, o grupo Dasa, Grupo Soma e farmácias como a RaiaDrogasil e chamou a atenção de investidores. Em crescimento acelerado, a empresa levantou R$ 10 milhões em uma rodada de investimento liderada pela joint venture formada entre a Raízen e o Grupo Gera, companhia nacional que atua com comercialização e geração de energia renovável..

Para Frederico Saliba, vice-presidente de Energia e Renováveis da Raízen, o investimento na Diel está alinhado à estratégia da companhia. “Este investimento acelera o nosso crescimento no mercado de energia e fortalece o nosso portfólio com toda a capacidade, inovação e expertise que a Diel agrega. Juntos queremos ampliar a adoção de soluções renováveis em busca de uma matriz cada vez mais limpa e eficiente para atender às diferentes necessidades do mercado frente aos desafios para descarbonização”, afirma Saliba.

Crédito: Mariana Amaro / InfoMoney – @ disponível na internet 23/09/2022

 

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