Futebol: Guerra ao Racismo e o Escândalo das Apostas

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Guerra ao Racismo –  Casos de racismo, como o de Vinícius Júnior, também acontecem no mundo corporativo

O recente caso de racismo sofrido pelo jogador Vinícius Júnior no Campeonato Espanhol nos obriga a questionar: o que esse incidente tem a ver com a nossa rotina de negócios e no mundo corporativo? A resposta é simples, mas profundamente significativa — as empresas são, na maioria das vezes, um reflexo da sociedade em que operam.

No Brasil, um País caracterizado pela diversidade mas ainda profundamente marcado pela história e legado do racismo, é importante e urgente que as empresas assumam a liderança na adoção de políticas antirracistas robustas. Mas vamos além do aspecto moral e ético. São inúmeros os casos e histórias de profissionais talentosos que, desgastados por episódios de racismo, optam por abandonar suas carreiras.

Instituições de renome mundial, como a Anistia Internacional e a Organização das Nações Unidas (ONU), enfatizam a importância das políticas antirracistas dentro das organizações. Segundo relatório do Fórum Econômico Mundial de 2020, as empresas com equipes mais diversas são 87% mais propensas a ter desempenho financeiro acima da média.

A diversidade não é apenas um elemento essencial para um ambiente de trabalho mas é uma alavanca poderosa para a inovação. É importante lembrarmos que um conjunto maior de perspectivas e experiências enriquece o processo de tomada de decisão, promove a criatividade e melhora o entendimento das necessidades dos clientes.

Como lideranças nas organizações, somos responsáveis por conduzir essa mudança. As políticas de diversidade e inclusão não devem ser encaradas como um esforço isolado, mas devem estar ligadas à estratégia de negócios. Ao fomentar um ambiente inclusivo, abrimos caminho para uma cultura corporativa mais engajada e produtiva, na qual todos os funcionários se sintam valorizados e respeitados. Investir em políticas antirracistas é um passo crucial para o sucesso a longo prazo.

É importante lembrar que implementar políticas antirracistas eficazes não é uma tarefa fácil. Exige um compromisso contínuo, uma disposição para aprender e a coragem de confrontar e redesenhar as estruturas de poder existentes. O primeiro passo é analisar as práticas atuais, identificar falhas e trabalhar para melhorá-las.

No Brasil, este trabalho é ainda mais urgente. É importante apoiarmos Vinícius Júnior e também estarmos atentos aos desafios que estão ao lado. Podemos mudar a narrativa, passando do discurso para a prática, e recriar um mercado de trabalho mais justo, inclusivo e inovador, contribuindo para uma sociedade mais igualitária.

Crédito: Amanda Graciano /O Estado de São Paulo – @ disponível na internet 24/05/2023


Escândalo das apostas mancha futebol brasileiro

Falta de regulamentação do mercado de apostas esportivas e baixos salários nas divisões inferiores estão na origem do problema, dizem especialistas. Quebra de confiança afeta relação entre torcedores e jogadores.

Uma carreira chegou ao fim na sala fria e insípida de um tribunal nesta segunda-feira (22/05): o Tribunal de Justiça Desportiva do Rio Grande do Sul (TJD-RS) condenou o lateral Nikolas Farias, do Novo Hamburgo, a 720 dias de suspensão.

Isso é praticamente o fim da carreira de um jogador de futebol, porque depois de dois anos sem jogar é quase impossível retornar à ativa. Além disso, Nikolas ainda terá de pagar uma multa de R$ 80 mil.

O tribunal considerou provado que Nikolas cometeu um pênalti de propósito. Nem o jogador nem o advogado dele compareceram, ainda que fosse interessante conhecer o ponto de vista deles.

Também o Novo Hamburgo não enviou representante. O clube encerrou o contrato com o jogador no fim da temporada e aparentemente não quer ter mais nada a ver com a questão.

O caso é exemplar de como o futebol brasileiro lida com o escândalo do esquema de apostas, que produz manchetes em ritmo quase diário. Os clubes quase não se manifestam, as federações também preferem deixar tudo quieto.

Os atingidos são sobretudo jogadores com baixos salários de campeonatos menores, que, pelo jeito, conseguem dessa maneira melhorar seus rendimentos.

Pelo que se sabe até aqui, eles provocaram expulsões ou pênaltis, nos quais apostadores haviam apostado, em troca de parte do dinheiro ganho com as apostas. Ou apostavam eles mesmos usando nomes de terceiros. Mas também jogadores da segunda e da primeira divisão estão na mira dos investigadores.

Desconfiança generalizada

O historiador Derê Gomes, da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ), prevê tempos difíceis na relação entre torcedores e jogadores. “Esse escândalo já está gerando uma desconfiança generalizada entre os torcedores e os jogadores dos seus times de coração, especialmente entre jogadores de times de menor expressão, que pagam salários mais baixos”, diz.

Qualquer falha, por menor que seja, passa a ser vista não como um erro, mas com a suspeita de que o jogador possa estar recebendo algum dinheiro. “Somente após o total esclarecimento dessa polêmica e punição dos envolvidos, essa desconfiança generalizada poderá dar lugar a uma relação saudável entre jogadores e torcida novamente”, avalia Gomes.

CPI no Congresso

O esclarecimento do caso está agora com o Congresso. O deputado Felipe Carreras (PSB-PE), que é o relator da CPI das Apostas Esportivas, afirmou, em declaração à DW, que quer “jogar luz nesse escândalo”, que ele chamou de o maior do futebol brasileiro.

Segundo ele, o objetivo é não somente revelar as engrenagens desse esquema, como também punir exemplarmente os envolvidos e promover uma legislação que coíba esse tipo de crime. “Vamos atuar para acabar com essa chaga em todas as divisões e, se necessário, em outras modalidades”, declarou.

Falta de regulamentação

Mas também fora dos círculos políticos e da Justiça procura-se os motivos do escândalo. Gomes vê uma razão na “falta de regulamentação econômica das casas de apostas, o que permitiu um crescimento exponencial e desregulado de dezenas de empresas do ramo, que hoje até mesmo são a maioria dos patrocinadores dos clubes”.

Além disso, com exceção das estrelas de grandes clubes, a grande maioria dos jogadores brasileiros de futebol é mal paga. Nas divisões inferiores, muitos mal recebem o mínimo para sobreviver. “A condição financeira de jogadores e árbitros é um facilitador para o aliciamento dessas pessoas para que cometam as fraudes nas partidas”, diz.

Segundo os dados mais recentes da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), de 2016, 80% dos jogadores profissionais assalariados recebem até R$ 1 mil. Diante dessa situação, quem tem uma família para sustentar pode balançar diante de propostas imorais.

“Aqui cabe uma responsabilização da própria CBF”, cobra Gomes. Para ele, a entidade faz pouco ou mesmo nada pelo desenvolvimento de um equilíbrio econômico – e isso apesar de o futebol ser “a grande paixão nacional e movimentar bilhões de reais”.

Crédito: Tobias Käufer / Deutsche Welle – @ disponível na internet 24/05/2023

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