Bastidores do Poder: Trocas de Ministros no Governo Lula

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@reprodução internet/ muzambinho
  • Lula se reúne com ministros que devem ser afetados por reforma, mas exigências do PP travam mudanças
  • Impasses entre governo e Centrão passam por vice-presidências da Caixa
  • Dança das cadeiras para abrigar Centrão no governo Lula ofusca disputa de poder entre ministros

Lula se reúne com ministros que devem ser afetados por reforma, mas exigências do PP travam mudanças

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva conversou nesta terça-feira com os dois ministros com mais chances de serem afetados pela reforma para acomodar o Centrão na Esplanada. Em momentos diferentes, Márcio França (Portos e Aeroportos) e Ana Moser (Esporte) estiveram no Palácio do Planalto. Há expectativa de que Lula divulgue a nova configuração do governo antes de embarcar para Índia na quinta-feira, mas exigências do PP para turbinar a pasta de Esporte estão impedindo a conclusão do processo de mudanças.

França almoçou com Lula, no começo da tarde. O vice-presidente Geraldo Alckmin, seu colega do PSB, também participou da conversa. A ideia do Planalto é nomear Silvio Costa Filho (Republicanos-PE) para o Ministério de Portos e Aeroportos e oferecer a França a possibilidade de assumir a pasta de Pequena e Média Empresa, a ser criada. Ele, porém, resiste a essa hipótese. Antes do almoço com Lula, Alckmin e França se reuniram com o presidente nacional do PSB, Carlos Siqueira, e com o prefeito de Recife, João Campos.

O novo ministério da Pequena e Média Empresa, que foi anunciado por Lula em sua live na semana passada, seria desmembrado da pasta da Indústria e Comércio , sob o comando de Alckmin. Caso França rejeite mesmo esse novo ministério, uma das possibilidades é ele ficar com a pasta de Alckmin. O vice, porém, ainda não sinalizou que pode deixar o seu posto. Um caminho possível também discutido seria transferir França para a pasta da Ciência e Tecnologia. Se isso acontecer, a atual titular do ministério, Luciana Santos, iria para uma outro posto na Esplanada.

Depois da reunião com França e Alckmin, Lula recebeu Ana Moser. A ministra do Esporte ficou cerca de 50 minutos com o presidente. O GLOBO apurou que durante a conversa, Lula não demitiu a ministra, mas afirmou que estava muito difícil resolver a reforma e ponderou que ainda não tinha uma decisão.

Pelo plano do governo, o ministério de Ana Moser irá para o deputado André Fufuca (PP-MA). A Casa Civil chegou a elaborar um novo desenho da pasta com a criação de uma secretaria de games. Fufuca manifestou que o seu partido gostaria de turbinar o ministério com três outras secretarias voltadas a ações sociais e empreendedorismo. Além disso, a bancada deseja que seja criado um fundo abastecido com recursos arrecadados com a cobrança de imposto de apostas eletrônicas. O fundo permite repasses de forma mais fácil, sem necessidade formalização de convênios. O governo resiste à criação de secretarias.

A eventual saída de Ana Moser encontra forte resistência no ambiente esportivo. Nesta terça, Atletas pelo Brasil e a Comissão de Atletas do COB divulgou nota contrária a saída da ministra: “Nos sentimos envergonhados e desprestigiados, vendo que o esporte no Brasil continua sendo encarado como algo menor.”

Durante a live semanal desta terça-feira, Lula disse que é “muito difícil” chamar um ministro para comunicar sua saída no governo, mas disso que isso é “a política”:

— É sempre muito difícil você chamar alguém e falar ‘olha, preciso do ministério porque fiz um acordo com o partido político e preciso atender’. Mas essa é a política. O governo tem propostas importantes para passar no Congresso Nacional, os deputados não são obrigados a votar no governo porque o governo mandou, mas as pessoas não são obrigadas a votar no que a gente faz, vota no que acreditam — disse o presidente.

Com a entrada de PP e Republicanos no governo, Lula espera consolidar mais 60 votos na Câmara dos Deputados.

Crédito: Jeniffer Gularte e Sérgio Roxo / O Globo – @ disponível na internet 06/09/2023


Impasses entre governo e Centrão passam por vice-presidências da Caixa

No pacote da negociação pela reforma ministerial que vai contemplar partidos do Centrão na esplanada dos ministérios, a Caixa Econômica deve ser entregue ao PP, do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL).

Porém, nos bastidores, ainda não há consenso em relação às 12 vice-presidências do banco. E isso pode impactar em um desfecho do impasse em torno do novo desenho ministerial.

Enquanto há um aparente consenso no governo em ceder a presidência da Caixa a um nome indicado por Lira — hoje, a ex-deputada federal Margarete Coelho (PP-PI) é o nome mais forte para substituir Rita Serrano –, o mesmo não acontece em relação aos cargos logo abaixo. O PT resiste em entregar ao Centrão às vice-presidências.

