- Alckmin defende reforma tributária e programa de competitividade voltado à indústria
- Em clima acalorado, assembleia da Fiesp aprova destituição de Josué Gomes da presidência
- Oposição destitui Josué da Fiesp; aliados dizem não haver validade jurídica
- Fiesp decide destituir Josué Gomes da presidência, mas votação será questionada
Na FIESP, Alckmin defende reforma tributária e programa de competitividade voltado à indústria
Ao participar da primeira reunião do ano da diretoria da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), o vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), Geraldo Alckmin, se comprometeu a olhar com atenção para duas questões caras à indústria de transformação paulista: carga tributária e competitividade.
Neste contexto, uma reforma tributária que simplifique o sistema atual, segundo ele, é central. Por isso, deve ganhar protagonismo e ser endereçada logo no primeiro ano do governo. “Ela está madura”, afirmou Alckmin, que defende a adoção de um Imposto sobre Valor Agregado (IVA), à semelhança do que existe em vários países, com a extinção do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI). “A reforma pode fazer o Produto Interno Bruto (PIB) crescer e trazer eficiência.”
Alckmin defendeu também um programa voltado à produtividade e competitividade, pautado na Educação Básica de qualidade e na aproximação da academia do setor produtivo, na desburocratização e na expansão de acordos internacionais. Uma viagem do presidente Lula à Argentina, um dos principais mercados importadores do Brasil, está prevista para ocorrer na próxima semana, e a Comissão Bipartite Brasil – Argentina de Produção e Comércio estaria em vias de ser reinstalada, segundo o ministro.
“Três produtos primários, soja, minério de ferro e petróleo, respondem por 75% da exportação brasileira”, lembrou Alckmin. “É muito importante que o Brasil seja um grande competidor de bens agrícolas, mas temos que exportar produtos de valor agregado”, alertou.
O ministro citou ainda a redução dos juros, o aprimoramento da infraestrutura nacional e a economia verde como outras forças motrizes capazes de imprimir à economia mais competitividade e beneficiar os setores produtivos do país.
“Precisamos fortalecer a agricultura, o setor de serviços e a indústria e apoiar especialmente as pequenas empresas, que precisam ter um olhar mais dirigido e possuem um enorme potencial pra crescer”, afirmou. “Queremos audiência e diálogo permanentes para poder aproveitar todas as oportunidades”, acrescentou.
Para o presidente da Fiesp, Josué Gomes da Silva, o novo governo “deu demonstrações claras de que deseja reindustrializar o Brasil”, um processo que vai garantir ao país um crescimento econômico a taxas elevadas e ferramentas para resolver problemas sociais.
“A indústria de transformação pode surpreender o Brasil se condições adequadas forem garantidas”, disse Josué.
Segundo ele, embora tenha um papel fundamental no desenvolvimento nacional, o setor tem apresentado uma performance aquém de seu potencial, nas últimas décadas. A participação da indústria no PIB brasileiro caiu de 20% na década de 1980 para os atuais 11%, embora ofereça os maiores salários, responda por quase 30% da arrecadação tributária e aporte 69% do total do investimento em pesquisa e desenvolvimento.
“O Brasil deixou de crescer a taxas elevadas quando a indústria de transformação perdeu protagonismo”, pontuou Josué. “Foram colocados sobre o segmento pesos indevidos, uma carga tributária elevada e um custo de capital altíssimo”, advertiu.
Em linha com o programa de competividade apresentado por Alckmin, Josué destacou a contribuição de Fiesp e Senai-SP nos campos de educação e legislação.
Em 2022, a entidade e seu braço voltado para a educação profissionalizante celebraram um convênio com gigantes da tecnologia para treinar, até o fim de 2025, 270 mil pessoas no que há de mais moderno no setor de tecnologia da informação, área com grande demanda por mão de obra qualificada.
Aprimoramento e simplificação da distribuição tributária é uma das pautas que vem sido discutidas junto com os sindicatos, enquanto a agenda de custo de capital vem sendo endereçada pela entidade em uma parceria com a Federação Brasileira dos Bancos (Febraban).
Após a reunião da qual participaram diretores da Fiesp, presidentes e delegados de sindicatos, conselheiros e diretoria eleita, Alckmin almoçou com lideranças da indústria na sede da entidade.
