O ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira tem ganhado influência no governo e tenta emplacar pelo menos dois indicados em agências estratégicas do setor — a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) e a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP).
Para a Aneel, o nome escolhido por Silveira é o do atual secretário de Energia Elétrica do ministério, Gentil Nogueira. A reportagem apurou que a negociação se encontra travada por negociação com congressistas.
Para a ANP, o escolhido pelo ministro é o atual secretário de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis do MME, Pietro Mendes. Neste caso, de acordo com pessoas próximas às negociações ouvidas pela reportagem, o entrave se encontrava no Palácio do Planalto, que não deu aval de imediato para a indicação. Procurado, o ministério não respondeu até a publicação desta reportagem.
Há um outro nome na disputa: o de Allan Kardec, atual presidente da Gasmar, que conta com apoio do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Flávio Dino, do ex-presidente José Sarney e do governador do Maranhão, Carlos Brandão, segundo apurou o Estadão/Broadcast. Mas, nesse caso, houve uma disputa com o senador Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), que, segundo pessoas ouvidas pela reportagem, apresentou sugestões ao Palácio do Planalto. Procurados, o ministro Flávio Dino disse que não iria comentar, e o senador Davi Alcolumbre e o governador Carlos Brandão não responderam até a publicação desta reportagem.
O Ministério de Minas e Energia também tenta emplacar Artur Watt Neto para uma outra cadeira na ANP. Procurador-federal da Advocacia-Geral da União (AGU) e consultor jurídico da PPSA, Watt Neto teve seu nome levado à pasta pelo senador Otto Alencar (PSD-BA), líder interino do governo no Senado. procurado, o senador Otto Alencar disse que não iria comentar.
Há também embates na Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) entre os ministros dos Portos e Aeroportos, Silvio Costa Filho, e da Defesa, José Múcio. Há duas vagas a serem preenchidas. Para a presidência da diretoria, Costa Filho apoia a oficialização do nome de Tiago Souza Pereira, que ocupa o cargo interinamente desde 2023. Múcio, por sua vez, apoia a indicação do major-brigadeiro do ar Rui Chagas Mesquita como diretor e, na sequência, como presidente. Para a outra vaga de diretor, a reportagem apurou que o ministro de Portos e Aeroportos tem intenção de indicar Caio Cavalcanti Ramos, servidor de carreira do BNDES. Procurados, os ministros Silvio Costa Filho, de Porto e Aeroportos, e José Múcio, da Defesa, não responderam até a publicação desta reportagem.
Na Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), o ministro das Comunicações, Juscelino Filho, apresentou um nome ao governo, que ainda não bateu o martelo sobre a indicação. O escolhido por Juscelino é o gerente jurídico da Telebras, Edson Holanda. Em nota, o Ministério das Comunicações apenas esclareceu que, “conforme a Lei n° 9.986, todos os membros do conselho diretor das agências reguladoras são indicados e nomeados pela Presidência da República, após aprovação pelo Senado Federal”.
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) terá três vagas até o fim do ano. A reportagem ouviu cerca de dez nomes especulados, mas dois seriam mais fortes: Daniela Marreco, que hoje trabalha no gabinete do diretor-presidente e teria apoio de senadores como Ciro Nogueira e Davi Alcolumbre, além de farmacêuticas internacionais e algumas nacionais; e Leandro Safatle, secretário adjunto de Ciência, Tecnologia e Inovação do Complexo Econômico-Industrial da Saúde, que seria o nome do Ministério da Saúde e teria apoio de farmacêuticas, principalmente nacionais. Procurados, o Ministério da Saúde e o senador Ciro Nogueira não responderam até a publicação desta reportagem.
No caso da Anvisa, uma das vagas será de diretor-presidente. Antonio Barra Torres, militar indicado para o cargo por Jair Bolsonaro, deixa o posto em dezembro. Isso faz com que seja possível a nomeação de algum diretor atual para o principal posto da agência, uma espécie de promoção. Nessa hipótese, são mencionados os nomes da atual diretora Meiruze Sousa Freitas e o do diretor Daniel Meirelles — esse último também teria a simpatia de Alcolumbre.
Crédito: Gabriel Hirabahasi (Broadcast), Renan Monteiro (Broadcast), Luiz Araújo (Broadcast) e Caio Spechoto (Broadcast) / O Estado de São Paulo – @ disponível na internet 30/10/2024