Os milhões (ou bilhões) da IA

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PRI-2403-OPINI - (crédito: Maurenilson Freire)
Não há dúvida sobre o futuro da inteligência artificial. A regulação do mercado, da competição e da inovação é o caminho indicado

A inteligência artificial virou um negócio de bilhões ou trilhões. A cada dia, surge no noticiário uma versão da compra desta ou daquela ferramenta, mostrando o vulto a que chegaram as empresas da IA.

A Open AI rejeitou uma oferta de US$ 97,4 bilhões de um consórcio liderado por Elon Musk, dizendo que a startup não está à venda. Isso impede que a empresa se torne “com fins lucrativos”. Dizem seus atuais proprietários que qualquer reorganização da Open AI fortalecerá sua organização sem fins lucrativos. O desacordo entre Sam Altman e Elon Musk já tem alguns anos e parece que vai perdurar por um bom tempo (ou, talvez, para sempre).

O que se pode afirmar, com certeza, é que o ensino superior vai se expandir extraordinariamente, e a presença da IA, no processo, é uma garantia. Esse fato, é claro, logo chegará ao Brasil, e seremos beneficiados com essas melhorias.

Mas o setor tem lá os seus problemas. O avanço da IA deve levar a uma forte subida das emissões, apesar do compromisso de zerá-las até 2030. Isso porque as matrizes renováveis (solar e eólica) não são as ideais para os servidores. Sabe-se que energia solar /eólica é intermitente, devendo ser armazenada em baterias caras e descartáveis. Tudo isso deve ser também considerado. 

A ciência nos reserva surpresas diárias. Ora é a conclusão de que a pressão arterial de 12×8 passou a ser considerada alta na Europa, e temos que ver o que isso significa, ora é a nova forma de preparo para exames do tipo Enem, com o emprego elevadíssimo de conceitos como a inteligência artificial. Quem poderia pensar nisso há 10 ou 12 anos?

Tornou-se comum a presença de estudos com o envolvimento de ferramentas, como ChatGPT, OpenAI e Gemini, para tirar dúvidas no seio da garotada que se prepara para exames como o Enem. Promove grande auxílio na confecção de recursos esclarecedores junto aos 5 milhões de jovens que se preparam para as provas. É frequente travar conhecimento de ferramentas, como o TutorIA e a Iara Chat, que hoje são comuns em colégios e cursinhos. A redação, por exemplo, é corrigida em minutos, quando antes demorava horas e não tinha a mesma precisão.

Dois lançamentos devem ser considerados nesse processo de crescimento: o Manus faz o que nenhuma IA de hoje consegue. Analisa cada um dos textos, escreve um código para fazer uma comparação e roda o programa. Manus consegue controlar o computador. Faz isso pensando. Tem também o Sesame, com duas vozes, uma masculina e outra feminina. Ele bate papo. Tudo em inglês, com extraordinária fluência. 

Temos ainda o Mistral Saba, modelo de grande porte construído na França, mas treinado em árabe, fluente na língua falada por 300 milhões de pessoas, em 26 países. Tudo isso faz com que o processo fique cada vez mais barato e mais rápido. Estamos treinando grandes modelos de linguagem (LLM). As coisas estão sendo simplificadas.

Não há dúvida sobre o futuro da inteligência artificial. A regulação do mercado, da competição e da inovação é o caminho indicado. Procura-se hoje redirecionar a tecnologia para que daí advenham ganhos coletivos.

Arnaldo Niskier, Membro da Academia Brasileira de Letras, doutor honoris causa da Universidade Santa Úrsula

Quando analisamos o tema, não podemos deixar de mencionar a existência de habilidades e a geração de laços emocionais que nos distanciam da máquina, com a qual não podemos competir. A regulação não pode ser confundida com posições monopolistas — e isso deve ser levado em conta. Entre as coisas novas que estamos pensando em criar, situa-se a IA pró-trabalhador. Devemos buscar o equilíbrio sem procurar inibir a inovação.

Devemos caminhar sempre em busca de melhores empregos. Queremos o funcionamento adequado das democracias. Os robôs não são muito bons em substituir pessoas de baixa qualificação. Devemos ter cuidado com as pessoas que produzem mais renda para elas.  Em síntese, deixar de adotar uma atitude passiva em relação à tecnologia.

Crédito: Arnaldo Niskier / Correio Braziliense – @ disponível na internet 25/3/2025

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