Inflação brasileira acumulada em 12 meses se afasta da meta e pressiona Banco Central

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Preços de alimentos são exibidos em um mercado no Rio de Janeiro, Brasil, em 8 de abril de 2022. REUTERS/Ricardo Moraes/ 
  • IPCA sobe 0,56% em março, em linha com projeções de economistas
  • Banco Central elevou taxa Selic em 375 pontos-base desde setembro
  • Preços dos alimentos aceleram para 1,17% em março, impactando índice de inflação
A inflação mensal do Brasil desacelerou em março, como esperado, mas a leitura de 12 meses permaneceu sob pressão devido ao aumento dos preços dos alimentos, mostraram dados oficiais nesta sexta-feira, somando-se a uma perspectiva difícil para um banco central que vem aumentando as taxas de juros agressivamente desde setembro.
Os preços ao consumidor medidos pelo índice de referência IPCA subiram 0,56% em março, em linha com a mediana das previsões dos economistas consultados pela Reuters, após uma alta de 1,31% em fevereiro.
 
Nos 12 meses até março, a inflação subiu 5,48%, acima dos 5,06% em fevereiro e bem acima da meta de 3% do banco central, que tem uma faixa de tolerância de 1,5 ponto percentual em qualquer direção.
 
“Esse cenário inflacionário, combinado com a resiliência da atividade econômica, especialmente no mercado de trabalho, e o enfraquecimento da taxa de câmbio, impulsionado pela guerra tarifária global, cria um ambiente desafiador para a política monetária”, disse Arnaldo Lima, chefe de relações institucionais da Polo Capital.
 
Ele afirmou que os dados preparam o cenário para um ciclo mais longo de aperto monetário.
 
O banco central aumentou a taxa básica de juros Selic em 375 pontos-base desde setembro, levando-a para 14,25%, e programou outro aumento em sua reunião de política monetária no mês que vem.
 
Embora os formuladores de políticas tenham projetado números de inflação ligeiramente maiores para março em seu relatório trimestral de política monetária, muitos economistas apontaram para uma quebra negativa nos dados divulgados pela agência de estatísticas IBGE.
 
“As pressões inflacionárias continuam fortes, principalmente entre os serviços essenciais, e a inflação de bens/comercializáveis ​​está se normalizando para cima, partindo de níveis baixos”, disse Alberto Ramos, chefe de Pesquisa Econômica para a América Latina do Goldman Sachs.
 
O relatório de inflação foi divulgado junto com a divulgação na sexta-feira do índice de atividade econômica do banco central, que superou as expectativas em fevereiro.
 
Os dados de atividade mostram que ainda é muito cedo para avaliar o impacto do aperto monetário em andamento, disse Tatiana Pinheiro, economista-chefe da Galapagos Capital, e os efeitos provavelmente ficarão mais claros no segundo trimestre.
 
“Nenhum dos dados alivia a pressão sobre o banco central. Ambos sinalizam a necessidade de aperto monetário contínuo”, disse ela, projetando um aumento de 75 pontos-base para concluir o ciclo em maio.
 
Todas as categorias de bens e serviços registraram aumentos mensais em março, com alimentos e bebidas pesando mais no índice de inflação, já que os ganhos de preços aceleraram para 1,17%, de 0,70% no mês anterior.
 
O aumento dos preços dos alimentos tem sido um fator-chave por trás do declínio dos índices de aprovação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
 
O banco central alertou que os ganhos mensais dos preços ao consumidor provavelmente permaneceriam elevados, com a inflação de 12 meses oscilando em torno de 5,5% em meio à pressão contínua dos preços dos alimentos.
 
Crédito: Reuters – @ disponível na internet 12/4/2025

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