De eletrodomésticos a eletrônicos: leilões de mercadorias devolvidas garantem descontos de até 60%

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Móveis, eletrodomésticos e eletrônicos são produtos que precisam de um investimento mais alto na hora da compra. Mas é possível adquiri-los por um valor bem menor nos chamados leilões de logística reversa, que reúnem itens devolvidos pelos compradores.

Nesses casos, as varejistas decidem leiloar mercadorias que dificilmente seriam vendidas nas lojas — por conta de uma avaria na embalagem ou um arranhão. Segundo Gustavo Kloh, professor de Direito da Fundação Getulio Vargas (FGV), o Código de Defesa do Consumidor (CDC) estabelece que, em compras feitas pela internet, o cliente tem um prazo de sete dias para solicitar a troca, independentemente do motivo.

 

Na MGL Leilões, esses leilões têm ocorrido a cada 15 dias. Ao arrematar um lote, o cliente pode pagar à vista e, em alguns casos, há oportunidade de parcelamento. Felipe Martins, especialista em Transporte da MGL, explica que os leilões são uma forma de o lojista evitar perdas.

— O item no leilão é vendido no estado em que se encontra. Para quem vende, isso o exime de qualquer responsabilidade sobre o produto — diz.

Na plataforma de transação de bens de capital Superbid Exchange, os leilões on-line têm ocorrido todas as semanas e contam com produtos de grandes hipermercados e varejistas. Gerente comercial da Superbid, Ana Matheus diz que os descontos chegam a 90%, no caso das sucatas e, às vezes, 60% para itens com avarias nas embalagens. O volume de produtos disponíveis para lances é proporcional ao consumo do período, afirma:

Outra opção para dar lances on-line é a Bolsa de Leilões. Lá, os produtos em bom estado, de acordo com o diretor da Bolsa, Rodrigo Garzon, podem ser arrematados de 30% a 40% de desconto. Os encontros acontecem ao menos três vezes por semana, com opção de visitação virtual guiada.

Além disso, a empresa vai aos centros de distribuição de grandes varejistas. No dia 17 deste mês, o leilão acontecerá no centro de distribuição da Casas Bahia em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense.

Produtos passam por triagem

Para ser leiloado, os produtos passam por uma espécie de triagem feita pela empresa responsável pelo pregão, onde são classificados de acordo com o estado em que se encontram.

Testado o funcionamento, o produto é colocado à venda, mas sem garantia. A forma como será vendido é definida pela empresa vendedora e pelo organizador do pregão.

— Os descontos são muito altos e proporcionais ao estado do bem — explica Ana Matheus, da Superbid.

Existe ainda a classificação D, utilizada para as chamadas sucatas, ou seja. itens que não podem ser reutilizados, sendo vendidos apenas para reaproveitamento de peças e geralmente em lotes com mais de um item, de acordo com Ana Matheus. Nesses casos, o estado dos produtos será sempre informado ao comprador.

— Uma estratégia que costuma ser adotada é que produtos com alto valor ou alta demanda podem ser vendidos individualmente, como os notebooks. Já aqueles de menor valor agregado ou em grandes quantidades, como tênis e roupas, são agrupados em lotes — explica.

Modelo vem se popularizando

Com a popularização de leilões que oferecem a chance de adquirir produtos por preços mais baixos, o segmento já vem conquistando os brasileiros.

— O leilão, principalmente desde a pandemia, democratizou-se muito mais. O consumidor compra a um valor mais barato do que na loja — diz Rodrigo Garzon, da Bolsa de Leilões.

O leiloeiro da MGL, Jonas Moreira, relata que percebe desde casais que recorrem a leilões para mobiliar a casa até pessoas que dão lances com o objetivo de revender.

— Quem não tem condição de comprar no mercado um item como uma geladeira, por exemplo. Um produto que custa R$ 1 mil pode sair por R$ 500 ou R$ 700 — explica.

O empresário Paulo Henrique Rocha, de 40 anos, já participa de leilões há alguns anos e conta ter decorado um de seus empreendimentos com itens arrematados em leilões. De acordo com Rocha, as peças são “bonitas e têm um valor bem abaixo do esperado”.

— Eu já comprava material de escritório, como mesa e cadeira, e vi que há itens para decoração. São peças novas que, em geral, cumprem seu papel de decorar o ambiente — afirma.

A experiência com leilões deu tão certo que o empresário decidiu montar um novo negócio para revender diversos produtos que consegue arrematar em leilões.

Crédito:  Caroline Nunes  / EXTRA – @ disponível na internet 15/7/2024

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