Reforma Administrativa: Setores de varejo e serviços lançarão coalizão por reforma administrativa com 14 propostas
Reforma administrativa: Coalizão pressionará Congresso e governo a tocare a reforma administrativa
Reforma Administrativa: Setores de varejo e serviços lançarão coalizão por reforma administrativa com 14 propostas
A estratégia dos organizadores do movimento é para colocar algumas propostas dentro de projetos de lei que já estão em tramitação no Congress
Um grupo de 21 entidades dos setores de varejo e serviços lançará, após o segundo turno das eleições municipais, uma coalizão de mobilização permanente para criar um ambiente favorável, no Congresso e na sociedade civil organizada, à aprovação da reforma administrativa. A agenda conta com 14 propostas de medidas, antecipadas à reportagem, para a reestruturação do RH do setor público.
A mobilização pega carona na pauta da equipe econômica do governo, que incluiu a aprovação do projeto que restringe os supersalários no funcionalismo público na lista de medidas de corte de gastos que foram apresentadas ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). A previsão é que essas medidas sejam lançadas também depois do segundo turno.
As sugestões vão desde mudanças na regulamentação do estágio probatório, introdução de sistemas de avaliação com indicadores predefinidos, regulamentação de demissão por baixo desempenho à garantia de estabilidade apenas em carreiras públicas efetivamente ameaçadas de perseguição política. As mudanças nas regras das carreiras públicas valeriam apenas para novos entrantes no serviço público.
O braço da mobilização política no Congresso começa com a Frente Parlamentar do Livre Mercado, que conta com cerca de 100 parlamentares. Mas a expectativa é que outras frentes no Congresso de perfil semelhante façam adesão à coalizão. A ideia é trazer entidades de outros setores para o movimento.
A coalizão tem pronta uma carta aberta em defesa da reforma, que será lançada nos próximos dias. O grupo vai entregar o documento inicialmente ao vice-presidente Geraldo Alckmin em reunião marcada para o próximo dia 30. Um debate está sendo programado para o final de novembro, no Congresso.
Na carta, a coalizão destaca que é urgente a aprovação da reforma administrativa para o Executivo, Legislativo e Judiciário. O movimento afirma que é consenso que o Brasil apresenta um desnível considerável entre a qualidade dos serviços públicos oferecidos pelo Estado e a fatia do PIB (Produto Interno Bruto) que arrecada por meios de impostos e taxas.
As entidades que subscrevem o documento argumentam que há uma nítida insatisfação da sociedade com o desperdício de recursos e com a precariedade dos serviços públicos em todos os níveis, que seriam reflexo de um Estado inchado e ineficiente devido ao crescimento desordenado da estrutura do funcionalismo público nacional, que desconsiderou aspectos objetivos de eficiência e produtividade.
O presidente do Conselho Superior de Economia, Sociologia e Política da FecomercioSP, Antônio Evaristo Lanzana, diz que a viabilização da reforma administrativa envolve acima de tudo uma maior mobilização da sociedade.
“Durante a eleição é muito mais difícil fazer isso. Agora temos essa tentativa de aglutinar várias frentes, de acionar o Congresso, de conversar com deputados”, afirma. Segundo ele, a reforma pode ganhar bastante corpo no ano que vem com os novos presidentes da Câmara e do Senado que serão eleitos.
Para Lanzana, a proposta da equipe do ministro Fernando Haddad (Fazenda) de aprovar o projeto dos supersalários é insuficiente.
Ele avalia que o avanço da reforma administrativa pode ser uma contrapartida para aprovação do pacote de corte de gastos de Haddad no Congresso e das negociações de medidas de aumento de impostos que já foram enviadas pelo governo Lula.
“Defendo a entrada da reforma administrativa nesse corte [de despesas]. Acho que isso teria até um peso importante de negociação. Esse é um pouco da discussão para o final do ano, começo do ano que vem”, diz Lanzana.
Segundo ele, as discrepâncias entre as carreiras do setor público e da iniciativa privada no Brasil são evidentes. Com base em dados de 2022 da Relação Anual de Informações Sociais, a FecomercioSP calcula que esse abismo pode ser de quase 255%.
Essa é a diferença, por exemplo, entre a remuneração média de servidores do setor público federal -de R$ 11.086,38, segundo o relatório- e os salários de profissionais formais em empresas privadas, cuja média brasileira era de R$ 3.128,51 naquele ano.
