AVANTE CGCRE – Parte 10
“PEGADA DE CARBONO”
Considerando a importância mundial quanto aos impactos que envolvem as questões ambientais, que desde o final do século XX crescem a cada dia, cuja preocupação estendeu-se para todos os setores produtivos, a existência de uma crise ambiental se tornou indiscutível, caracterizada principalmente por problemas globais que se agravam gradualmente, como a diminuição de biodiversidade, a contaminação do ar, do solo e das águas e as mudanças climáticas em decorrência do aquecimento global.
A principal causa do aquecimento global no último século tem sido a emissão de gases do efeito estufa (GEE) por meio de atividades antropogênicas, principalmente a queima de combustíveis fósseis.
Entender o impacto ambiental de um produto, de um serviço, pessoa, atividade, evento, empresa, tecnologia ou uma nação inteira não é fácil, e a intuição pode levar a uma série de falsas conclusões ou a equívocos.
Do inglês “carbon footprint”, a pegada de carbono é uma metodologia criada para estimar o impacto do ciclo de vida de um produto, processo ou serviço no aquecimento global através da quantificação das suas emissões de gases estufa convertidas em dióxido de carbono equivalente.
Toda atitude humana traz algum impacto para o planeta por menor que seja, e o modo de vida contemporâneo têm exigido muito da biocapacidade de adaptação do planeta.
As métricas de carbono têm escalas diferentes de acordo com a magnitude das emissões. Em nível nacional, há levantamentos de GEE que fornecem uma visão geral de quais atividades emitem mais gases. No Brasil, o principal é realizado pelo Observatório do Clima.
No nível organizacional, a pegada de carbono mede todas as emissões de gases de efeito estufa da organização, e isso vale tanto para as emissões diretas (de responsabilidade da própria empresa), quanto para as indiretas (relacionadas à sua cadeia de valor) – ou seja, clientes e fornecedores.
Para este fim, o GHG Protocol e a série de normas ISO 14060 ajudam às organizações calcularem suas emissões GEE e estabelecem ferramentas para o desenvolvimento de programas de redução de emissões de gases de efeito estufa.
Baseada na avaliação de ciclo de vida, a norma ISO 14067 estabelece requisitos específicos para a quantificação de CFP (Carbon Footprint of Product) de produto ou serviço, permitindo um melhor entendimento da cadeia de produção e dos principais processos emissores. O estudo de pegada de carbono tem por objetivo calcular o potencial de contribuição de um produto ao aquecimento global.
Por definição, a Avaliação do Ciclo de Vida é a compilação e avaliação das entradas, saídas e dos impactos ambientais potenciais de um sistema de produto ao longo do seu ciclo de vida.
É uma ferramenta técnica, de caráter gerencial, que avalia os aspectos ambientais e os impactos potenciais associados a um determinado produto, envolvendo etapas que vão desde a aquisição de matéria-prima, design, produção, transporte até o cliente, uso e tratamento de fim de vida.
As mudanças climáticas atribuíveis à pegada de carbono são apenas um dos impactos ambientais que podem surgir do ciclo de vida de um produto, e a importância relativa de diferentes impactos pode variar com diferentes produtos.
Impactos individuais também podem ser medidos. A Organização das Nações Unidas (ONU) tem uma calculadora de pegada de carbono para uso público que leva em conta o tamanho do lar e o número de habitantes.
Além disso, faz perguntas baseadas sobre consumo de energia, transporte e estilo de vida, esta última ligado principalmente à alimentação e gestão de resíduos.
Com o objetivo de ajudar o governo brasileiro a reforçar a sua capacidade técnica de apoiar a implementação de ações de mitigação de emissões de GEE nos principais setores da economia (indústria, energia, transporte, residencial e serviços, Land Use, Land-Use Change, and Forestry (LULUCF), gestão de resíduos e alternativas intersetoriais) no Brasil (incluindo custos), de acordo com o Plano Nacional sobre Mudança do Clima e a estratégia brasileira definida no Acordo de Paris sobre mudança do clima (Contribuições Nacionalmente Determinadas – NDC), o Ministério de Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC) e o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA) firmaram, em 2012, Acordo de Cooperação Técnica visando à implementação do Projeto de Cooperação Técnica denominado “Opções de Mitigação de Emissões de Gases de Efeito Estufa (GEE) em Setores-Chave do Brasil”.
“Não se gerencia o que não se mede, não se mede o que não se define, não se define o que não se entende, e não há sucesso no que não se gerencia”, esta frase de William Edwards Deming (1950), era uma revolução e atualmente, para combater as mudanças climáticas, é preciso medir e reduzir a pegada de carbono, a partir da adoção do consumo responsável e do investimento em boas práticas de sustentabilidade.
Nesse sentido, a Coordenação-Geral de Acreditação (Cgcre) do Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia (Inmetro) desenvolveu o programa de Acreditação para Organismos de Verificação de Inventários de Gases de Efeito Estufa (OVV) que desejam verificar inventários de GEE no escopo de Verificação de Inventários em Nível Organizacional pelo Programa Brasileiro de GHG Protocol. Atualmente, já acreditou 17 (dezessete) organismos no mesmo, de acordo com os critérios estabelecidos na norma ABNT NBR ISO 14065.
É o Inmetro atento aos impactos ambientais, e mais uma vez busca contribuir com ações para o bem estar da sociedade brasileira e do mundo globalizado.
Elaboração: Equipe Cgcre (maio/2024) – 22/5/2024