Como ladrões clonam controles para roubar carros e residências? Veja formas de se proteger

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@reprodução internet - imagem meramente ilustrativa
Tecnologia dos controles dos portões é a mesma de veículos; em São Paulo, engenheiro foi morto após criminosos invadirem sua casa na região do Ibirapuera com equipamento clonado

Um engenheiro foi morto na semana passada por criminosos durante um assalto no Jardim Paulista, área nobre da capital paulista próxima ao Parque do Ibirapuera.

Engenheiro Francisco Paulo Sebe Filippo tinha 57 anos; polícia foi chamada para atender à ocorrência, mas os suspeitos já tinham fugido. Foto: Reprodução/Instagram/@agea_sp

De acordo com a polícia, os bandidos conseguiram acessar o interior da residência da vítima clonando o controle remoto do portão automático do imóvel.

Esse tipo de prática criminosa já existe há alguns anos, inclusive para roubo de veículos. Entretanto, ganhou evidência nos últimos meses por conta da incidência.

A estratégia também foi usada por um grupo que assaltava casas na região do Brooklin, na zona sul.

Especialistas ouvidos pelo Estadão explicam que para evitar o problema, é preciso se atentar ao modelo de aparelho utilizado (leia mais abaixo)

A Secretaria de Segurança Pública de São Paulo (SSP) não tem um monitoramento de roubo cometido por clonagem de controles remotos. Mas, procurada pela reportagem, afirmou que “todos os casos (de roubo e latrocínio em residências) são devidamente investigados, com o objetivo de esclarecer os fatos, identificar e prender os responsáveis”.

“As forças de segurança seguem empenhadas no combate aos crimes patrimoniais, com foco nos roubos e furtos a residências.

Como resultado desse trabalho, o número de roubos no Estado caiu de 1.059 no primeiro quadrimestre de 2024 para 748, no mesmo período de 2025 (- 29%).

Na Capital, a queda foi de 27%, de 246 casos em 2024 para 180 em 2025″, disse a pasta.

Como funciona a clonagem de controles de portões automáticos?

Portões automáticos funcionam com sistema de radiofrequência. Foto: oneSHUTTER oneMEMORY/Adobe Stock

De acordo com o engenheiro eletricista Luís Arruda, o controle do portão e a placa que fica junto ao motor funcionam como um transmissor e um receptor padrão.

Ou seja, não estão diretamente conectados um ao outro e podem sofrer interferências externas.

A diferença está no sinal emitido. “A comunicação é por radiofrequência.

Então, basicamente, o controle emite um sinal – que é pré-programado num valor de uma certa onda de frequência – e a placa do motor está programada para, ao receber esse valor, abrir o portão”, explica Arruda.

O que acontece na clonagem, segundo o especialista, é quecriminosos monitoram o local da residência e utilizam um receptor de sinal geral para, no momento que a vítima abrir o portão, identificar o código emitido pelo controle.

“Recebendo esse sinal, você sabe que é o mesmo sinal que tem que chegar para o portão”, diz Arruda. “A radiofrequência é como se fosse escrita, então, se analogamente a gente tivesse uma senha que é 1234, o que é clonado é este código. Ele clona o 1234, que é transmitido por radiofrequência”, afirma.

É por isso que, em raros casos, pode acontecer de um controle abrir o portão do vizinho.Especialmente se os equipamentos comprados forem mais simples, com códigos padrão fixos.

Como se proteger?

Segundo Arruda, para tentar evitar o problema de clonagem, é preciso comprar aparelhos que utilizam códigos rotativos, um sistema similar aos tokens de banco. Eles são um pouco mais caros, mas garantem segurança significativamente maior.

Com eles, o valor emitido pelo controle e aceito pelo motor do portão muda a cada vez que o controle é acionado. Assim, quando o ladrão tentar reutilizar o código captado, ele não abrirá mais o portão.

Após a repercussão do caso do engenheiro morto no Jardim Paulista, a venda deste tipo de aparelho aumentou, segundo Aparecido Castro, sócio da Capital Portões, especializada em venda e assistência técnica de portões automáticos na Grande São Paulo.

“Temos recebido muito contato de gente perguntando se existe um sistema que impede isso (a clonagem)”, diz o empresário. “Muitas vezes, na hora de comprar o motor do portão e o controle, os vendedores não explicam direito como funciona cada tipo e a pessoa compra o mais barato, sem saber que por uma diferença de R$ 150, a segurança do rotativo é muito maior.”

Crédito: Giovanna Castro/O Estado de São Paulo – @ disponível na internet 11/6/2025

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