O dirigente destaca estudo da OCDE que mostrou que o Brasil gasta cerca de 13,5% do PIB com servidores públicos, superando países reconhecidos pela alta qualidade dos seus serviços públicos, como a Finlândia (12,3%) e a Suécia (11,8%), ficando acima da média da OCDE (9,3%).
Para Rodrigo Marinho, do Instituto Livre Mercado, a defesa da reforma administrativa será o principal tema econômico que o grupo vai apoiar a partir de agora. “Vamos abraçar cada vez mais e mais”, diz Marinho. O instituto secretaria a frente parlamentar de mesmo nome. Na sua avaliação, não há mais espaço no Congresso para o governo aprovar medidas de alta de impostos.
Ele cita que o próprio MGI (Ministério de Gestão e da Inovação em Serviços Públicos) tem sinalizado que estuda proposta de reforma administrativa com base em grupo de trabalho formado com a AGU (Advocacia-Geral da União).
Procurado o MGI, respondeu apenas que o governo segue comprometido com a transformação do Estado e novas medidas, quando encaminhadas, serão anunciadas.
Em evento nesta segunda-feira (21), o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, afirmou que a notícia de que o governo pretende fazer ampla reforma administrativa é encarada como positiva. Ele falou sobre a reforma quando destacava que as políticas fiscais são importantes para que a autoridade monetária possa baixar a taxa básica de juros no país. A fala ocorreu em evento da 20-20 Investment Association, em São Paulo. O MGI, no entanto, não usa o termo reforma administrativa e prefere nomear ação de medidas de transformação do Estado.
AS 14 PROPOSTAS APRESENTADAS PELA COALIZÃO
1. Avanços na regulamentação do estágio probatório, com definição clara de uma avaliação criteriosa e pré-definida.
2. Garantia de estabilidade apenas em carreiras públicas efetivamente ameaçadas de perseguição política.
3. Definição de mudanças nas regras das carreiras públicas apenas para novos entrantes.
4. Readaptação dos planos de carreiras públicas, com redução dos salários iniciais e planos mais lentos de progressão.
5. Introdução de sistemas de avaliação com indicadores pré-definidos, públicos e diagonais às instâncias de governo.
6. Criação de um sistema homogêneo de carreiras e cargos entre ministérios, agências e demais órgãos do governo, permitindo intercâmbios de funcionários.
7. Aumento de salário do Presidente da República e dos ministros do STF não deve resultar em reajustes das remunerações de cargos de confiança ao redor deles. Esses reajustes devem ser tratados de maneira independente.
8. Permissão de reduções temporárias de salários em situações extremas, como epidemias ou fortes restrições fiscais.
9. Proibição de supersalários, estimando o teto das remunerações a partir do quanto ganha o presidente da República.
10. Definição de ações para avançar em reformas administrativas estaduais e municipais, sem intervenção do governo federal.
11. Proibição de privilégios remuneratórios e benefícios excedentes em cargos públicos.
12. Promoções para novos entrantes devem se dar através de ciclos avaliativos (anuais ou bianuais) transparentes, cuja evolução deve se limitar a 5% do total de pessoas de cada carreira e limitadas ao incremento de folha de pagamentos não superior a 1% do total dos contratados sob o novo regime.
13. Revisão de cargos públicos obsoletos, pendente de estudo e, posteriormente, de eliminação de carreiras desnecessárias às demandas atuais.
14. Regulamentação de demissão por baixo desempenho.
Crédito: Adriana Fernandes da FolhaPress no Jornal de Brasília – @ disponível na internet 29/10/2024
Reforma administrativa; Coalizão pressionará Congresso e governo a tocarem a reforma administrativa
Passado o segundo turno das eleições municipais deste ano, um grupo de 27 frentes parlamentares vai apresentar nos próximos dias um manifesto para pressionar o Congresso e o governo a tocarem adiante a reforma administrativa do serviço público.
Há anos prometida por sucessivos governos, a reforma administrativa já tem uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC) em tramitação desde 2000 e uma comissão do Ministério da Gestão e Inovação em Serviços Públicos (MGI) com a Advocacia-Geral da União (AGU) elaborando um novo projeto.
Além de prometida há anos, o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), chegou a garantir que a proposta teria prioridade neste ano – o que acabou não ocorrendo. Isso fez com que as frentes parlamentares passassem a se organizar para pressionar um início de debate mais incisivo ainda nestes últimos dois meses do ano.