Crédito: Mayara Moraes, Agência Indusnet Fiesp – disponível na internet 17/01/2023
Em clima acalorado, assembleia da Fiesp aprova destituição de Josué Gomes da presidência
A assembleia da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo) decidiu destituir Josué Gomes do cargo de presidente da entidade. O afastamento foi confirmado no início da noite desta segunda-feira (16), por 47 votos a 1, segundo fontes ouvidas pelo g1.
Com o resultado, Gomes perde imediatamente o cargo. O processo, no entanto, passa agora pela formalização da ata da reunião em cartório – o que pode levar alguns dias.
A sinalização é de que a defesa de Josué Gomes deve levar o caso à Justiça. Um dos pontos colocados por apoiadores é que não haveria consenso na decisão. Além disso, a votação não teria tido quórum suficiente. Outro ponto é a ausência do presidente durante a votação.
O cargo deve ser assumido interinamente por Elias Miguel Haddad, decano entre os delegados que compõem o conselho de representantes da instituição. Ele é um dos vice-presidentes da entidade e representante titular das atividades industriais no Conselho Regional do SESI-SP desde 1980.
Clima acalorado
A assembleia teve clima acalorado. Segundo relatos de participantes, na primeira etapa da reunião, após as 14h30, Josué Gomes, que presidia a assembleia, impediu a tentativa de votação sobre sua permanência no cargo. Ele passou a defender, então, pontos de sua gestão.
Uma primeira votação foi feita para definir se o conselho iria aceitar ou não as alegações de defesa dele. Dos cerca de 90 votantes, 60 foram contrários aos apontamentos do presidente e 24, favoráveis.
Segundo relatos, após nova tentativa dos participantes de colocar sua destituição em votação, Josué decidiu encerrar a primeira sessão, após as 19h.
Na sequência, a assembleia, formada por representantes dos sindicatos associados e integrantes da diretoria da entidade, decidiu abrir uma segunda sessão – previamente marcada para o mesmo dia. Essa, no entanto, não contou com a presença do presidente, que se retirou.
Nesse momento, foi realizada a votação pela destituição, já com menos participantes. Foram 47 votos a favor do afastamento de Josué, um voto contra e duas abstenções.
“O processo valeu. Se a primeira assembleia teve validade, a segunda também teve”, disse uma fonte ao g1, explicando que os registros constam nas atas das reuniões.
Insatisfações
O afastamento ocorreu no mesmo dia em que Josué Gomes recebeu o vice-presidente da República, Geraldo Alckmin (PSB), que também é ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços.
Fontes apontam que o encontro com Alckmin pode ser indicado como uma tentativa de contornar a imagem negativa de sua gestão.
Uma das insatisfações por parte dos integrantes seria justamente a falta de articulação política e o pouco tempo de Josué dedicado às atividades como presidente da Fiesp.
Ainda segundo fontes, foram colocados em discussão casos de altos salários em diretorias regionais da Fiesp. Também foi citado um contrato com uma empresa de consultoria, alvo de questionamentos dos integrantes da assembleia.
Crédito: André Catto / Portal do G1 – @ disponível na internet 17/01/2023
Oposição destitui Josué da Fiesp; aliados dizem não haver validade jurídica
Foram 47 votos a favor de retirá-lo do cargo em um universo de 112 sindicatos
Sindicatos que fazem oposição a Josué Gomes na Fiesp aprovaram, na tarde desta segunda-feira, sua destituição da presidência do órgão.
Segundo seus interlocutores, Josué presidiu uma assembleia na qual não pautou sua destituição. Ele teria deixado o local com seus apoiadores depois que foram consideradas pela maioria insatisfatórias as respostas que ele deu para questionamentos sobre sua gestão.
Ele foi questionado por exemplo sobre o manifesto a favor da democracia divulgado durante a campanha eleitoral com apoio da Fiesp e por sua proximidade com Lula.
Após a sua saída, a oposição a ele abriu uma nova assembleia e aprovou sua destituição.
Foram 47 votos a favor de retirá-lo do cargo em um universo de 112 sindicatos.
Aliados de Josué disseram à CNN que a destituição não tem validade jurídica.
Ele assumiu o posto no lugar de Paulo Skaf, apontado como operador político do movimento para destituí-lo.
Josué é filho de José Alencar, que foi vice de Lula entre 2003 e 2010 e é próximo ao petista. Skaf por sua vez é próximo do ex-presidente Jair Bolsonaro.
