Será que estamos vivendo o fim do home office?

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@reprodução internet/LinkedIn

Chefe da Amazon dá recado pouco animador para funcionários infelizes com o fim do home office.

A pressão da Amazon para que os funcionários voltem ao escritório cinco dias por semana está se resumindo a um argumento bastante direto: se os funcionários não gostarem, podem trabalhar em outro lugar.

Em uma reunião geral da unidade Amazon Web Services, o CEO Matt Garman disse de forma direta aos funcionários que, se eles não gostarem da política controversa, deveriam sair da empresa. A gigante da tecnologia vem sofrendo pressão após anunciar que trabalhadores devem voltar ao escritório cinco dias por semana.

Em fevereiro do ano passado, cerca de 16 mil funcionários se juntaram a um canal no Slack e lançaram uma petição para se opor ao pedido do CEO Andy Jassy de retornar ao escritório “na maior parte da semana”. Em fevereiro de 2023, isso significava apenas três dias por semana, mas, após setembro de 2024, isso foi aumentado para a presença obrigatória no escritório todos os dias úteis. O novo esquema começa a funcionar a partir de janeiro de 2025.

Em uma ligação interna esta semana — relatada pela primeira vez pela Reuters — Garman reforçou a decisão, dizendo que a Amazon não queria funcionários que não pudessem lidar com estar no escritório com essa frequência. “Se há pessoas que simplesmente não funcionam bem nesse ambiente e não querem, tudo bem, há outras empresas por aí”, disse Garman, de acordo com a Reuters. “A propósito, não digo isso de forma negativa”, continuou. Ele disse que queria que a equipe estivesse “em um ambiente onde estamos trabalhando juntos”.

Garman afirmou que não está vendo evidências suficientes para apoiar a ideia de que a empresa fundada por Jeff Bezos está inovando rapidamente sob um modelo de trabalho híbrido, acrescentando: “Quando queremos realmente inovar em produtos interessantes, eu não vi a capacidade de fazermos isso quando não estamos presencialmente”.

Dado o fato de que as equipes estavam no escritório por três dias — e nem sempre nos mesmos três dias — “nós realmente não realizamos nada, como, não conseguimos trabalhar juntos e aprender uns com os outros”, acrescentou Garman, segundo relatos. A Amazon não respondeu imediatamente ao pedido de comentário da Fortune.

Amazon pressiona para que funcionários trabalhem 5 dias por semana presencialmente em seus escritórios
Amazon pressiona para que funcionários trabalhem 5 dias por semana presencialmente em seus escritórios  Foto: Seth Herald/AFP

Problemas de popularidade

De acordo com uma transcrição da reunião geral vista pela CNBC, Garman insistiu que, dos colegas com quem conversou, “nove em cada 10″ estão ansiosos pela implementação do novo esquema.

Talvez Garman tenha tido sorte com as pessoas com quem falou, já que funcionários postando em redes sociais e canais internos expressaram sua indignação com as mudanças constantes, impactando o deslocamento e a dinâmica familiar.

“A Amazon anunciou o retorno de cinco dias ao escritório, o que é lamentável porque estou interessado em trabalhar para viver, não em interpretar papéis ao vivo e fazer sinalizações de virtude”, postou um engenheiro da Amazon Web Services no LinkedIn com um banner #OpenToWork sinalizando sua intenção de deixar a empresa. “Se você tem oportunidades remotas disponíveis, por favor, me envie uma mensagem,” continuou o funcionário. “Eu preferiria voltar para a escola do que trabalhar em um escritório novamente.”

Funcionários de tecnologia que procuram sair da Amazon em busca de concorrentes enfrentam perspectivas incertas, com demissões varrendo empresas que oferecem uma estrutura de trabalho mais flexível, de escritório para híbrido.

A Meta, por exemplo, permite que seus funcionários trabalhem de casa dois dias por semana, e o Google tem uma política semelhante. A Microsoft, por outro lado, permite que os funcionários trabalhem com a flexibilidade que desejarem, com um vice-presidente da empresa recentemente dizendo que a política permanecerá em vigor enquanto a produtividade se mantiver alta.

