Ter paixão pelo trabalho é mesmo necessário? As pessoas estão repensando relação com a carreira

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A pandemia pode ser um dos fatores que está levando as pessoas a reavaliarem a essencialidade da paixão pelo que fazem.  Foto: Moor Studio / ADOBE STOCK

“Eu era sem dúvidas boa no que fazia”, disse ela. “Mas precisei escolher entre cuidar de mim ou não.” (Maggie foi recentemente promovida na Costco a instrutora corporativa.)

Escolher um curso ou uma carreira com base no que você gosta de fazer também pode reforçar estereótipos de gênero, disse Sapna Cheryan, professora de psicologia da Universidade de Washington, em Seattle. Inúmeros estudos conduzidos por ela e seus colegas constataram que, quando se pedia ao alunos pré-universitários para escolher um curso ou profissão com base no conselho “siga a sua paixão”, as escolhas recaiam em papéis tradicionais: os homens costumavam escolher áreas como informática e engenharia e as mulheres optavam com mais frequência por arte e cuidado de pessoas, por exemplo.

No entanto, se em vez disso fossem solicitados a escolher uma carreira com base na estabilidade do emprego e salário ou escolher uma profissão focada em cuidar de outras pessoas, essa diferença de gênero diminuía consideravelmente, disse ela. Os resultados não variaram de acordo com raça ou renda, acrescentou Sapna.

Embora a associação entre paixão e carreira exista em outros países, ela é particularmente forte nos Estados Unidos, segundo os especialistas, devido a sua ênfase no individualismo, na importância do trabalho e na relativa falta de movimentos sindicais fortes.

Uma forma de verificar se você caiu naquilo que Taha Yasseri, professor de sociologia da Universidade College Dublin, chamou de “paixão obsessiva” – quando sua carreira ofusca todas os demais aspectos da sua vida –, basta perguntar a si mesmo se você consegue se desligar de seu trabalho e focar na família, em hobbies ou em outras partes de sua vida. Se a resposta for “não”, talvez você queira repensar suas prioridades.

Foi o que Alex, 27 anos, fez. (Ele pediu para não ter seu sobrenome publicado por medo de parecer menos apaixonado por seu trabalho.) Durante três anos, Alex trabalhou pelo menos 60 horas por semana em seu emprego como gestor de uma cadeia de suprimentos para uma empresa listada na Fortune 500. Ele sempre estava motivado e “percebi que estava viciado no ambiente de trabalho, viciado no meu trabalho e, olhando para trás, aquilo era muito insalubre”, disse ele, acrescentando que o relacionamento com a namorada também foi prejudicado.

Quando foi promovido e transferido para um novo estado, ele decidiu reduzir o número de horas trabalhadas para algo mais viável, 40 horas por semana. Alex salientou que continua recebendo as mesmas avaliações positivas de desempenho sem aquele número excessivo de horas trabalhadas ou preocupações constantes.

“Meu trabalho é bom. Não vou para a cama sonhando com ele”, disse Alex. “E me sinto ótimo em relação a isso.”

Crédito: Alina Tugend / O Estado de São Paulo – @ disponível na internet 14/08/2023

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