Crédito: Caio Junqueira / CNN Brasil – @ disponível na internet 17/01/2023
Fiesp decide destituir Josué Gomes da presidência, mas votação será questionada
A oposição ao presidente da Fiesp, Josué Gomes da Silva, dobrou a aposta no conflito com o empresário e, na assembleia feita nesta segunda-feira na sede da entidade, conseguiu a maioria dos votos para destituí-lo do cargo. Foram 47 votos para retirá-lo do cargo, duas abstenções e um voto a favor para sua permanência. O grupo ligado a Gomes, porém, vê a votação como ilegal. Agora, deve se iniciar uma disputa jurídica.
A votação ocorreu no mesmo dia em que Gomes buscou demonstrar força ao trazer à sede da Fiesp para um almoço com os sindicatos o vice-presidente da República e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin (PSB).
A assembleia durou cerca de quatro horas e meia. Primeiramente, os sindicatos reprovaram, por 62 a 24, os argumentos dados por Gomes aos questionamentos sobre sua atuação no cargo, a maioria de cunho político. Assim que essa votação terminou, Gomes deixou o local, segundo pessoas presentes no encontro. Na sequência, sem a presença do dirigente, os sindicatos patronais remanescentes abriram uma segunda assembleia, com quórum menor, e aprovaram a destituição do presidente por 47 votos a favor, 1 voto contra e 2 abstenções. A razão teria sido “grave violação do estatuto” e “conduta incompátível com a ética”.
O encontro foi marcado por gritos de ordem e um clima quente, de acordo com pessoas familiarizadas com o assunto. Na interpretação do ex-ministro da Justiça Miguel Reale Júnior, que defende Josué Gomes no caso, a votação que decidiu pela queda do presidente foi ilegal.
Para membros do grupo oposicionista ouvidos pelo GLOBO com a condição de anonimato, no entanto, a destituição é legítima e, pelo estatuto da Fiesp, agora deverá assumir o comando da federação interinamente o mais velho entre os 24 vice-presidentes da entidade: Elias Miguel Haddad, de 95 anos, opositor de Gomes e dirigente do setor têxtil. A tendência é de que, caso seja confirmada a destituição de Gomes, assuma o restante do mandato de quatro anos seu primeiro vice-presidente, Rafael Cervone, presidente do Ciesp e próximo a Skaf.
Há quase dois meses, o presidente da maior entidade empresarial do país enfrenta acirrada oposição de um grupo de dirigentes fomentada pelo seu antecessor no cargo e até então padrinho, o bolsonarista Paulo Skaf.
Aproveitando-se da histórica máxima de que empresários brasileiros não costumam comprar briga com o governo federal por receio de prejudicarem os negócios, Josué anunciou ainda a presença do ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT) na próxima reunião da diretoria da Fiesp, no dia 30 de janeiro, e do ministro do Trabalho, Luiz Marinho (PT), para o seguinte encontro da cúpula da entidade, em 6 de fevereiro.
Gomes chegou a ser convidado por Lula para assumir o Mdic, mas recusou. Quando anunciou o nome de Alckmin para o cargo, em dezembro, Lula chamou a disputa na Fiesp de “tentativa de golpe”.
Segundo interlocutores do movimento de oposição a Gomes, a demontração de força foi vista também como um ato de desespero e não foi suficiente para levar o grupo à desistir da ofensiva.
O pano de fundo da disputa, no entanto, tem menos a ver com corrupção e mais com disputa política. De estilo reservado, Gomes colecionou inimizades ao longo de um ano na Fiesp por deixar de atender a pleitos de entidades patronais de menor porte, que tinham excelente relação com Skaf.
Após 17 anos à frente da Fiesp, Skaf escolheu Gomes como sucessor em 2021 e trabalhou para que ele e seu vice, Rafael Cervone, fossem candidatos em uma chapa única na Fiesp. De fato, ambos só enfrentaram oposição no voto na disputa pelo Ciesp, em que Cervone se elegeu presidente e Gomes, vice.
A relação de Gomes com Skaf, no entanto, azedou poucos meses depois. Segundo dirigentes de entidades patronais, foi decisivo para o afastamento de ambos a postura de Gomes como articulador do manifesto empresarial pró-democracia que foi visto pelo então presidente Jair Bolsonaro (PL) como uma afronta pessoal.
Questionada sobre o assunto a assessoria da Fiesp afirmou que não acompanhou o tema.
Crédito: Ivan Martínez-Vargas / O Globo – @ disponiível na internet 17/01/2023