Princípios

A cultura da Amazon está muito ligada aos seus princípios de liderança, muitos dos quais remetem aos tempos em que o empreendedor bilionário Bezos estava no comando. O atual CEO Andy Jassy ainda é um defensor desses princípios, com Garman acrescentando que as equipes não estarem juntas, pessoalmente e em tempo integral, está atrapalhando essas ideias.

Falando sobre os princípios de liderança, Garman teria dito: “Você não pode internalizá-los lendo no site, você realmente precisa experimentá-los no dia a dia”.

Junto com ideias bem conhecidas, como a “obsessão pelo cliente” da Amazon, há a noção de discordar e se comprometer, onde os indivíduos expressam suas opiniões, mas aderem ao consenso geral, concordando ou não.

“Não sei se vocês já tentaram discordar em uma chamada do Chime”, continuou Garman, referindo-se a uma plataforma interna de mensagens. “É muito difícil.”

Este conteúdo foi traduzido com o auxílio de ferramentas de Inteligência Artificial e revisado por nossa equipe editorial. c.2024 Fortune Media IP Limited

Crédito:  Eleanor Pringle (Fortune – Distribuído por The New York Times Licensing Group) / O Estado de São Paulo – @ disponível na internet 21/10/2024


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18 COMENTÁRIOS

  1. Sou Servidor Público Federal e leitor assíduo da página do sindicato dos servidores do Inmetro. A diversidade de temas ali abordados é de grande relevância para nós, servidores federais. Em especial, o debate sobre o teletrabalho é crucial para o serviço público.
    O que me chama a atenção são os comentários que comparam essa discussão com os tempos de chumbo da ditadura, sugerindo uma tentativa de censura. Tal comparação é exagerada e desvia o foco do tema em si, que é altamente relevante. As matérias publicadas, ao meu juízo, não têm o objetivo de agradar ou desagradar, mas sim de informar e refletir sobre questões que impactam diretamente nossa realidade
    É lamentável que alguns queiram induzir a ideia de que o sindicato evita certos temas por conveniência. Na verdade, é essencial que o debate continue, e é isso que este sindicato tem feito, ao trazer discussões relevantes e atuais, sem omitir questões importantes para todos nós.
    Clemente
    722.xxx.xxx-91

  2. Caro Mário Henrique,

    Agradecemos sua contribuição ao debate, que traz pontos relevantes sobre a realidade que os servidores do Inmetro enfrentam, especialmente quanto às recentes alterações na modalidade de teletrabalho. O ASMETRO-SI entende a importância desse tema para a manutenção da produtividade e o impacto da perda de servidores no quadro atual.

    Reiteramos que o sindicato não é contrário ao teletrabalho e tem publicado frequentemente matérias que abordam suas implicações. Nosso foco é oferecer um espaço para o debate equilibrado, ouvindo as preocupações dos sindicalizados e alertando para questões que possam afetar o dia a dia de trabalho. Acreditamos que a transparência e o diálogo são essenciais para qualquer mudança de regime de trabalho.

    O cenário de redução drástica de pessoal no Inmetro é realmente alarmante, e compartilhamos da sua preocupação quanto à necessidade de flexibilizar as modalidades de trabalho para atrair e reter talentos. Nosso papel é continuar defendendo soluções que favoreçam tanto os servidores quanto a eficiência da instituição.