A coalizão conta, principalmente, com cerca de 100 parlamentares da Frente Parlamentar do Livre Mercado (FPLM) para tocar a reforma adiante, mas outras também estão na lista como a da Agropecuária (FPA), tida como uma das mais fortes do Legislativo, e a do Empreendedorismo.
Rodrigo Marinho, diretor-executivo do Instituto Livre Mercado, que auxilia a FPLM, explica que o grupo defende uma reestruturação profunda no serviço público, mas que passaria a valer apenas para quem ingressar após a aprovação da reforma. Isso, diz, ajudará a vencer barreiras ligadas ao corporativismo do funcionalismo.
“Não vai valer para os servidores atuais, só para os próximos, que a gente consiga de fato sinalizar o futuro pro Brasil. Acho que esse é o ponto central. A gente muitas vezes está preocupado com curtíssimo prazo, mas isso pode baixar o juro do futuro”, disse em entrevista à Gazeta do Povo.
Propostas para o serviço público
A agenda da coalizão inclui 14 propostas, entre elas a regulamentação do estágio probatório, avaliação de desempenho, permissão para demissões por baixo desempenho e estabilidade garantida apenas a carreiras vulneráveis a perseguições políticas. Essas medidas visam alcançar uma reforma estruturada que modernize o setor público, aplicando as novas regras somente a futuros servidores.
Outras propostas sugerem a criação de um sistema uniforme de carreiras entre ministérios e órgãos governamentais, proibição de supersalários e ajustes salariais desvinculados dos aumentos do presidente da República e dos ministros do Supremo Tribunal Federal.
“Se o governo vai empurrar a pauta, cabe a nós empurrar mais ainda para que a gente consiga diminuir o ‘custo Brasil’, que vai ajudar a diminuir o tanto de tributos que se paga no Brasil”, afirmou Rodrigo ressaltando que o grupo também está à espera da proposta que o governo deve encaminhar ao Congresso, e se poderá englobar os projetos que já estão em tramitação.
Para ele, que também trabalhou com a FPLM para encaminhar a reforma tributária e a consolidação da trabalhista e do Judiciário, a administrativa poderá ser a prioridade da próxima legislatura do Congresso se for apresentada ainda neste ano. “Não será a da renda [que está prometida pelo ministro Fernando Haddad, da Fazenda, para 2025], será a administrativa”, pontuou.
A coalizão divulgará uma carta aberta defendendo a urgência da reforma administrativa para os poderes Executivo, Legislativo e Judiciário, e será entregue inicialmente ao vice-presidente Geraldo Alckmin, em uma reunião prevista para ainda esta semana – possivelmente na quarta (30).
“Todo brasileiro sabe que precisa fazer. Todo mundo que está aqui em Brasília sabe o quão importante é fazer isso”, ressaltou.
Rodrigo Marinho também reconheceu a possibilidade do governo conseguir alcançar uma economia de R$ 150 bilhões ao ano como projetado pelo ex-presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, com uma reforma administrativa bem feita. Mas, disse, não é algo que acontecerá no ano que vem, e sim pelos próximos 10 anos.
“É a primeira vez que o governo está tão vocal na reforma, parece que vai vir algo mais concreto mesmo. Estamos aguardando para tocar isso”, completou.
Crédito: Guilherme Grandi / Gazeta do Povo – Leia mais em: ttps://www.gazeta do povo.com.br/economia/coalizao-pressionara-congresso-governo-tocarem-reforma-administrativa/ Copyright © 2024, Gazeta do Povo. Todos os direitos reservados. 29/10/2024
O que precisa fazer é uma auditoria da dívida pública para saber onde o maior gasto está sendo feito. Inúmeros benefícios para a Faria Lima, créditos absurdos para o agro e enormes isenções para a indústria e comércio. Liberais que vivem “pendurados” no BNDES. Desse jeito o Brasil sempre estará deficitário. Jogar a culpa nos outros é fácil. Difícil é admitir e aceitar que também vivem de benefícios do Estado. Enfim, a hipocrisia é gigantesca.
O governo tem que auditar a dívida pública 850 bilhões de reais todo ano saindo sem produzir um parafuso. Sonegação de outros 650 bilhões de reais e a reforma administrativa é que vai resolver o déficit? #Auditoria da dívida pública já