Distribuição

A ideia é dividir as 12 vagas entre indicados de PP, União Brasil, Republicanos, MDB — e até PSDB poderia entrar na negociação.

O desenho da nova cúpula da Caixa, porém, não está definido e tem atrasado uma definição em torno do tema.

Nos bastidores, o partido de Lula insiste em ficar, pelo menos, com a vice de Habitação — responsável com conduzir os negócios habitacionais — e a de Finanças e Controladoria — responsável pela gestão orçamentária e relacionamento com o mercado.

Só em outubro?

Entre lideranças dos partidos ouvidas pela CNN, está descartada a possibilidade de resolver a entrega das pastas ao PP e Republicanos, e deixar Caixa para um segundo momento. Já o governo — e Lira — trabalham com essa possibilidade.

Com viagem de Lula nos próximos dias e diante do cenário de indefinição atual, também tem sido ventilada a possibilidade de deixar a solução de toda essa negociação apenas para outubro.

Crédito: Tainá Farfan / CNN  Brasil – @ disponível na internet 06/09/2023


Dança das cadeiras para abrigar Centrão no governo Lula ofusca disputa de poder entre ministros

AGU planeja acionar presidente do Ibama na Comissão de Ética Pública; Casa Civil trava queda de braço com Haddad e segurança de Janja ainda é alvo de divergências

Enquanto todos os holofotes estão voltados para a dança das cadeiras no primeiro escalão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, ministros de várias pastas até agora “imexíveis” dão cotoveladas entre si, nos bastidores. Sob o slogan “União e Reconstrução”, o governo Lula tem, na prática, várias frentes de batalha.

A Advocacia-Geral da União (AGU), por exemplo, estuda acionar a Comissão de Ética Pública contra o presidente do Ibama, Rodrigo Agostinho. Motivo: há duas semanas, Agostinho fez uma comparação considerada desrespeitosa pela AGU ao usar de ironia para dizer que não existia “acordo” em licenciamento ambiental por se tratar de decisão técnica. “Não é Casas Bahia”, provocou ele

A briga sobre o pedido da Petrobras para explorar petróleo na foz do rio Amazonas opõe a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, e o Ibama, de um lado, ao titular de Minas e Energia, Alexandre Silveira, de outro. Jorge Messias, que comanda a AGU, propôs uma Câmara de Conciliação para resolver o imbróglio, mas Marina e Agostinho rejeitaram a oferta. Messias chamou a posição da dupla de “negacionismo jurídico”.

Na outra ponta, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, tenta reduzir o movimento contra o déficit zero a um “fogo amigo”. Haddad sabe, porém, que o chefe da Casa Civil, Rui Costa, liderou uma rebelião que pregava déficit de 0,5% a 0,75% do PIB em 2024. A ideia teve o apoio explícito de Esther Dweck (Gestão) e velado de Simone Tebet (Planejamento). Não foi só: a portas fechadas, outros auxiliares de Lula garantiram ser “impossível” o déficit zero, principalmente em um ano eleitoral.

A avaliação no Palácio do Planalto é a de que essa meta, enviada ao Congresso no projeto de Orçamento, jamais poderá sair do papel porque provocará um imenso bloqueio de recursos, com potencial para levar o governo à ruína política.

Diante dessa fratura exposta, o comando do PT age para jogar cascas de banana no caminho de Haddad ao mesmo tempo em que o Centrão aproveita a confusão para cobrar mais caro e exigir mais espaço na equipe, com pastas de orçamento turbinado.O embate também é grande entre os ministérios da Justiça, da Defesa, o Gabinete de Segurança Institucional (GSI), as Forças Armadas e a Polícia Federal. Além disso, a primeira-dama Rosângela da Silva, a Janja, não quer saber de militares à sua volta para protegê-la.

O ministro da Defesa, José Múcio, e o titular da Justiça, Flávio Dino, divergem, por sua vez, sobre assuntos que vão da tentativa de golpe em 8 de janeiro à conveniência de ter militares em postos de destaque na Esplanada. Dino é contra e Múcio, a favor. Depois de muitas idas e vindas, a proposta a ser enviada ao Congresso barra agora somente a participação de militares da ativa nas eleições.

“Fui voto vencido, fazer o quê? Uma hora se perde mesmo. Nem em um casamento você concorda sempre”, amenizou Dino. “Nós somos amigos. Mas Exército e PF é outra coisa”, admitiu Múcio, às vésperas do 7 de Setembro.

Dia desses, irritado, Lula perguntou a um ministro: “Quem inventou esse slogan ‘União e Reconstrução’?” Pior de tudo é que o marqueteiro Sidonio Palmeira, responsável pela campanha do PT, jura que foi o próprio presidente.

Crédito: Vera Rosa / O Estado de São Paulo – @ disponível na internet 06/09/2023


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