    ASMETRO-SI

  3. Apesar das respostas do Asmetro aos comentários e da validade do debate, realmente foi inoportuno, para dizer o mínimo a escolha desta matéria, tendo em vista o que os Servidores do Inmetro presenciaram nos últimos dias. Houve alterações repentinas da Administração Inmetro em Atos já publicados, restringindo vagas para modalidades de trabalho 100% remoto nas atividades onde seria aplicável. Alterações não esclarecidas e feitas diante de um prazo exíguo para adesão dos Servidores. Independente de posições personalíssimas de Administrações de ocasião, a realidade drástica de perda de pessoal vem sendo enfrentada, na falta de outros recursos, justamente com o teletrabalho. O Inmetro tem hoje quase 700 servidores ativos apenas (Portal da Transparência), frente a pouco mais de 1000 entre 2013/2014 (Relatórios IBGE) e com previsão em sistema de quase 1500 (fonte interna). A pandemia evidenciou a capacidade do Inmetro e seus servidores em manter às demandas sempre crescentes e aumentar a produtividade com o auxílio do teletrabalho nas atividades aplicáveis. De outra forma, o Inmetro já teria colapsado, sendo este risco ainda iminente em algumas áreas. O Inmetro perdeu servidores por movimentação/cessão para outros órgãos que souberam aproveitar melhor esta oportunidade do trabalho remoto, assim como o Inmetro tem dificuldade em atrair servidores por esta mesma falta de flexibilidade. O bom gestor deveria estar atendo a realidade e contexto organizacional que esta inserido e saber entender o que de fato deveria ser considerado uma oportunidade. O trabalho remoto mais amplo e flexível nas atividades em que se aplica, não é apenas uma mera vontade de uma parte significativa de servidores comprometidos e que sustentam as atividades do Inmetro, mas uma das poucas saídas a curto / médio prazo para manter o Inmetro cumprindo seu papel e atendendo suas demandas para a sociedade.

    • Muito bem lembrado. Parabéns pela reflexão. O Inmetro perdeu dezenas de servidores extremamente competentes nos últimos anos para trabalharem de forma remota em outros órgãos. Muitos possivelmente voltariam se o Inmetro passasse a adorar esse tipo de regime de uma forma mais ampla, transparente e justa. Acho que a discussão no momento não deveria ser sobre os benefícios e malefícios do teletrabalho, mas sim sobre a situação drástica de perda de servidores do Inmetro, e o que pode ser feito para reverter esse quadro. Com todo o executivo federal adotando esse tipo de regime, não me parece que exista outra opção caso se queira que o Inmetro não perca mais servidores.

  4. O ASMETRO-SI não é contra o home office e nunca se manifestou dessa forma.
    Como uma prática habitual, buscamos compartilhar e discutir matérias sobre gestão que possam impactar o trabalho dos nossos sindicalizados.
    Publicamos mais de 150 reportagens abordando o tema do home office em nossa página, incluindo discussões sobre o futuro do trabalho remoto, os desafios enfrentados por servidores e as abordagens das principais empresas de tecnologia.
    Nosso objetivo é proporcionar um debate equilibrado e informar nossos associados sobre os diferentes aspectos dessa questão, sem viés ou preferência por um único modelo de trabalho.

  5. Temos inúmeros exemplos de aumento da produtividade com o teletrabalho/home office, inclusive no próprio Inmetro, mas a Asmetro prefere publicar uma matéria sobre multinacionais americanas. Por que não mostrar o quanto o home office é uma ferramenta fundamental para atrair pessoal e segurar conhecimento no Inmetro? Como sempre me parece que a Asmetro sempre escolhe o caminho que prejudica os servidores.

    • Andrea, entendemos suas preocupações e reforçamos que o ASMETRO-SI não está se posicionando contra o home office. Já publicamos muitas matérias que destacam os benefícios do teletrabalho, inclusive no contexto do Inmetro, e reconhecemos seu valor como ferramenta estratégica para a retenção de talentos. Agradecemos sua observação sobre a data da matéria e vamos garantir que nossas publicações continuem atuais e relevantes para nossos associados.

  6. Respondendo ao questionamento da matéria, acredito que não. Muitas empresas estão dando continuidade ao modelo, vendo seus resultados apenas melhorarem. Segue uma matéria que poderia ser divulgada: https://tecnoblog.net/noticias/microsoft-mantem-home-office-desde-que-producao-nao-caia/. Isso sem que temos que tomar muito cuidado com qualquer tipo de comparação com realidades de países diferentes. Na Califórnia não tem linha vermelha, tiroteio na hora de volta pro trabalho, trânsito infernal na Washington Luiz, pedras e árvores caindo na subida da serra de Petrópolis, etc.

    • Mauricio, apreciamos sua contribuição e a matéria que você sugeriu. Sabemos que as realidades das empresas e dos servidores podem variar, e por isso consideramos importante continuar a divulgar diferentes visões, como a sua, para manter um debate saudável. O ASMETRO-SI tem o compromisso de abordar tanto os benefícios quanto os desafios do home office, especialmente considerando as peculiaridades da realidade brasileira.

  7. No exato momento em que o Inmetro revisa seu PGDI, o sindicato publica uma notícia enviesada e desfavorável ao teletrabalho, uma demanda amplamente apoiada pela maioria dos servidores. Esse tema, inclusive, nunca foi objeto de discussão ou deliberação por parte do sindicato. É, no mínimo, lamentável. Por que, então, não promover um debate aberto com os associados, de forma transparente e conclusiva, explicando os prós e contras, debatendo e ouvindo todas as partes envolvidas, para, se necessário, adotar um posicionamento oficial sobre o assunto? Situações como essa fazem com que muitos servidores relutem em se associar, pois não se sentem representados em seus interesses.

    • Raimisson, agradecemos o seu comentário e entendemos a relevância desse tema para muitos servidores. De fato, o ASMETRO-SI nunca tomou uma posição oficial contra o home office. Publicamos diversas matérias sobre o tema para estimular o debate, e estamos abertos a discutir o assunto de forma transparente com nossos associados, ouvindo todas as partes envolvidas. Reforçamos que nosso papel é fornecer informações e apoiar discussões que tragam clareza aos desafios e oportunidades do teletrabalho.

  8. Reportagem altamente enviesada que coloca apenas uma perspectiva de análise. E os estudos e análises que mostram aumento de produtividade no trabalho remoto e híbrido?

    • Tatiana, entendemos sua preocupação. Em nossas publicações, já abordamos análises que mostram o aumento de produtividade no trabalho remoto e híbrido. Reconhecemos que esses modelos têm vantagens, e continuaremos a publicar artigos que reflitam essas visões, garantindo que o debate seja equilibrado. Agradecemos por contribuir com essa importante perspectiva.

  9. Muito bom. Agora, pro debate permanecer honesto, postem reportagens também a favor do home office. Assim as pessoas poderão formar suas próprias opiniões.

    • Agradecemos pelo seu comentário, Marcos. O ASMETRO-SI sempre procurou manter a imparcialidade nas suas publicações, oferecendo um espaço para que os sindicalizados tenham acesso a diferentes perspectivas. Inclusive, já publicamos diversas matérias que abordam os benefícios do home office, como o aumento da produtividade e a economia de recursos. Continuaremos a trazer múltiplos pontos de vista para que os leitores possam formar suas próprias opiniões.

      • Sim, podem até ter publicado. Mas coincidentemente, depois de toda a discussão dos últimos dias no Inmetro e o fato da alta administração ter recuado e resolvido limitar novamente o trabalho remoto integral, a matéria que a Asmetro divulga é justamente contra, e não os múltiplos pontos de vista.

        • Prezado Marcos,

          Agradecemos seu comentário e gostaríamos de esclarecer alguns pontos importantes.

          A coincidência que você menciona é, de fato, uma interpretação sua. Contudo, insistir em afirmar que a matéria publicada é um referendo às decisões da administração do Inmetro é, no mínimo, um equívoco. Reforçamos mais uma vez que o ASMETRO-SI não é contra o home office, como já foi destacado em diversas respostas, inclusive para você.

          Nosso compromisso é com a transparência e com a defesa dos interesses dos sindicalizados. Já publicamos mais de 150 reportagens sobre o tema do trabalho remoto, abordando diversos ângulos e sempre mantendo a imparcialidade. Não buscamos o protagonismo atribuído à entidade, mas sim informar e representar da forma mais ampla possível.

          Esperamos que esse esclarecimento seja útil e que o diálogo continue de forma construtiva.

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